Um levantamento feito na área básica da saúde dos paranaenses descobriu um dado alarmante: de 2001 a 2010 a mortalidade das gestantes ficou estacionada no índice de 65 para cada 100 mil bebês nascidos vivos. Para a Organização Mundial de Saúde, este índice é considerado alto. Hoje, a taxa é de 36 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos, ou seja, 40% a menos.
O aconteceu desde então? Quem explica é a Organização das Nações Unidas (ONU), que publicou em seu portal uma reportagem onde destacou o esforço feito no Paraná nos últimos seis anos para enfrentar o problema. Foi neste período que surgiu a Rede Mãe Paranaense nos 399 municípios do Estado. A iniciativa, que tem apoio do Banco Mundial, fez despencar o índice de mortalidade materna.
O trabalho para chegar a índices médios globais, que segundo a Organização Mundial de Saúde é 20 mortes para 100 mil nascimentos, segue intenso. De toda forma, a taxa do Paraná é quase 50% menor que a média brasileira. Um cálculo feito em forma de projeção indica que desde que programa foi lançado, 1.000 vida foram preservadas.
Para se ter uma dimensão do quanto valem estas vidas, é importante destacar que na América Latina e Caribe morrem 22 mil mulheres por causas relacionadas à gestação. Além disso, cerca de um milhão de crianças ficam órfãs por ano e estes têm risco de 3 a 10 vezes de morrer antes de completar dois anos do que os que vivem com a mãe e o pai.
EXAMES
O investimento feito pelo Governo do Estado no programa Mãe Paranaense é de R$ 630 milhões. Atualmente, segundo dados da Secretaria da Saúde, 85% das gestantes recebem atendimento adequado. Isto significa que elas são examinadas desde o pré-natal, depois com o bebê no pós-parto e há ainda o acompanhamento do crescimento das crianças. No mínimo, a gestante tem sete consultas e 23 exames são realizados.
Não por acaso, nos últimos cinco anos o Estado diminui a mortalidade infantil em 14% chegando a 10,49 mortes a cada mil nascidos vivos na média para o Estado. Em cidades como Paranavaí, Francisco Beltrão, Cianorte, Toledo, União da Vitória, Telêmaco Borba e Maringá este número já ficou em um dígito. A OMS considera aceitável o índice de 10 mortes para cada mil nascimentos.
Hoje, 160 maternidades e hospitais integram a Rede, sendo que 30 deles são referências em gestação de alto risco. Foi num deles que nasceu a menina Maria Alice de Souza. A mãe, Letícia, teve todo o atendimento necessário na Maternidade Mater Dei, referência da Rede Mãe Paranaense.
As duas e o pai retornaram uma semana depois do parto para exames complementares. “A menina está muito bem e a família só tem a agradecer o tratamento recebido”, disse o pai Ricardo de Souza. O parto entrou para a estatística do hospital como mais um acima dos 200 mil já realizados.