Crônicas

Ainda há salvação

Comprei um eletrodoméstico novo. A profissional, na hora de fechar a venda, disse-me: “Um dia antes do transporte, a senhora receberá do nosso departamento de estoque, via celular, uma mensagem ...

Kátia Muniz

Kátia Muniz

Comprei um eletrodoméstico novo. A profissional, na hora de fechar a venda, disse-me: “Um dia antes do transporte, a senhora receberá do nosso departamento de estoque, via celular, uma mensagem lembrando-lhe que o objeto comprado será entregue na data seguinte. E, no dia da entrega, será informada, por telefone, sobre o horário para o devido recebimento”.

Sorri de canto, com ar incrédulo. Muita organização para um Brasil tão bagunçado. 

Mas acabei por levar um susto quando tudo que a vendedora-vidente falou se cumpriu. O eletrodoméstico estacionou na minha cozinha, exatamente, no dia e hora combinados.

Não estamos mais acostumados com pessoas que honram com a palavra. Aquelas que dizem “vou fazer” e fazem. Assumem responsabilidades, cumprem prazos e entregam o que prometem.

Nossos ouvidos andam destreinados para as verdades. Resultado de tantas mentiras que nos são faladas ao longo de um único dia. 

Seguindo essa mesma linha, alguns serviços também pecam. Para tanto, exemplos ilustrativos não faltam, como: marcar hora em consultórios médicos, o que acaba se tornando mera formalidade, uma vez que, na grande maioria das vezes, não se é atendido no horário, salvo raríssimas exceções.

A simpática recepcionista do curso de inglês pede seu número de telefone com a promessa de ligar assim que abrir uma vaga. Na confiança, fornece o contato. Na época, você contava com quinze anos. Hoje, está com trinta e ela jamais se manifestou.

Por fim, combina com a amiga para se encontrarem às vinte horas. Passam das vinte e duas, e você zzzzzzzzzzzz… Dormiu, claro!

Acalme-se. Não se trata de se considerar o ansioso da vez. São algumas pessoas que, infelizmente, perderam o respeito para com o outro.

Mas ainda há salvação.

Existem taxistas que devolvem a carteira com dinheiro ao dono, deixada no banco de trás do automóvel.  Há, ainda, funcionários que trabalham com afinco, repartições públicas que se diferenciam no cumprimento de prazos e atendimentos, indivíduos que não aceitam suborno, lojas que entregam o produto vendido no dia acertado, entre outras inúmeras situações positivas.

Dá gosto de se fidelizar com gente assim.

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Ainda há salvação

Kátia Muniz

Kátia Muniz é formada em Letras e pós-graduada em Produção de Textos, pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (hoje, UNESPAR). Foi colaboradora do Jornal Diário do Comércio por sete anos, com uma coluna quinzenal de crônicas do cotidiano. Nos anos de 2014, 2015 e 2016 foi premiada em concursos literários realizados na cidade de Paranaguá. Em outubro de 2018, foi homenageada pelo Rotary Club de Paranaguá Rocio pela contribuição cultural na criação de crônicas.