MARIA JOSÉ DOS SANTOS ALVES, a nossa querida “dona Zezita”, nasceu em Paranaguá no dia 14 de julho de 1910. Era filha de D. Maria José Musak dos Santos e do Sr. Olympio Mauricio dos Santos. Sabe-se que estudou música em Paranaguá com dona Eleozina Plaisant e que, ainda menina, mudou-se com seus pais para Curitiba, onde prosseguiu seus estudos. Revelando desde cedo uma invejável vocação musical, concluiu seu Curso de Piano com louvor e distinção, em 1930. Casou-se em Curitiba a 19 de junho de 1937, com o Sr. Luiz da Costa Alves, nascendo dessa união uma filha, Marise Alves Caron, casada com o Sr. Arnaldo Macedo Caron. Recém casada, voltou a Paranaguá.
Seu sonho era fundar uma Academia para o ensino de piano em Paranaguá. Para transformar o sonho em realidade, mostrou ser uma lutadora. Enfrentou e venceu muitas dificuldades até conseguir finalmente registrar e oficializar definitivamente a sua Escola de Música. Redigiu, ela mesma, a ata de instalação da sua Academia, que se encontra no Livro de Atas n.° 1 da “Academia de Música de Paranaguá”, da qual passamos a transcrever um pequeno trecho: “Aos doze dias do mês de agosto do ano de 1942 nesta cidade de Paranaguá do Estado do Paraná, em o edifício n.° 11 da Rua Marechal Deodoro foi instalada uma Academia de Música que passa a se denominar “Academia de Música de Paranaguá” sob a direção intelectual e administrativa da Professora Maria José dos Santos Alves, diplomada em Música pela “Academia de Música do Paraná”.
Durante 20 anos, Dona Zezita esteve à frente da sua Academia de Música, consciente de que todo ideal exige sacrifício. Graças ao seu trabalho dinâmico e a capacidade e dedicação dos demais professores, a Escola tornou-se, em pouco tempo, bastante conceituada, tendo-se constituído em uma das melhores academias de piano do Paraná. Expoentes da música paranaense como o Prof. Antonio Melillo e o maestro Bento Mossurunga, compareceram a exames da Academia, sendo pródigos em elogios. Nessas ocasiões, nos salões do Clube Literário, tocar no piano preto de cauda, enquanto era um desafio para as mãos dos principiantes, era a apoteose, o prêmio. Lecionou piano em Curitiba até o ano de 1985, quando adoeceu. Por uma dessas coincidências do destino, a médica que a atendeu, havia sido sua aluna. Internada na Clínica “AGE- Recuperação e Repouso”, faleceu no dia 30 de maio de 1986, às 10 horas e 30 minutos de uma manhã fria e chuvosa. Chorou a natureza e choramos todos nós, que fomos seus alunos, que a amamos, admiramos e que aprendemos, através dela, a amar e admirar a música. O seu trabalho merece, sem sombra de dúvida, ser lembrado e respeitado como um grande “Patrimônio Cultural de Paranaguá”.
Maria Helena Nizio
Diretora de Cultura