Ser feliz é um anseio autêntico e enraizado no coração humano. Pessoas felizes chamam a atenção. A propaganda de um novo produto usa a imagem de pessoas sorridentes. Uma foto a ser postada no Facebook é escolhida criteriosamente e passada pelos efeitos de correção do Photoshop. A maioria das pessoas considera, porém, que a alegria vem de condições externas, tais como: o bem estar, a riqueza, o prazer, o sucesso ou uma difusa sensação de “estar em paz”, desconectados da realidade. Mas, quem participa desse tipo de alegria difundido sempre mais entre nós, especialmente pelas redes sociais?
Também o anúncio do Evangelho e a transmissão da fé requerem alegria, pois “não se evangeliza com cara de vinagre” (Francisco). A grande festa de todos os Santos e Santas – que no Brasil se comemora normalmente no primeiro domingo de novembro – nos revela que a verdadeira alegria está unida ao nosso jeito de viver; não vem de condições externas, mas de uma vida concreta, orientada, com sentido, que vale a pena ser vivida. Ela é, pois, fruto de comportamentos assumidos no coração e vividos na realidade concreta de cada dia. Este “estilo de vida” insistentemente proposto por Jesus no evangelho deste Domingo – Mateus 5,1-12 – é o das bem-aventuranças.
Então, para Jesus, quem é verdadeiramente feliz? Para ele, felizes são: os pobres no espírito, pois deles é o Reino dos Céus; os que choram, pois serão consolados; os mansos, pois herdarão a terra; os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados; os misericordiosos, pois alcançarão misericórdia; os puros no coração, pois verão a Deus; os que promovem a paz, pois serão chamados filhos de Deus; os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus; os injuriados, perseguidos e caluniados por causa de Cristo. Quem assim viver experimentará a alegria de uma vida autêntica – “grande é a vossa recompensa nos céus” – e porque são incluídos entre os profetas perseguidos. Quem assim procede, experimenta aquela alegria profunda, mais forte do que o pranto, a fadiga, a injustiça e a perseguição. Esse profético projeto de proposto por Jesus nos fará verdadeiramente felizes: “Alegrai-vos e exultai” (também quando não estivermos sorrindo).
Talvez nos perguntemos: é possível mesmo encontrar essa alegria, aqui e agora? Iluminados pela Palavra de Jesus, sustentados pela fé e contemplando os homens e as mulheres, que chamamos de santos e santas, aqueles que estão no céu e os que vivem ao nosso lado, respondemos: “Sim, é possível!” Essa resposta, porém, só pode ser dada com a vida. Ela pode tão somente ser testemunhada por um estilo de vida, a ser assumido cada vez mais por nós que nos denominamos cristãos (mesmo que, provavelmente, não faça tanto sucesso nas redes sociais).
Não deixemos que nada – nem a pandemia e nem as crises pelas quais passa o nosso país – nos roube a alegria.