Crônicas

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Kátia Muniz

Kátia Muniz

Por: Kátia Muniz

O teatro é o templo das emoções. Cada artista, ao surgir no palco, traz consigo o talento, a inteligência, o dom. Inegavelmente, são características que fazem dele um ser ímpar. Ao orquestrar essas e tantos outros atributos, torna-se capaz de despertar sensações múltiplas na plateia. Tudo isso está relacionado com o divino.

Por outro lado, ao adentrar o recinto, o público abraça a possibilidade de esquecer, mesmo sendo em um breve momento, os problemas cotidianos. Desse modo, pode mergulhar, entusiasmar-se e absorver completamente a apresentação. O importante é sair dessa experiência muito melhor. 

O período de imersão deve valer a pena a ponto da alma se renovar. Porém, para o êxtase acontecer, não se deve em hipótese alguma, depositar todas as fichas somente no artista. Ele necessita e depende de um espaço propício para entregar um resultado satisfatório do seu trabalho. Portanto, a parte técnica, a estrutura do local e o receptivo precisam estar em perfeita harmonia. Todavia, as falhas, os dissabores e os imprevistos não estão isentos de acontecer, porém é preciso trabalhar com afinco para que isso se torne uma exceção e não parte corriqueira de um espetáculo.

Da mesma forma, a plateia também espera o mínimo de acolhimento nesse ambiente. Não se fala, aqui, de suntuosidade, mas é primordial que o aspecto de cuidado e zelo estejam presentes, ou seja, uma cortina de palco apresentável, poltronas confortáveis, pintura impecável, climatização, acessibilidade, limpeza, iluminação adequada, caixas de som em condições de uso e pessoal de apoio devidamente treinados.

Um teatro com paredes emboloradas, denunciando infiltrações, é no mínimo uma afronta e uma falta de respeito com o artista e com o público. Havendo goteiras, essas vão representar as lágrimas do descaso e do descontentamento. Logo, um espaço artístico que se mantém fechado, sem quaisquer espetáculos significa a despreocupação em trazer arte e cultura para a população. 

Em paralelo, é possível encontrar municípios que contam com teatros sublimes; já outros, sequer possuem um. Do mesmo modo, existem cidades conscientes da relevância de se ter um palco em plena atividade e pulsante; enquanto outras, sofrem da triste ilusão de que basta apenas a construção do espaço, contudo não se importam em dar a devida manutenção.

Para finalizar, vale destacar Garcia Lorca, quando disse: “Mede-se a cultura de um povo pelo seu teatro.” Observe, caro leitor, não é uma simples frase, trata-se de um convite para a reflexão. Por sinal, a crônica também.

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Kátia Muniz

Kátia Muniz é formada em Letras e pós-graduada em Produção de Textos, pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (hoje, UNESPAR). Foi colaboradora do Jornal Diário do Comércio por sete anos, com uma coluna quinzenal de crônicas do cotidiano. Nos anos de 2014, 2015 e 2016 foi premiada em concursos literários realizados na cidade de Paranaguá. Em outubro de 2018, foi homenageada pelo Rotary Club de Paranaguá Rocio pela contribuição cultural na criação de crônicas.