As obras de restauração do prédio histórico da Estação Ferroviária estão dentro do cronograma e, atualmente, passando por uma etapa da cobertura. Possibilitada por ordem de serviço assinada pelo prefeito Marcelo Roque junto à empresa paulista Pires Giovanetti Guardia Engenharia e Arquitetura em fevereiro, a revitalização conta com uma força-tarefa de 22 funcionários para restauro do prédio originário de 1922. Com recursos de R$ 1,7 milhão investidos via Caixa Econômica Federal, um aditivo financeiro foi feito pela Prefeitura após análise técnica do local, onde o município se comprometeu a injetar recursos próprios para que local seja concluído dentro do prazo, ou seja, em 2018.
De acordo com Mariana Rillo, arquiteta, restauradora e uma das responsáveis pela revitalização, a obra é extremamente técnica e detalhada, com necessidade de estudo contínuo de forma a garantir a integridade e as características históricas do prédio. Atualmente, o trabalho está sendo feito no telhado, com instalação de uma carga de dois caminhões de madeira itaúba imunizada e hidratada para garantir uma cobertura funcional e que sobreviva por inúmeras décadas. Além disso, a especialista garante que descobertas surpreendentes estão sendo feitas pela equipe técnica, como o primeiro piso da Estação Ferroviária, pinturas e arcos originais, garantindo que a revitalização seja efetiva e de qualidade.
“Utilizamos também para analisar o andamento da obra o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi) como base, que muitas vezes comete alguns equívocos com relação a valores. Então, por porcentagem não há um número exato a se falar do andamento da obra, mas o que podemos dizer é que está entrando na fase final, que é uma etapa em que tudo está 100% organizado e dentro do cronograma. Logicamente podemos sofrer atrasos, devido ao período de chuvas ou calor intenso”, explica a arquiteta e restauradora.
Segundo Mariana Rillo, a equipe responsável pelo restauro necessita ajustar erros ou proceder a algumas alterações no projeto no decorrer do tempo com as descobertas realizadas. “Encontramos muitas pinturas diferentes nas paredes, bem como rodapés, e nestas pinturas originais nós não queremos fazer a destruição delas, visto que são feitas em camadas e camadas de tintas. O edifício foi pintado várias vezes na história. Nós não iremos remover, pois esta é uma forma de guardarmos a memória. Algumas janelas exploratórias estarão abertas e apresentaram esta pintura para o público”, complementa.
Além disso, estão sendo feitos ajustes para garantir a integridade física do prédio. “O sistema de circulação de descida das águas pluviais cortava a parede de baixo até em cima para levar por calhas a água. Não iremos mais fazer isso. Estamos discutindo uma nova solução para não rasgar a parede e estragar a pintura que encontramos”, comenta.
“A obra tem pontos de vista de restauro e se deixarmos ela aberta para alternativas construtivas em prol do prolongamento da vida útil do edifício, bem como apresentamos gratas surpresas no nosso trabalho, como encontrarmos o primeiro piso feito na Estação Ferroviária, bem como pinturas antigas, assim como um arco que identifica como era antigamente a distribuição interna do edifício, que não era com tantas portas como hoje. As principais questões técnicas de atenção são com o telhado e com rachaduras que a Estação Ferroviária sofreu com o tempo, que foram grampeadas e recobertas com aço”, afirma a arquiteta.
COBERTURA
Segundo Mariana Rillo, a cobertura da Estação Ferroviária é uma das partes mais complexas da obra, tanto na parte da serralheria, como no planejamento de como serão revitalizados o forro e o piso do prédio. “A maior parte da madeira já está no prédio para que a cobertura seja concluída, foi tanta madeira que eles precisaram vir em dois caminhões. Este material precisa ser tratado com um processo de hidratação, descupinização, garantindo por muito tempo que não tenha cupim. É feita uma imunização e uma pintura retardante de chamas, ajudando a retardar tempo do fogo na madeira em caso de incêndio. Todo este processo técnico e detalhado demorou duas semanas”, comenta.
“O restauro é muito mais complicado que construir do zero, pois tem que respeitar toda a construção original. Tudo o que você for colocar que não tinha no edifício anteriormente precisa ser aplicado com sensibilidade de modo a respeitar o patrimônio histórico”, explica a restauradora.
ENTREGA PROGRAMADA PARA 2018
De acordo com a arquiteta Mariana Rillo, o prazo de entrega da Estação Ferroviária é para 2018, levando sempre em consideração novos detalhes técnicos, a realidade climática de Paranaguá e possíveis adequações financeiras. “Paranaguá é uma cidade onde se chove muito. Como estamos ainda construindo um telhado não temos ainda cobertura. Dentro do edifício, tirando o telhado, nada mais está sendo feito, pois, como estão sendo levantadas peças inteiras temos que ter muito cuidado. Além de termos carpinteiros com conhecimento técnico da obra, precisamos de andaimes, linhas de viga, que são coisas que não são construídas de um segundo para o outro. É tudo estudado, planejado, com uma equipe de vários colaboradores necessários, com treinamento técnico”, acrescenta.
“É um processo longo. Fizemos grande parte das coisas internas, no entanto é necessário haver a conclusão do telhado para agilizarmos ainda mais isso. Temos várias etapas. Depois do telhado faremos os assoalhos de madeira provavelmente, com telhamento, calha, águas pluviais, piso de madeira e revestimento de parede, com forros. Em dezembro provavelmente estará totalmente coberto o prédio”, finaliza a arquiteta e restauradora da Estação Ferroviária.