Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá

Maria, Teu Nome é Dulce!

Outro dia, lendo o livro de Túlio Pinho, deparei com uma crônica que me fez reviver momentos muito agradáveis. E como é bom recordar o...

Outro dia, lendo o livro de Túlio Pinho, deparei com uma crônica que me fez reviver momentos muito agradáveis. E como é bom recordar o passado, quando ele está cheio de lembranças alegres, como aquela evocada pelo nobre cronista, que reporta a façanha de professoras de música que formaram um coral de 1500 crianças para homenagear a Pátria no Sesquicentenário da Independência.                                 

Bons tempos aqueles da Coordenação de Música do Litoral e da 3a. Inspetoria Regional de Ensino!  De Rachel Costa, de Zilca, de Gigi, de Maria Cardoso e de tantas outras amigas que conosco conviveram de maneira tão fraternal.  Éramos uma verdadeira família.

Depois de muitos anos de trabalho, conseguimos a nossa tão merecida aposentadoria. Em consequência, aquele gostoso contato diário perdeu-se no tempo, porém, jamais se perderão em nossa memória as lembranças de estórias pitorescas que marcaram aquela época.

Certa vez, procurávamos, em um listão vindo de Curitiba, o nome de professoras enquadradas em determinada vantagem. Maria Cardoso estava aflita, pois seu nome não constava da lista.  Depois de muito reclamar e procurar motivos para tal exclusão, Cardosa, como era carinhosamente chamada, já estava triste num canto, quando alguém lembrou:  "Maria, mas teu nome não é Dulce? Quem sabe no D"… e, lá estava, realmente, o benefício conferido a Dulce de Vasconcelos Cardoso. São coisas da nossa velha Paranaguá, onde os apelidos proliferam e as pessoas esquecem até do seu nome.

Pois é, Maria Cardoso chama-se Dulce, tão doce como o próprio nome. 

Era na Festa de São Benedito que ela conseguia reunir o coral mais extraordinário que já vi. Não havia qualquer preparação prévia, mas no dia 23 de dezembro os cantores iam chegando um a um e, pontualmente, às 19:30h, quando o capelão adentrava ao recinto, repicavam os sinos e o coral atacava o "Domine".  Atentem para o detalhe: "Domine"! É latim puro. E Maria, ou Dulce, como queiram, comandava a cantoria. A "Ladainha" era cantada em latim e no final, de "quebra", o coral interpretava, em italiano, o "Santa Lucia".

Já meio cansada, Maria ameaçava largar a batuta, porém não admitíamos tal hipótese, pois tínhamos a certeza de que enquanto ela estivesse à nossa frente irradiando o seu entusiasmo e o seu amor pelo Santo dos Pobres, não morreria essa velha tradição, uma das poucas que ainda se conservavam puras em nossa terra. Obrigada, doce Maria! São Benedito que diga amém!!!

                                                                                         

Maria Helena Mendes Nízio

Diretora de Cultura – IHGP     

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