Paranaguá enfrentava uma crise econômica ao final de 1914, inclusive paralisando alguns serviços municipais, com “excepção da rede de esgottos", prevista para ser inaugurada no início de 1915. Piorando a situação, a Companhia de Jundiahy, São Paulo, fornecedora do material para as instalações domiciliares, utilizou como argumento a elevação da taxa cambial para quebrar o contrato e aumentar o preço em 50%. A prefeitura não aceitaria esta exigência, mesmo porque a cerâmica nacional não precisa de matéria-prima estrangeira.
Outubro começou com os serviços praticamente prontos e a rede de esgoto deveria ser finalizada ainda naquele mês, assim como os poços de visita e os tanques fluxíveis; também estavam “adiantadas as obras do grande tanque na Costeira”; e a construção da usina elevatória – última etapa – só dependia das bombas encomendadas à empresa J. Bygton & Cia. Na metade do mês realizaram com sucesso o teste do poço de lavagem no cruzamento das ruas Conselheiro Barradas e Dr. Leocadio. Em dezembro, diversas casas da Zona Alta já possuíam ligação com a rede de esgotos e ainda naquele mês todas as residências daquela área estariam conectadas. Com a rapidez das obras e a finalização agendada para 15 de janeiro de 1915, era preciso organizar a utilização dos esgotos e criar novas leis. Deste modo, o “exmo. sr. dr. Prefeito Municipal […] solicitou da Camara […] a adopção de uma lei que regulamente o serviço”.
Não sabemos qual o motivo do atraso, porém, a inauguração só aconteceu em 15 de novembro de 1915, quase um ano após a previsão inicial. Foi uma festa grandiosa, marcando definitivamente a entrada de Paranaguá na modernidade (contando com luz elétrica, água encanada potável e esgoto) e abrindo caminho para Caetano chegar ao Executivo Estadual.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana