Crônicas

As conchinhas

Se perguntassem qual a minha maior dificuldade, não titubearia em responder que é acordar cedo.  Gosto de dormir. Por mim, ficaria horas e mais horas na cama com os olhinhos ...

Se perguntassem qual a minha maior dificuldade, não titubearia em responder que é acordar cedo. 

Gosto de dormir. Por mim, ficaria horas e mais horas na cama com os olhinhos bem fechados. Porém, os compromissos e as responsabilidades não estão nem aí para o meu lado dorminhoca de ser e me obrigam a despertar.

Em janeiro, contando com alguns dias de folga e, em virtude disso, podendo dormir até a hora que quisesse, resolvi fazer justamente o contrário. Saltei da cama às 6h da manhã. Vá entender.

Amanheceu lindo! Como estava na praia, decidi fazer uma caminhada à beira-mar. Sol, temperatura agradável e águas calmas formavam o cenário perfeito.

Caminhava com entusiasmo quando, de repente, deparei-me com algo que jamais tinha visto antes: milhares de conchinhas.

Claro que, ao longo da minha existência, já vi várias espalhadas, aleatoriamente, pela areia, contudo uma concentração gigantesca, que se estendia por um determinado espaço, foi a primeira vez. O interessante era que elas se aglomeravam em um único local, como se todas tivessem escolhido o mesmo metro quadrado. A cena era deslumbrante e, aqui, torna-se difícil de reproduzi-la em palavras.  

Por um instante, pensei em continuar me exercitando, mas concluí que, no retorno, talvez não as encontrasse mais ali. 

Então, peguei o celular, tirei inúmeras fotos e também filmei. Estava encantada com o que via. A cada avançar das ondas, mais conchinhas eram depositadas na areia. 

Até que, passado um tempo, o ritual começou a se inverter. Se antes as ondas traziam as conchinhas, agora, capturavam-nas para devolvê-las ao mar. Em pouquíssimo tempo, tudo havia mudado. Restaram poucas, algumas meio soterradas, porém nem de longe dava para associar ao acontecimento que me impactara momentos atrás.

Voltei a caminhar, aproveitando para processar o episódio e refletir que: acordar cedo tem suas vantagens e que frações de segundos podem alterar por completo um cenário, um momento ou quem sabe uma vida. 


As conchinhasAvatar de Kátia Muniz

Kátia Muniz

Kátia Muniz é formada em Letras e pós-graduada em Produção de Textos, pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (hoje, UNESPAR). Foi colaboradora do Jornal Diário do Comércio por sete anos, com uma coluna quinzenal de crônicas do cotidiano. Nos anos de 2014, 2015 e 2016 foi premiada em concursos literários realizados na cidade de Paranaguá. Em outubro de 2018, foi homenageada pelo Rotary Club de Paranaguá Rocio pela contribuição cultural na criação de crônicas.

As conchinhas

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