Crônicas
Festa de criança
Começam a chegar os convites para as festas de aniversário dos amiguinhos e amiguinhas. Oh, que lindo! Mas como os pimpolhos ainda estão na faixa dos dois, três e quatro anos, a mamãe vai junto.
Na realidade, mamãe queria estar num SPA, esticada numa espreguiçadeira, lendo uma revista, vendo um filminho. Tudo isso são sonhos que ficaram para trás, desde o exato momento em que você sai da sala de parto. Daqui para frente é só aventura, acostume-se.
Pronto. Você já está na festa, instalada numa roda de mães, que conversam animadíssimas, e sabe sobre o quê? Vai ganhar um brigadeiro se adivinhar. Sobre filhos, é claro!
Fraldas, chupetas, pomadas, alimentação, desenvolvimento da fala, banho, escolinha, brincadeiras, horário de dormir, avós, creches, primeiros dentinhos, troca dos dentinhos, desenhos animados… Em cada quesito uma mais PHD do que a outra. Aguente firme.
Música infantil no último volume. Uma piscina de bolinhas, com mais bolinhas fora do que dentro. Como não poderia faltar também uma cama elástica, com imagens que fazem as mamães ficarem atônitas, pois enquanto um salta, outro cai; um pula em cima do outro; um enfia o dedo no olho do amiguinho; um chora; todos gritam e os anjinhos da guarda pedem demissão, porque não é nada fácil proteger essas crianças do século XXI.
No mesmo momento, as mamães se entopem com as guloseimas da criançada, porque criança não come em festa de criança. Não dá tempo, pelo motivo de que elas passam todo o período correndo, pulando, suando, perdendo os laçarotes de cabelos e se divertindo.
Hora de cantar os parabéns! Os pequenos rodeiam a mesa, todos descabelados, sujos, mas felizes.
Acendem-se uns palitinhos que mais parecem fogos de artifício. Aquilo forma um clarão e, em caso de emergência, anote aí: bombeiros 193.
O grande final se dá com uma bexiga gigante pendurada no teto. A criançada fica embaixo esperando o estouro. Três, dois, um, “bum”. Voam balas, gomas de mascar, pirulitos, brinquedinhos de plástico. Elas se atropelam, trocam socos e se pisoteiam por causa de três balas. Em seguida, as mães aproveitam para se despedir levando seus pequenos.
– Vocês já vão? Espere um pouco que vou buscar as lembrancinhas, diz a mãe-anfitriã.
Lembrancinhas? Imagina se precisa. Você vai ficar com a festa retumbando na sua cabeça por um bom tempo.
Chega, querida, recolha o que sobrou do seu filho ou filha e volte para o aconchego do seu lar. Recupere-se, porque no outro fim de semana tem mais.
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