Por: Kátia Muniz
Durante uma determinada dinâmica de grupo foi me perguntado: “Você escreve por quê?”
A resposta deveria ser uma frase com no máximo quatro palavras. Tirei de letra e avancei para a próxima fase, mas confesso que não gostei de ser sucinta em um assunto que, para mim, é tão palpitante.
Se ao executar a atividade não pude me estender, vou aproveitar e esticar o assunto por aqui. Acompanhe.
Escrevo porque sou inquieta e preciso colocar ordem nos meus pensamentos barulhentos. A escrita, além de me organizar internamente, faz com que a minha visão de mundo e as opiniões também recebam a devida atenção e sejam adequadas e estruturadas.
Escrevo porque quero ser lida. Quando dei início ao ofício de escrever, aprendi que textos engavetados não respiram e, consequentemente, emboloram. Repare, caro leitor, como são tristes as letras que não recebem olhos atentos sobre elas.
Escrevo porque não sei tocar nenhum instrumento musical, também não sei esculpir, nem pintar quadros, assim como não sou atriz e, muito menos, sei cantar. Mas escrever é uma arte. Meu trabalho é juntar as palavras, formar frases, unir parágrafos, ter algo para contar em algumas linhas e caracteres e, de preferência, que seja interessante para quem me lê, assim não corro o risco de ser abandonada logo no início do texto.
Escrevo porque é libertador. O processo de criação permite que a imaginação ganhe asas, que as ideias fluam e façam nascer crônicas em que posso tanto relatar vivências pessoais ou mergulhar em histórias de outras pessoas, como por exemplo, dar voz a um homem ou quem sabe a uma criança. Essa liberdade costuma ser instigante e muito sedutora.
Escrevo porque a tela em branco do Word vira um playground, um parque de diversões. Automaticamente, estou num balanço, numa gangorra, numa montanha-russa, numa roda-gigante. O lúdico tem passaporte liberado.
Escrevo para promover o pensar e aguçar a reflexão. Para recortar o cotidiano e lançar uma lupa em situações que, muitas vezes, passam despercebidas.
Escrevo…
O fato é que tenho essa necessidade absurda de dar alforria para as palavras que moram dentro de mim. Dizem, por aí, que sou escritora, mas o que realmente faço é faxina.
Uma boa faxina é capaz de vasculhar os cantos esquecidos da alma.
P.S: Esta crônica homenageia os cinco anos da coluna neste veículo de comunicação.