Era o ano de 1983, quando Paulo, tomado de amor pela encantadora Marta, a interpelou com um misto de angústia e esperança: “Por que ele e não eu?”
Se tivesse feito perguntas como: “Qual é a capital da Austrália?”, “O que Papai Noel faz nos outros meses do ano?” e “Em que mês Getúlio Vargas faleceu?”, a amada, perspicaz e inteligente, certamente saberia responder. Mas quem é capaz de decifrar os enigmas do coração?
Paulo só tinha olhos para Marta, enquanto ela entregava seus sentimentos a Fabrício ─ tudo muito inspirado nos lindos versos de Drummond ─ porque ficção, arte, literatura e realidade têm a mania de se entrelaçar.
Na sua história, leitora, talvez tenha passado um João, um Antônio ou até algum Fernando. E na sua, leitor, quem sabe uma Bia, uma Suzana ou certa Maria. Passaram… mas não permaneceram.
E como se explica preferir um e descartar outro?
Pode ser o modo de ajeitar o cabelo, o timbre da voz, o perfume, o afeto, o silêncio, a palavra dita no momento exato, a beleza, a tonalidade da pele, o temperamento, os princípios, a visão de mundo, a estabilidade financeira, o romantismo… ou ainda centenas de outras razões que fizeram seu coração bater de maneira única por alguém.
Então, vamos voltar ao Paulo, citado no primeiro parágrafo. Saiba: ele sofreu por amor.
Mas, se não foi o escolhido, tampouco foi Fabrício, pois Marta se encantou perdidamente por Mário ─ um rapaz de baixa estatura, jeito sereno, cabelos sempre impecáveis e com uma incrível semelhança com o personagem Barney, do desenho animado Os Flintstones.
Foi assim que ele chegou de mansinho, conquistou o coração da moça e não deixou espaço para mais ninguém.
As amigas questionavam: “O que você viu nele, Marta?”
O que ela viu, guardou para si. Sem se importar com as opiniões alheias, trocou alianças com Barney, ou melhor, Mário.
Marta e Mário: uma fusão de “emes” que já atravessa décadas.