Por Alexandre Camargo de Sant’Ana
No início do século XX, os clubes de futebol já eram bastante importantes em Paranaguá, com várias equipes enfrentando-se em campos espalhados pela cidade. Segundo o jornal local, seria uma “diversão de nobres e de plebeus, de ricos e de pobres, de pretos e de brancos”. Até a relação com os estrangeiros melhorou, a ponto de se machucarem em jogo e não pedirem indenização do Estado brasileiro. As mulheres também participavam dos eventos futebolísticos, mas apenas como torcedoras e admiradoras dos jogadores: o “sport-man, hoje, é amado, predilecto das moças”.
Assim como nas notas jornalísticas sobre elas passeando na Rua XV, as citações delas no futebol seguem a exaltação do mesmo modelo feminino, com afirmações como o “bello sexo” se fez presente e o jogo contou com a participação “de gentis senhoritas, da elite paranaguense, admiradoras do” futebol.
Em 1916, um jornal comentou a presença feminina em jogo deixando bem claro o papel reservado às mulheres: “As meninas e moças, que quase não gostam de namorar tiveram o prazer de hospedar em seus coraçãosinhos o affecto provisório dos Jovens da Capital”. Elas esperaram o trem chegar e “a Praça Fernando Amaro apresentava um aspecto encantador, [com] muitas senhoritas ali [aguardando] o desembarque dos foot-ballers”. Quando o trem se aproximou, “todas [movimentaram-se] com a maior alegria” esperando os jogadores curitibanos. “Durante o match, ellas namoraram, demonstraram partidarismo, (torceram!) etc”. Segundo a nota jornalística, elas estariam mais interessadas em namorar os atletas de Curitiba e os torcedores do Rio Branco do que assistir ao jogo.