Li, em algum lugar, que “a cidade é a extensão da casa”.
Faz sentido. Seguindo a mesma linha de raciocínio, podemos dizer que a maneira como nos vestimos revela um pouco do que somos. Assim como a mobília do nosso lar também conta a nossa história.
Portanto, se cuidamos bem de tudo que compõe a nossa casa, há uma enorme chance de conseguirmos exteriorizar esse cuidado para todo o mobiliário que existe em uma cidade.
Qual seria o mobiliário urbano? Postes, praças, calçadas, ruas, avenidas, lixeiras, placas de sinalização, escolas, hospitais, igrejas, pontos de ônibus, cabos elétricos e, caro leitor, fique à vontade para acrescentar itens à lista.
A residência pode ser simples, em termos de conforto e bens materiais, mas se enxerga de longe a atenção e o capricho que lhes são dispensados. Incluindo aí, moradores que dominam a arte do bem-receber, completando assim o pacote.
Cidades também se apresentam dessa forma. É preciso que todos os seus habitantes tenham a consciência do coletivo e da necessidade de respeito pelos espaços que cabem a cada cidadão.
Localidades sujas e malcuidadas não atraem visitantes. Os olhos buscam encanto. E não é preciso suntuosidade para destacá-lo. Um jardim bem conservado e florido é sempre um convite aberto à visitação.
Alguns municípios se evidenciam por suas belezas naturais, que por si sós não se sustentam, caso o turista, para chegar ao deleite de uma paisagem, tenha que enfrentar a maratona de ficar chutando garrafa PET descartada de forma errônea, desviar dos dejetos de animais ou virar o pé em calçadas esburacadas, com pavimentação solta e desniveladas ao longo do caminho.
Também não adianta construir áreas de lazer sem dar a devida manutenção. Aliás, tudo nessa vida precisa de manutenção.
Patrimônios históricos requerem conservação redobrada. Lição básica para qualquer município que queira explorar o turismo, pois são eles, muitas vezes, os chamarizes.
Quem visita uma cidade busca o aconchego, a novidade, o belo, algo diferente, além de limpeza e informações. São pessoas dispostas a gastar, a desfrutar de bons momentos, a fugir da rotina, a levar na lembrança boas recordações e o desejo de, em uma breve oportunidade, voltar.
Mas esse retorno depende muito da imagem que se leva, pois, assim como nas casas, as cidades também costumam revelar quem nelas habitam e administram.