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Crônicas

“A gente se vê”

Publicado

em

Por: Kátia Muniz

No filme “Os Homens São de Marte… E É Pra Lá Que Eu Vou”, a protagonista Fernanda, interpretada pela atriz Mônica Martelli, tenta encontrar um amor. Quem não quer? 

Enquanto se enche de expectativas para cada possível pretendente que aparece na sua frente, vai revelando as mirabolantes situações que uma mulher pode viver quando a idade avança e o relógio biológico faz tique-taques.  Ou seja, ela precisa de um relacionamento pra ontem. Será que é possível?

Escreveria algumas crônicas com as inúmeras colocações do longa, mas vou me concentrar em apenas uma: “A gente se vê”. Isso é o que a personagem ouve de um provável candidato ao preenchimento da vaga de amor em seu coração.

Nenhuma mulher entende de fato essa frase. 

“A gente se vê” é algo vago, é lacuna, é espaço aberto. As pessoas que a pronunciam deveriam acrescentar mais palavras ao período. 

A gente se vê amanhã no jantar. A gente se vê no próximo fim de semana. A gente se vê à tarde. Ou, quem sabe, uma oração que expressasse a totalidade do pensamento, como: A gente se vê hoje mesmo, porque eu não aguento mais ficar longe de você. Nesse caso, eu lhe diria: Uau, querida, tá esperando o quê? Apaixone-se!

Receber um “a gente se vê” daquela pessoa em que estamos apostando as fichas é como instalar, automaticamente, uma coleção de interrogações no cérebro. A mulher não sai ilesa depois de ouvir a primeira frase mais temida por ela, digo a primeira, porque a segunda é: “eu te ligo”. Bah!

“A gente se vê” é angustiante, torturante, dilacerante. “A gente se vê” pode ser sinônimo de ficamos por aqui. Todavia, como nada foi dito com todas as letras, seguimos fantasiando um possível romance. Relutamos em enxergar o fim de algo que nem bem começou. Queremos vírgulas e não ponto-final. Queremos vários parágrafos e o desenrolar de uma boa história. Queremos cenas dos próximos capítulos porque acreditamos que o amor dá ibope.

“A gente se vê”. Quando? Onde? Como? A que horas? Na sua casa ou na minha? 

Respondam, rapazes, para que possamos soltar o cabelo, fazer as unhas, retocar a maquiagem, subir no salto e estarmos prontas para receber o mais sublime dos sentimentos.

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