Neste 15 de outubro, o Brasil celebra o Dia do Professor, uma data dedicada a reconhecer o trabalho e a dedicação de quem transforma conhecimento em aprendizado e sonhos em realidade. Mais do que transmitir conteúdos, os professores exercem um papel fundamental na formação de cidadãos.
Em todas as etapas da vida escolar, há sempre um educador que marcou o caminho de cada aluno, seja pelo incentivo, pela paciência ou pela paixão em ensinar. A data também é um momento de reflexão sobre os desafios e as conquistas da profissão, especialmente em tempos de mudanças tecnológicas e novas metodologias de ensino.
Neste dia vamos conhecer as histórias dos educadores Juliana da Silva Malakias, Nadir Corrêa Mendes, Fernanda Santos de Souza e Joelson Gonçalves, que encontraram na sala de aula o propósito de suas vidas.
Juliana Malakias: da infância com quadro e bonecas ao amor pela sala de aula
Desde pequena, Juliana da Silva Malakias já sabia o que queria ser. Ainda criança, pedia à mãe um quadro para dar aulas às bonecas e aos amigos do bairro. O que parecia uma brincadeira infantil tornou-se, anos depois, uma vocação.
“Desde o meu primeiro ano na escola, eu gostava de ajudar os colegas que tinham dificuldade. Mesmo sem saber muito, eu já tinha prazer em ensinar”, recorda Juliana, hoje professora no Colégio Diocesano Leão XIII, onde atua há sete anos.

Antes de seguir o Magistério, Juliana trabalhou na área administrativa, mas logo percebeu que sua verdadeira realização estava na escola. “Fui me aprimorando e vi que realmente minha área era a escolar. Aqui eu me encontrei”, conta.
Formada em Pedagogia e História, ela atua tanto no Fundamental I quanto no Fundamental II, conciliando o trabalho com os pequenos e com os maiores. “Eu tinha mais facilidade com os pequenos, mas quando comecei a trabalhar com os maiores, me redescobri. Hoje consigo fazer um bom trabalho com ambos, porque gosto de todos”, afirma.
Juliana acredita no poder do ensino lúdico e na inovação pedagógica como formas de manter o aluno interessado. “Gosto muito de trabalhar com atividades lúdicas, jogos e vídeos, que estimulem os alunos. E também busco sempre olhar para a inclusão, entendendo que cada criança tem seu tempo e seu jeito de aprender”, salienta.
Ao refletir sobre a profissão, ela destaca os desafios, mas também a recompensa diária: “Ser professora é uma profissão árdua, mas que traz reconhecimento a cada dia, seja num sorriso, numa palavra ou num aprendizado conquistado. É uma profissão que transforma vidas”, finaliza.
Nadir Corrêa Mendes: quase 40 anos de dedicação e amor ao ensino público
Com uma trajetória que ultrapassa gerações, Nadir Corrêa Mendes é sinônimo de história viva da educação em Paranaguá. Prestes a completar 40 anos de Magistério, ela iniciou sua carreira em 1986, após ser aprovada no concurso municipal. Sua primeira escola foi a Tiradentes, em Alexandra, em um início marcado por desafios.
“Para chegar até lá, eu precisava pagar condução, porque o horário do ônibus não coincidia com o da entrada na escola. Naquela época, nem as ruas eram asfaltadas e o acesso era bem difícil”, relembra.

A vocação veio de casa, inspirada pelo pai. “Meu falecido pai sempre quis que uma filha fosse professora. Esse incentivo foi o que me motivou a cursar o Magistério”, ressalta. Desde então, ela nunca mais deixou a sala de aula. Atualmente, atua na Escola Municipal Luiz Vaz de Camões, carrega com orgulho quase quatro décadas de histórias, mudanças e aprendizados.
Nadir se lembra com carinho do seu primeiro dia de aula, quando precisou improvisar: “Era uma turma de 2.º ano, e eu ministrei uma aula de História mesmo sem estar preparada. Fiz uma roda de conversa sobre a história de Paranaguá. Foi uma experiência marcante”, explica.
Ao longo dos anos, viu a educação se transformar, o perfil dos alunos, das famílias e do próprio sistema público. “Hoje, muita coisa recai sobre o professor. Precisamos criar, pesquisar e nos adaptar para atender às necessidades dos nossos alunos. As crianças sempre nos ensinam. Gosto muito de praticar a roda de conversa, porque é um momento de escuta e aprendizado mútuo”, diz.
Prestes a completar quatro décadas de magistério, Nadir segue com a mesma motivação de quando começou: o amor pela educação e pelas crianças.
Joelson Gonçalves: educador que transformou a vocação em inclusão
O professor Joelson Gonçalves encontrou sua vocação na convivência com grandes exemplos. “O que me motivou a seguir a carreira docente foram duas professoras que tive no Ensino Fundamental, Cliciane e Valdineia (in memoriam). Elas mostraram como é importante ser professor e o quanto o amor pela profissão faz diferença”, conta.
Sua trajetória começou em 2006, como agente educativo em um Centro de Educação Infantil na Colônia Pereira, zona rural de Pontal do Paraná. Dois anos depois, passou a lecionar como professor na Escola Cipriano Librano Ramos, pelo município de Paranaguá. Hoje, Joelson atua na Escola Municipal Professora Eva Teresa Amarante Cavani, uma unidade 100% voltada à Educação Especial.

