Educação

Estudo revela que uso de Inteligência artificial (IA) pode diminuir capacidade de aprendizado

Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, apontou que usar ferramentas de inteligência artificial (IA), como o ChatGPT, para escrever textos ...

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Estudantes no litoral do Paraná já utilizam programas e ferramentas de IA (Foto: Fabiana Dauhs/NRE de Paranaguá)

Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, apontou que usar ferramentas de inteligência artificial (IA), como o ChatGPT, para escrever textos pode provocar custos cognitivos nos usuários e diminuir a capacidade de aprendizado.

O estudo afirma que os resultados levantam preocupações sobre as implicações educacionais de longo prazo da dependência dos Modelos de Linguagem de Grande Escala (LLMs, na sigla em inglês) e ressaltam a necessidade de uma investigação mais profunda sobre o papel da IA no aprendizado. Os pesquisadores do estudo defendem que mais conhecimento sobre os seus impactos é necessário diante do avanço rápido da IA pelo mundo.

Quem ajuda a entender como a tecnologia pode ajudar ou prejudicar o desenvolvimento de estudantes no cotidiano escolar atual é Talita Dias, professora de Matemática e técnica pedagógica no Núcleo Regional de Educação de Paranaguá. Talita atua no departamento da Programação Paraná, uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR), que visa a formação de estudantes na área de tecnologia e inovação.

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Pesquisadores do estudo defendem que mais conhecimento sobre a IA é necessário diante do avanço rápido da IA pelo mundo (Foto: Fabiana Dauhs/NRE de Paranaguá)

Segundo ela, as ferramentas da IA podem contribuir com o processo educacional, desde que bem utilizadas. “Não podemos e nem devemos condenar ou proibir o uso da IA. A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa e inovadora que faz parte do nosso cotidiano, com um potencial imenso para transformar positivamente a educação. Assim como a calculadora não eliminou a necessidade de aprender matemática, e a internet não substitui a pesquisa em livros, a IA pode ser uma aliada valiosa, desde que utilizada com consciência e sabedoria”, avaliou Talita.

Pensamento crítico e criatividade

A técnica pedagógica afirmou que é possível usar a ferramenta a serviço da educação, sem comprometer outros aspectos fundamentais para o desenvolvimento de crianças e jovens. 

“O ponto central reside na forma como a empregamos. Se um estudante utiliza a IA para simplesmente gerar textos sem qualquer envolvimento crítico, reflexão ou pesquisa prévia, de fato, estaremos diante de um cenário preocupante. Nesses casos, o processo de construção do conhecimento é comprometido, pois a mente não é desafiada a formular ideias, organizar pensamentos, desenvolver argumentação ou aprimorar a escrita de forma autônoma”, disse Talita.

Esta forma de uso, de acordo com a professora, pode levar a uma dependência excessiva e, consequentemente, a uma diminuição das habilidades cognitivas essenciais para o aprendizado profundo.

No entanto, quando a IA é vista e utilizada como uma ferramenta complementar ao estudo, a perspectiva muda. “Pode ser usada como recurso para criar um brainstorming de ideias, ajudando a destravar o processo criativo inicial, para organizar informações e grandes volumes de dados, revisão e aprimoramento textual, sugerindo melhorias na clareza, coesão e estilo, pesquisa inicial e exploração de conceitos, facilitando o acesso a informações para posterior aprofundamento”, pontuou Talita.

Desta forma, o desafio e a oportunidade residem em ensinar os alunos a manejar as ferramentas com sabedoria. “Garantindo que ela sirva como um catalisador para o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades, e não como um atalho que prejudica o crescimento cognitivo”, frisou Talita.

Uso da IA em escolas no litoral

A professora relatou que os estudantes no litoral do Paraná já utilizam programas e ferramentas de IA. “O Paraná está se destacando por usar inteligência artificial (IA) em suas escolas. O objetivo é melhorar o aprendizado e deixar o ensino mais personalizado para cada aluno”, disse Talita.

As principais ferramentas e programas de IA que os estudantes usam nas plataformas do Estado, atualmente, são:

– Khanmigo: Sistema de IA que guia o processo de resolução de problemas e a criação de textos. Ele não fornece respostas diretas, mas incentiva a reflexão e a compreensão, o que é fundamental para o desenvolvimento cognitivo dos alunos;

– Inglês Paraná Teens: É um programa que utiliza IA para auxiliar no aprendizado de inglês, especialmente para alunos do 6.º, 7.º e 8.º ano do Ensino Fundamental. A ferramenta conta com uma assistente interativa chamada Mimi, que facilita o desenvolvimento de habilidades de escrita e conversação em inglês por meio de interações por voz e chat;

– Redação Paraná: Com foco na produção textual, a ferramenta apoia os estudantes no desenvolvimento de redações, fazendo correções, promovendo o letramento digital e aprimorando suas habilidades de escrita;

– Desafio Paraná: Usado como um recurso digital para atividades complementares às aulas, a IA está disponível apenas para auxiliar professores na criação de atividades, flash cards, plano de aula, correção de atividades abertas, cria rubricas de avaliação e etc;

– Alura Start: Ambiente de aprendizagem voltado ao ensino de programação e pensamento computacional, integra recursos de Inteligência Artificial em suas ferramentas, como a Luri, uma inteligência artificial desenvolvida para auxiliar os alunos. Ajuda a estudar e aprofundar temas respondendo dúvidas durante as aulas ou ao buscar conteúdo, explica códigos linha a linha, essencial para os cursos de programação, resume conteúdos de aulas, facilitando a revisão de exercícios e códigos, oferecendo feedback e indicando possíveis erros.


Estudo revela que uso de Inteligência artificial (IA) pode diminuir capacidade de aprendizadoAvatar de Gabriela Perecin

Gabriela Perecin

Jornalista graduada pela Fema (Fundação Educacional do Município de Assis/SP), desde 2010. Possui especialização em Comunicação Organizacional pela PUC-PR. Atuou com Assessoria de Comunicação no terceiro setor e em jornal impresso e on-line. Interessada em desenvolver reportagens nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, inclusão, turismo e outros. Tem como foco o jornalismo humanizado.

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