O futebol formalizado, relacionado à modernidade, deixou de ser exclusividade de Curitiba em 1909. Naquele ano os pontagrossenses organizaram seu “Foot Ball Club” com “valentes campeões deste moderno sport”.
A convite dos curitibanos, uma equipe de Ponta Grossa foi à capital em 1910 gerando intensa expectativa entre os moradores e agitando a cidade. Domingo, 14 de junho (dia do esperado jogo), iniciou com uma bela manhã de inverno, mas o frio não atrapalhou. Havia ares festivos pela capital e muita gente foi ao Jockey-Club. O time de Curitiba venceu, entretanto ainda reinava um espírito de amizade entre equipes e torcidas e deste modo, “Vencedores e vencidos foram muito aplaudidos”.
Em 1911, o jornal A República defendeu o futebol explicando que o esporte praticado no Brasil não era o violento “Football Rugby”, “aqui se pratica é o Football Association, jogado com muito mais calma, com ordem”. Para convencer os críticos, usaram os discursos científico e moral nos argumentos: “no ponto de vista hygienico, o football […] produz os mais felizes efeitos”, favorecendo “o bom funcionamento de todos os órgãos”.
Por conta das corridas durante o jogo “Os pulmões adquirem volume [e] a acção constante dos membros superiores fortifica os músculos”. Deste modo, “o football é o sport mais apto para desenvolver o sangue frio, a destreza, a disciplina, a solidariedade e mesmo a coragem”.
O fator humano podia atrapalhar, porém, os desvios de conduta não eram perdoados. Uma briga entre jogadores gerou indignação de um jornal em 1912: o órgão responsável deveria tomar providências e os “captains” certamente iriam apresentar os fatos para a Liga Paranaense de Association Foot-Ball resolver quais penas deveriam sofrer os “jogadores culpados”. Diferente de hoje, a paz e amizade deveriam reinar!
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana
