Coronavírus

Matinhos fará “lockdown” de 14 dias devido ao crescimento da pandemia

"As pessoas vão ficar em casa, não vamos permitir que entrem em Matinhos, andem na praia, no calçadão. Que saiam de casa somente se for realmente necessário", afirma o prefeito Zé da Ecler (Foto: Prefeitura de Matinhos)

Matinhos fará “lockdown” de 14 dias devido ao crescimento da pandemia

Matinhos fará “lockdown” de 14 dias devido ao crescimento da pandemia

Praias e calçadão serão fechados. Somente atividades essenciais funcionarão

A partir da quinta-feira, 25, a Prefeitura de Matinhos adotará um “lockdown” e medidas mais restritivas durante 14 dias para conter o aumento de casos de Covid-19 no município. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, houve um crescimento nos números da pandemia em Matinhos em 2021, sobrecarregando e superlotando todas as unidades e hospitais. A situação crítica fez com que o prefeito José Carlos do Espirito Santo, o Zé da Ecler, anunciou um novo decreto que fará com que haja o funcionamento apenas de atividades essenciais em Matinhos, bem como implantará barreiras sanitárias na entrada da cidade e fechará as praias e calçadão no município litorâneo. 

“As medidas adotadas serão bem severas. Só desta maneira faremos com que as pessoas se conscientizem, pois vejo que há pessoas que não conseguem se conscientizar que a vida vale mais do que dinheiro”, afirma o prefeito Zé da Ecler, ressaltando que o município também fiscalizará os decretos vigentes como o toque de recolher e uso de máscara. “As pessoas que não concordam com este decreto são pessoas que não gostam da própria vida. Nós vamos limitar apenas ao essencial, com posto de gasolina, mercado, farmácia, mas também totalmente limitado. Vamos fiscalizar com força-tarefa junto à Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal, Vigilância, enfim, com todos nas ruas”, ressaltou, destacando a ação da Guarda Municipal neste momento. “A Guarda Municipal não terá folga nesses 14 dias, todos os guardas municipais que estão na ativa vão para a rua, com poder de polícia para prender, respeitando o decreto. As pessoas vão ficar em casa, não vamos permitir que entrem em Matinhos, andem na praia, no calçadão, que saiam de casa somente se for realmente necessário. As pessoas serão barradas, paradas na rua e estradas, indagadas por querer saber onde elas estão indo”, explica o prefeito.

O chefe do Executivo também falou da importância de as pessoas se conscientizarem e tomarem atitudes que respeitem a vida. “Vamos nos conscientizar para tentar salvar as nossas vidas. Se todos os prefeitos do Brasil tomarem esta atitude, que é algo que não é político, mas de alguém que respeita o ser humano. Esperamos que em breve o Brasil erradique a doença, se Deus quiser”, explanou. 

Entradas da cidade com barreiras sanitárias

Segundo Zé da Ecler, com apoio da Polícia Militar do Paraná (PMPR) e Guarda Municipal, serão feitas barreiras sanitárias na entrada do município. “Queremos evitar que as pessoas entrem em Matinhos. Quem quiser sair que saia, mas para entrar vai ter que ter uma desculpa convincente. Para entrar em Matinhos, nesses 14 dias, vamos fazer de tudo para que ela venha só se for realmente necessário, ou saia do município só se for algo muito urgente. Não é época de passeio, de brincadeira, de vir para a praia curtir a orla. Para podermos curtir no futuro, vamos ficar em casa nessas duas semanas, e aí depois imagino eu que vamos diminuir 100% a situação que está hoje, com Hospital Regional do Litoral (HRL) lotado”, alerta.

“Estamos em um desespero muito grande, então precisamos de uma atitude drástica, que as pessoas não saiam de casa nesses 14 dias”, pede o gestor. 

Secretário de Saúde detalha momento da pandemia

O secretário municipal de Saúde, Paulo Henrique de Oliveira, ressaltou que em um mês e 23 dias dobrou o número de casos de Covid-19 em Matinhos em comparação ao identificado até o dia 31 de dezembro de 2020. “Os dispositivos da saúde pública de Matinhos estão sobrecarregados e superlotados. A UPA tem uma média de atendimento nos últimos sete dias de 400 por dia”, alerta. “É um atendimento absurdo para uma UPA que tem três consultórios de atendimento. Quando fui secretário em Paranaguá, a gente tinha esta média de atendimento em um período de 12 horas, mas para uma UPA com sete consultório, oito profissionais médicos, uma estrutura muito maior, visto que a população parnanguara é maior que a de Matinhos”, explica.

“Os dados são preocupantes. Fizemos uma reunião para de maneira mais enérgica endurecer as medidas de combate à pandemia”, explica Oliveira. “Preciso relembrar que assumimos esta gestão com uma estrutura muito sucateada da Secretaria de Saúde. De oito unidades de saúde básica, quatro estavam sem médico, havia uma descontinuidade de profissionais de enfermagem e enfermeiros, uma desconstrução realmente física, com unidades sem manutenção. Então, isso prejudica o acesso à saúde pública e, com a pandemia, esses atendimentos estão aumentando assustadoramente”, explica, destacando que a estrutura chegou a atender também pacientes de Guaratuba, Pontal do Paraná, Curitiba, Região Metropolitana e até do norte do Paraná. 

“O que identificamos que as pessoas optaram ou por passar seu home office no litoral, ou realmente as pessoas estão cumprindo sua quarentena ou atestado se concentrando em Matinhos. Isso aumenta a população na padaria, na farmácia, no supermercado e, consequentemente, congestiona os serviços públicos de saúde”, ressalta o secretário. Ele também destacou que a estrutura de saúde não atende somente pacientes com suspeita ou confirmação do Coronavírus, mas também outros tipos de atendimento como acidentes e outras doenças. 

Procuradora pede respeito às medidas

“O respeito da população às medidas de distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel é muito importante, inclusive a população tem que fiscalizar os estabelecimentos comerciais, denunciar quem não estiver obedecendo. Até agora a gente tem vacina, mas ela ainda não chegou para todo mundo, ela está chegando a conta-gotas, então a gente vai viver ainda momentos muito difíceis. É muito importante a população respeitar essas regras”, afirma a promotora de Justiça, Carolina Dias Aidar de Oliveira, representante do Ministério Público do Paraná (MPPR). “A pandemia continua, tem gente morrendo, estamos vivendo hoje o pior momento da pandemia desde o seu início”, alerta. “Não é hora de relaxar, de fazer festa”, finaliza, pedindo que o Poder Público fiscalize de forma correta os decretos vigentes.

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