Além da demora em iniciarem efetivamente os trabalhos, quando finalmente os serviços começaram não ocorreram sem complicações. Foram vários os canos estourados, além de outros problemas, como briga entre trabalhadores, descoberta de ossadas e tempestades alagando os canteiros de obras.
Em agosto uma emenda do encanamento do Campo Grande rompeu e a água alagou o capinzal, escorrendo até a Fonte Velha, como se o futuro estivesse visitando o presente, afirmou poeticamente o jornal local. No mesmo mês houve vazamentos em diversos pontos da estrada para as colônias atrapalhando bastante o trânsito na região. Em setembro realizaram os testes com a pressão máxima, resultando em várias juntas do encanamento estourando no início da rua Dr. Leocadio, o que virou uma festa para a gurizada da cidade. Ocorreu outro grande vazamento em outubro, na mesma rua, quando a Empreza fazia uma ligação domiciliar e o cano rompeu, jorrando água com força.
No lugar denominado Xapecó, por volta das 11 horas de uma manhã de setembro, após uma brincadeira, atracaram-se em terrível luta corporal os nacionais Manoel Sant’Anna e Bernardo Saraiva, ambos pertencentes à turma que trabalhava no assentamento de canos. Furioso, Sant’Anna sacou uma enorme e agudíssima faca e desferiu um golpe em Bernardo, ferindo-o no ombro esquerdo. No mês de outubro um forte temporal caiu sobre a cidade e as enxurradas encheram os “vallos” abertos pela “Empreza” para assentamento dos canos. Em frente à Catedral, durante as escavações para instalações domiciliares, em dezembro, encontraram várias “ossadas humanas, craneos, braços, pernas” chamando a atenção e atraindo muitos curiosos. Os restos mortais foram levados ao cemitério.
Tudo isso atrasou o fim das obras, mas veremos como mesmo antes da inauguração muitos parnanguaras já usufruíam água potável encanada em casa.
Por Alexandre Camargo de Sant’Ana