Pesquisadores da equipe do Hospital Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), estudam a viabilidade de se usar a vacina contra poliomielite (mais comumente chamada de paralisia infantil) no combate à Covid-19. A expectativa é que a substância seja usada não como imunização contra o novo Coronavírus, mas no fortalecimento do sistema imunológico, reduzindo as chances de se contrair a infecção ou, ao menos, atenuando os sintomas graves do quadro clínico. O coordenador da pesquisa, Edison Fedrizzi, explicou que a possibilidade vem sendo estudada em todo o mundo, inclusive pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos.
“O que há de pesquisa hoje é, justamente, procurando uma vacina que estimule a produção de anticorpos contra a Covid-19. O que estamos propondo agora é utilizar alguma dessas vacinas que temos no nosso meio, já disponíveis, para estimular essa primeira etapa [de defesa do organismo]. Como não é uma vacina contra o novo Coronavírus, não vamos produzir anticorpos contra ele. O que queremos é fazer uma barreira protetora, inicial, para que o indivíduo não desenvolva a infecção”, detalhou.
O que observamos em outros países é que a vacina de poliomielite passou a ser incorporada junto com outras, no calendário da criança, de forma injetável. Então, perdeu um pouco desse perfil de estimular a imunidade inata que a oral nos dá. Nós temos uma facilidade enorme em relação a países que já trocaram a vacina oral pela injetável: o fato de termos disponível a forma oral, produzida pela Bio-Manguinhos [Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos], que é barata e é oferecida no Programa Nacional de Imunizações. E aqui também temos a indicação dessa vacina para adultos quando vão viajar para algum país que tenha a doença como endêmica. Então, pessoas adultas, quando vão para esses locais, recebem essa recomendação”, acrescentou.
Segundo Fedrizzi, a equipe tem conseguido apoio para desenvolver o projeto, mas ainda precisa ampliar o aporte de recursos para iniciar as pesquisas. O coordenador ainda destacou que, apesar de estarem contando com o indicativo de que a vacina de poliomielite possa ser empregada para esse fim, é preciso entender que não se trata de uma certeza. “Temos bastante evidências de que isso pode funcionar, mas não podemos dizer que isso vai funcionar”, destacou.
Fonte: Agência Brasil – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil