A expressão utilizada no litoral do Paraná para se referir ou chamar uma mulher/menina se tornou o nome de uma marca que fabrica produtos para a pele e casa. A “Sá Menina” foi criada em Paranaguá a partir da ideia da engenheira química, Bruna Ferreira Rodrigues, que quis trazer um aspecto regional para os cosméticos. Após um período de pausa para a formulação de novos produtos, a marca voltou recentemente com foco no e-commerce, mas com a mesma proposta do início, a de oferecer bem-estar para as pessoas aliado à responsabilidade social e ambiental.
Bruna é formada em Engenharia Química, fez mestrado na área farmacêutica e pós-graduação em Qualidade de Produtos Cosméticos. “A marca surgiu quando eu ainda era estagiária, em 2017, no laboratório da Romani (Sal Diana), em Paranaguá. Tinha uma moça que também gostava de cosméticos e queria montar algo e nos juntamos para testar algumas coisas. Fizemos uma pesquisa sobre qual nome seria mais legal e todos trouxeram o Sá Menina, que é um vocabulário bem tradicional. Patenteamos a marca, mas era tudo muito hobby ainda”, disse a empreendedora.
O projeto ficou guardado. Bruna terminou a faculdade, se especializou, trabalhou em outras empresas até que, em 2021, decidiu tirar o projeto do baú. “Nosso objetivo desde o início foi oferecer produtos naturais de boa qualidade para um lugar que ainda não tem isso próprio da região, levando essa cultura tão legal que tem aqui para o mundo. O sonho sempre foi muito grande. Paranaguá foi nossa inspiração pelo clima, as pessoas, o nome, a história, os casarões e toda essa cultura”, afirmou Bruna.
O primeiro produto formulado pela “Sá Menina” foi um creme para mãos. No início, as criações eram vendidas para a família e amigos. Aos poucos, a marca foi crescendo, com a proposta de ser uma opção de cuidado limpo, olhando para o meio ambiente e sem agressão à pele. “Há componentes que ao longo do tempo nos fazem mal. A ideia é produzir de forma orgânica e natural aquilo que o nosso próprio corpo já produz”, contou Bruna.
Depois do creme para as mãos, surgiram o creme para o corpo, sabonete líquido, álcool em gel, escalda-pés, hidratante de cutícula, body splash; além dos produtos para a casa, como velas aromáticas, difusor e home spray (estes todos com refil).
“Ficamos os últimos quatro meses parados para revisar tudo, o que íamos terceirar para outras fábricas para conseguir atender a demanda. Hoje, temos três fornecedores, são fábricas que nos ajudam nessa produção, mas a formulação é toda nossa”, ressaltou Bruna.
Com o site da marca já em funcionamento (samenina.com.br), novos produtos estão por vir, inclusive a linha de cuidados com o rosto (skincare), prevista para março.
O lado social da marca “Sá Menina”
Depois de lançar a marca, oficialmente em 2021, Bruna ainda sentiu a necessidade de se conectar mais com as pessoas dentro da proposta de cuidado com o outro. Em 2022, surgiu o primeiro projeto social, levando mais de 300 cremes para meninas da África.
“Como pessoa e profissional, tive a certeza do que eu queria fazer. Foi assim que trouxemos uma parte social muito forte para a empresa e consegui visualizar o que a gente de fato queria entregar, que não era só um produto natural que cuidasse da pele ou da casa, era um produto que cuidasse das pessoas, uma experiência de refúgio para o seu autocuidado”, frisou a empreendedora.
Na África, Bruna se deparou com a realidade de jovens meninas que precisam fugir de suas casas para que não sejam vendidas, algo cultural da região que visitou. Essas meninas vão para um Centro de Resgate, onde têm a oportunidade de estudar. O local funciona com ajuda de voluntários do mundo inteiro.
“Ficamos por lá 25 dias para fazer a base de um refeitório para elas. A parte da manhã passávamos construindo esse espaço e, à tarde, tínhamos interação com as meninas. Conversávamos, fazíamos reunião sobre empreendedorismo. Fizemos um kit de cuidados básicos e colocamos um álcool em gel e um creme de mãos e corpo, que foi o que elas mais gostaram porque nunca tinham tido contato com um creme com cheiro. A gente pode abençoar muitas pessoas, levar esse autocuidado e empoderamento”, relatou Bruna.
Equipe
Fazem parte da equipe da “Sá Menina” atualmente seis pessoas. Recentemente, ela finalizou o treinamento para quatro consultoras da marca em Paranaguá.
“Passamos os dois últimos anos pensando nos produtos, chegamos a abrir uma loja física em Paranaguá, mas entendemos que o e-commerce ia nos levar a lugares maiores. Precisávamos primeiro investir no visual da marca e nos produtos do que na loja física”, disse Bruna.
Produtos naturais
Segundo Bruna, é mais difícil produzir um produto natural, ainda que o País seja rico e diverso nesse quesito. “A gente como Brasil não está lutando muito com isso e também por conta de matérias-primas. Quando eu tenho que ter acesso a uma que tenha naturalidade próximo a 1, como chamamos, acaba sendo muito mais cara. A gente tem muitos desafios para conseguir entregar um produto natural e que o consumidor perceba valor”, frisou Bruna.
A “Sá Menina” também tem planos para utilizar um produto regional do litoral do Paraná em seus produtos. “Estamos regularizando para poder usar algumas matérias-primas de Antonina, como o cacau, algum óleo diferente de flor, estamos fazendo esses estudos”, adiantou Bruna.
Com mais opções de produtos naturais hoje no mercado, ela acredita que os consumidores estão mais conscientes sobre os malefícios a longo prazo de alguns componentes. Seu sonho agora é continuar com os projetos sociais para impactar a vida de cada vez mais pessoas.
“Nosso sonho é impactar muitas pessoas com projetos sociais, ter uma verba para fazer isso, como cultura da empresa a gente implantar isso também, trazer pessoas que tenham esse amor por pessoas. Hoje, a gente já leva, mas queremos aperfeiçoar ainda mais isso. Queremos atingir as pessoas para que elas se sintam cuidadas com algum tipo de produto nosso”, finalizou Bruna.