Por Alexandre Camargo de Sant’Ana
No dia 5 de outubro de 1907, dois importantes jornais curitibanos, “A República” e “Diário da Tarde”, notificaram a morte de Leocádia Pereira Pinheiro, viúva do importante jornalista José Ferreira Pinheiro. Residia na Praça Osório, de onde saiu o cortejo. Nas notas havia divergências na idade de Leocádia e uma situava o falecimento como hoje, enquanto a outra como ontem. O mais estranho: seria irmã de Fernando Amaro. Todavia, a naturalidade dada ao fato evidencia ser o parentesco conhecido, caso contrário, se fosse um segredo, provavelmente haveria um tom de descoberta, furo jornalístico. Era o cinquentenário de morte do poeta e depois da campanha equivocada em 1906, justamente por não checarem a veracidade da fonte, ambos os jornais cometeriam o mesmo erro novamente? Um deles até afirmou que ela ganhara uma poesia ao noivar em Paranaguá. Seu pai, Cel. Antonio Pereira da Costa, casado com Hypólita Pereira da Costa, era importante e foi delegado e subdelegado entre 1850 e 60, falecendo em 73. Os tios maternos, José Antonio Pereira Alves, o Ten. Cor. Joaquim Antonio Pereira Alves e os capitães Francisco Pereira Alves e Agostinho Pereira Alves, assim como os irmãos Pedro de Alcantara Pereira da Costa, João Regis da Costa, Antonio Pereira da Costa (maçom em 1899) e Joshefina Pereira Lobo, esposa de Santa'Anna Lobo, também eram influentes. O primo Leocádio Pereira da Costa criou o Jornal “Commercio do Parana”, com José, o marido. Vicente Machado, que chegou a ser presidente do Paraná, era sobrinho deles. Não sei desde quando ela afirmava ser irmã do poeta e se os outros parentes confirmavam, nem localizei a poesia. Porém, duas listas de passageiros de navios saídos do Rio de Janeiro para Paranaguá relacionam Fernando desde muito cedo a esta família. Assunto para o próximo texto.
