Andar de salto quinze, passar delineador sem borrar, conseguir equilibrar a bolsa pesada com sacolas de supermercado entulhadas de mantimentos e, pasmem, ainda sobra espaço para carregar a mochila do Joãozinho que não para quieto um segundo e segue lindo, serelepe e saltitante. Toda mulher possui braços que se transformam em tentáculos. Tudo isso é fichinha para nós.
O que nos causa tremor e ranger de dentes é quando se aproxima o Dia dos Pais. O que comprar? É esse questionamento que gera dor de cabeça. E vai se intensificando à medida que a data se aproxima.
Quão prático seria se homem usasse um blush, uma tiara de cabelo, meia-calça com fio 20, 40, 60, cor da pele, marrom, preto, cinza, vermelho. Sapatilhas com lacinho, sem lacinho, bordadas com lantejoulas. Bijuterias variadas. Quem sabe os mais prendados gostassem de ganhar tapetinhos para banheiro, paninhos de prato, almofadas, liquidificador, jogo de panelas.
Mas não. Restam poucas opções, principalmente para o seu pai que não é um leitor. Adeus a algum título da livraria. Ele não bebe. Adeus abridores, saca-rolhas, conjunto de copos.
Então, lá está você diante de uma pilha de camisas polo. Outra vez?
Lá está você com três pares de meias: preta, marrom e cinza. De novo?
Lá está você em dúvida se leva a camiseta tamanho M ou G. Coitada de você!
Lá está você segurando uma bermuda de tactel e tendo a certeza que errará o número.
Lá está você comprando um pijama. Logo para ele que dorme só de cueca.
Bingo! Cuecas!
Pronto. Resolvido.
No Dia dos Pais, você entrega o presente feito com todo capricho, acompanhado de um sorriso que vai de orelha a orelha. O sorriso é recolhido num golpe, no momento em que vê seu pai estraçalhando o papel de presente. Uma criança de cinco anos leva mais jeito para abrir um embrulho. Ele confere o produto, lhe agradece com um beijinho e estica o presente para a esposa guardar. Homens são de uma objetividade e de uma praticidade invejáveis.
Não fique triste, querida, o ano que vem o martírio tem repeteco.