Crônicas

Mil e uma fantasias

Nos comerciais televisivos, Papai Noel, agasalhadíssimo, entra em recesso e cede o espaço para alguma mulher toda rebolativa que se veste com peças mínimas. Portanto, não há dúvidas: vem aí ...

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Nos comerciais televisivos, Papai Noel, agasalhadíssimo, entra em recesso e cede o espaço para alguma mulher toda rebolativa que se veste com peças mínimas. Portanto, não há dúvidas: vem aí uma festa popular.

Ouço pandeiros, reco-recos, pratos, surdos, agogôs, cuícas e tamborins. São os sons do ensaio da bateria de uma escola de samba.

Alguns foliões fantasiam-se de: pirata, palhaço, marinheiro, bailarina… Assim, o personagem ganha vida. No caso de excessos (o que quase sempre acontece) há em quem colocar a culpa. Como se a fantasia o isentasse de ser quem é de verdade.

São pessoas que trabalham com afinco o ano inteiro, nas mais diversas profissões, e entregam-se aos dias de folia assumindo uma postura mais livre. 

Tudo bem, desde que tenham consciência e responsabilidade sobre suas atitudes. Bebidas com exageros não combinam, falta de conduta e desrespeito podem gerar consequências que repercutirão além da festa. E nunca é demais lembrar que existe vida depois do reinado de momo.

Se você gosta do ziriguidum, vá lá, brinque, festeje, pule, sambe.

No entanto, vale mencionar que mesmo com todo o conhecimento de que se dispõe, ainda assim, percebemos que muitos encaram o carnaval como passaporte para o lugar em que tudo é permitido, e não há restrições. Dizem até que nesse período “ninguém é de ninguém”. Mera ilusão. Aquilo que nos ilude tende a vendar os nossos olhos e, uma vez vendados, ficamos impossibilitados de enxergar o perigo, as falhas e a falta de limite.

A tão propagada alforria não o libera de seus atos. Não esqueça: ainda é você por trás da fantasia.


Mil e uma fantasiasAvatar de Kátia Muniz

Kátia Muniz

Kátia Muniz é formada em Letras e pós-graduada em Produção de Textos, pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (hoje, UNESPAR). Foi colaboradora do Jornal Diário do Comércio por sete anos, com uma coluna quinzenal de crônicas do cotidiano. Nos anos de 2014, 2015 e 2016 foi premiada em concursos literários realizados na cidade de Paranaguá. Em outubro de 2018, foi homenageada pelo Rotary Club de Paranaguá Rocio pela contribuição cultural na criação de crônicas.

Mil e uma fantasias

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