Escrevendo a biografia de pessoas tão dedicadas ao Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá – IHGP, o que ainda continuará ao longo deste ano, algo despertou em mim: a curiosidade. Assim, uma biografia pode não ter fim, pois aparecem assuntos que merecem ser aprofundados.
Quando criança meu pai incentivava-nos a escrever sobre qualquer assunto, mas um dia o tema Minha Rua foi sugerido por ele. Como isso foi importante para mim, pois comecei a investigar tudo o que tinha relação com a Minha Rua, à época era a Marechal Floriano, no bairro da Costeira. Então, eu e alguns dos meus irmãos anotávamos tudo, se era calçada, se era de terra, se tinha poças de água, buracos, valetas, entre outros detalhes.
Já adulta deparei-me um dia com o programa “Coisas Nossas”, da Rádio Difusora de Paranaguá, com o pessoal do IHGP tentando animar os ouvintes a entender um pouco mais sobre sua rua, estimulando-os a pesquisar sobre o nome dado à sua rua. Achei tão extraordinário esse programa porque despertou ainda mais a minha curiosidade.
Foi aí que comecei a pesquisar sobre Nestor Vitor, nome da rua em que meus pais moravam em Paranaguá, e Emiliano Perneta, que era a rua onde eu morava em Curitiba. Dessa forma descobri que esses dois cidadãos paranaenses eram contemporâneos e faziam parte das mesmas aspirações literárias. Tinham um amigo em comum, que era Cruz e Sousa.
Emiliano Perneta nasceu em Pinhais, área rural de Curitiba em 30/01/1886 e faleceu com 55 anos, em 19/02/1921, em Curitiba. Já Nestor Vitor nasceu em Paranaguá em 12/04/1868 e faleceu com 64 anos, em 13/10/1932, no Rio de Janeiro. Os dois eram poetas, exerceram o Magistério, eram abolicionistas e republicanos. Emiliano Perneta foi Auditor de Guerra também e em 1912 funda, com Euclides Bandeira, o Centro de Letras do Paraná e é eleito seu Presidente. Nestor Vitor foi um grande escritor, contista e divulgou obras estrangeiras, pois viveu parte de sua vida em Paris.
Enfim, há muito o que se contar sobre esses dois ilustres paranaenses, e jamais saberia a linda alma de poeta que eles representam se não fosse a curiosidade.
Muitas vezes podemos viver anos em um mesmo lugar sem conhecê-lo de fato.
Guadalupe Vivekananda Fabry
Presidente – IHGP