O futebol do início do século XX era um grande evento festivo para a maioria da população onde ocorriam as partidas. Homens, mulheres, adultos, crianças, povo, elite, políticos, todos participavam e prevalecia o respeito e a amizade entre os adversários. Naquele clima de paz, alegria e confraternização, outra característica importantíssima era a música. Em julho de 1912, o Curytiba Foot-Ball Club convidou o Internacional para uma partida no Jockey-Club (lugar oficial dos jogos na cidade) e “bonds especiaes” saíram da Praça Tiradentes levando os jogadores e a banda.
No mês seguinte, o Athletic Club, de Ponta Grossa, foi a capital jogar contra o Paraná e na festa de boas vindas a trilha sonora ficaria a cargo de várias bandas – da estação ferroviária até o hotel. Uma semana depois, o Internacional Foot-Ball Club começou sua festa com os músicos da banda do 4.° regimento de infantaria reunidos na Tiradentes (18 “bonds” da South Brazilian RailWay não foram suficiente e pessoas retornaram caminhando).
Em outubro, ao som da banda Giuseppe Verdi, uma equipe gaúcha enfrentou uma “scratch” de brasileiros e estrangeiros formada pelos melhores jogadores de Curitiba.
Com o apoio dos jornais, prontos a denunciar qualquer comportamento fora do ideal civilizado que o esporte deveria perseguir, as autoridades enxergavam o futebol como uma ferramenta para gerar homens bons e honrados. Por isso, fora dos campos, onde não havia regras, o futebol sofria perseguição. Em novembro de 1913 o governo curitibano agiu: ”são rigorosamente prohibidos nas vias publicas da capital os jogos de foot-ball” e outros que possam perturbar o sossego e o trânsito de veículos. Nesta ideologia normatizadora, que misturava os discursos científicos e o moral na busca do cidadão perfeito e obediente, nasceu o futebol parnanguara.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana