Nos comerciais televisivos, Papai Noel, agasalhadíssimo, entra em recesso e cede o espaço para alguma mulher toda rebolativa que se veste com peças mínimas. Portanto, não há dúvidas: vem aí uma festa popular.
Ouço pandeiros, reco-recos, pratos, surdos, agogôs, cuícas e tamborins. São os sons do ensaio da bateria de uma escola de samba.
Alguns foliões fantasiam-se de: pirata, palhaço, marinheiro, bailarina… Assim, o personagem ganha vida. No caso de excessos (o que quase sempre acontece) há em quem colocar a culpa. Como se a fantasia o isentasse de ser quem é de verdade.
São pessoas que trabalham com afinco o ano inteiro, nas mais diversas profissões, e entregam-se aos dias de folia assumindo uma postura mais livre.
Tudo bem, desde que tenham consciência e responsabilidade sobre suas atitudes. Bebidas com exageros não combinam, falta de conduta e desrespeito podem gerar consequências que repercutirão além da festa. E nunca é demais lembrar que existe vida depois do reinado de momo.
Se você gosta do ziriguidum, vá lá, brinque, festeje, pule, sambe.
No entanto, vale mencionar que mesmo com todo o conhecimento de que se dispõe, ainda assim, percebemos que muitos encaram o carnaval como passaporte para o lugar em que tudo é permitido, e não há restrições. Dizem até que nesse período “ninguém é de ninguém”. Mera ilusão. Aquilo que nos ilude tende a vendar os nossos olhos e, uma vez vendados, ficamos impossibilitados de enxergar o perigo, as falhas e a falta de limite.
A tão propagada alforria não o libera de seus atos. Não esqueça: ainda é você por trás da fantasia.