No total, são 17 anos dedicados à educação em Paranaguá, além de um ano e meio em Pontal do Paraná. “Meu primeiro dia de aula foi um misto de ansiedade e entusiasmo. Lembro das crianças me olhando e senti o peso da responsabilidade. Mas foi um momento mágico”, relata.
Com o passar do tempo, Joelson presenciou muitas transformações na educação. “Hoje vemos a ausência de muitos pais na formação dos filhos. Muitas responsabilidades recaem sobre a escola. Vivemos o discurso da inovação, mas ainda enfrentamos a precariedade nas condições reais de ensino. Transformações verdadeiras exigem investimento e valorização dos profissionais”, afirma.
Hoje, ele leciona na Escola Municipal Professora Eva Tereza Amarante Cavani – Ensino Fundamental na modalidade Educação Especial, e sua dedicação é ainda maior. “Ser docente nessa modalidade exige empatia, sensibilidade e práticas pedagógicas inclusivas. É um trabalho desafiador, mas essencial, porque transforma vidas e promove a inclusão. Aqui na Eva Cavani, nós tratamos todos com o mesmo carinho e respeito. A educação é, como dizia Paulo Freire, um ato de amor e coragem”, conclui.
Fernanda Santos de Souza: uma vida dedicada a ensinar com o coração
Com quase três décadas de sala de aula, Fernanda Santos de Souza carrega no olhar o orgulho e a serenidade de quem fez da educação o seu propósito. Há 29 anos na profissão, ela afirma que o amor pelo ensino está em suas raízes. “Minha avó, minhas tias, minha mãe e minha irmã eram professoras. Decidi seguir o mesmo caminho, comecei apenas para tentar, e acabei me apaixonando”, conta.
O primeiro dia como professora, segundo ela, foi um verdadeiro desafio. “Comecei em uma escola da Praia de Leste, a famosa escola da Dona Rosinha. Era uma classe multisseriada, com mais de 40 alunos juntos. Eu era inexperiente, mas graças a Deus consegui. Tive excelentes professores ao longo da vida, e isso me ajudou a enfrentar aquele momento”, relembra.

Ao longo desses anos, Fernanda presenciou inúmeras transformações na educação, mas uma delas se destaca. “Acredito que o espaço que as tecnologias tomaram na escola é o que mais causou impacto. Elas mudaram completamente a forma de ensinar e aprender”, afirma.
Ainda assim, ela mantém o mesmo entusiasmo em sala de aula e a consciência da importância do seu papel. “Aprendi com meus alunos que faço a diferença na vida deles. Quando encontro ex-alunos, já adultos, pessoas de bem, vejo que cumpri minha missão. Independentemente do caminho que seguiram, saber que contribuí para que se tornassem boas pessoas é o maior reconhecimento que posso ter”, salienta.
Fernanda também reflete sobre os novos desafios da docência, que vão muito além do conteúdo. “Hoje, o grande desafio é se adaptar às novas gerações. Os alunos mudam o tempo todo, os de hoje já são diferentes dos de cinco anos atrás. Para alcançá-los, precisamos mudar junto com o tempo. Às vezes, a resistência é grande, mas o tempo não pára, e o professor também não pode parar”, ressalta.
Com a experiência de quem já viveu muitas fases da educação, Fernanda deixa um conselho inspirador aos novos professores:
“Sejam para seus alunos aquilo que vocês mais admiravam em seus professores. E nunca sejam como aqueles que deixaram lembranças ruins. Precisamos ser bons exemplos sempre. Tenho muito orgulho dos meus colegas professores, somos todos parte de uma grande corrente que forma o futuro”, finaliza.





