Alexandre Camargo de Sant’Ana
Antes de acabar o ano, o Curityba retornou, mas desta vez jogaria contra o Paranaguá Foot-Ball Club. Novamente a recepção na estação aconteceu com festa e animação. Terminados os cumprimentos e saudações, todos seguiram até a “República” para se prepararem. Depois de prontos, os “players” visitantes, seus colegas parnanguaras e populares rumaram à Praça Pires Pardinho. Era quase meio-dia, o sol estava escaldante e fazia muito calor, mesmo assim uma grande multidão acompanhou a partida. Logo no início, o Paranaguá marcou um gol “sob frenéticas ovações e estrepitosas palmas”. Em seguida o Curityba empatou e também foi aplaudido. De cabeça, o Paranaguá marcou seu segundo gol, mas de novo o Curityba empatou com um “lindo shoote”. Antes do primeiro tempo acabar os visitantes marcaram outro. Durante o intervalo serviram “uns gostosos sandwischs”. Novamente em campo, o Paranaguá, apesar da bravura, não marcou nenhum e tomou mais três. Terminada a partida, cantando os hinos dos dois clubes e com muita alegria os atletas e amigos caminharam ao Jonscher, onde serviram “um almoço magnífico”. O Jornal elogiou os parnanguaras, mas cutucou os atletas locais afirmando faltar jogo em equipe.
Paranaguá viu seu futebol nascer e crescer no Campo Grande, logradouro que se tornou o centro deste esporte, comportando até mesmo jogos com equipes da capital. Havia partidas em outros pontos da cidade, mas a Praça Pires Pardinho concentrava as mais importantes. Lá também aconteciam os treinos e até mesmo a prática do esporte por populares. O futebol foi tão impactante que segundo o jornal local, o esporte seria um dos responsáveis pela volta do movimento ao logradouro, que em outras épocas teria sido “o centro da great attration” e depois acabou abandonado. Com a prática do futebol, o domingo no Campo Grande retomou a animação como antigamente e o lugar se renovou, tornando-se o ponto de lazer mais movimentado da cidade durante os finais de semana.
No final de 1913, o futebol já era um dos eventos mais importantes em Paranaguá e os clubes locais seguiam os ideais da capital, ou seja, enxergavam o futebol como algo moderno, inovador e capaz de melhorar tanto o corpo quanto a mente dos homens e das crianças. Ainda inexistia a rivalidade exacerbada entre os times e as equipes conviviam em paz e cordialidade. Durante 1914 a prática continuou crescendo.