Meio Ambiente

Projeto Compostar para Cultivar ajuda comunidades a transformar “lixo” em adubo orgânico

Iniciativa da Portos do Paraná capacita moradores e mostra os benefícios da prática

Projeto Compostar para Cultivar

Muitas pessoas têm utilizado a compostagem doméstica para substituir produtos químicos no cuidado com jardins e plantas. Trata-se de um processo químico que transforma a matéria orgânica, como restos de frutas e legumes, por exemplo, em adubo natural. Por meio do projeto Compostar para Cultivar, a Portos do Paraná tem promovido a compostagem doméstica nas comunidades da baía de Paranaguá.

Após identificar interessados que desejem adotar a prática, ou mesmo aprimorar o que já faz, o projeto oferece apoio para iniciar a prática. “São realizadas capacitações com visitas presenciais, assessoria remota e constante, elaboração e divulgação de materiais técnicos e até um grupo de WhatsApp para compartilhar experiências de compostagem e cultivo”, explicou o coordenador de Comunicação, Educação e Sustentabilidade da Portos do Paraná, Pedro Pisacco.  

Projeto Compostar para Cultivar
O coordenador de Comunicação, Educação e Sustentabilidade da Portos do Paraná, Pedro Pisacco, explicou mais sobre o projeto

A técnica de compostagem ensinada é adaptada à realidade local, e a metodologia de ensino utiliza linguagem acessível para os diferentes públicos atendidos, sendo desde residentes, comerciantes, alunos e comunidade escolar em geral. 

“Para que não desistam de compostar diante de dificuldades encontradas, o projeto é contínuo, com visitas periódicas nas comunidades atendidas acompanhando os participantes de perto, desde o início da compostagem até a “colheita” e uso do composto orgânico, além de dicas e orientações sobre cultivo agroecológico”, disse Pedro.

O projeto é gratuito e está disponível para o público das comunidades insulares de Paranaguá que tiver interesse. “O Compostar para Cultivar faz parte do Programa de Educação Ambiental – PEA da Portos do Paraná, desenvolvido em atendimento ao licenciamento ambiental do porto, que é conduzido pelo IBAMA”, afirmou a engenheira florestal, permacultora e responsável pela execução do projeto, Paula Beruski.

Início do projeto Compostar para Cultivar

O projeto teve início em novembro de 2020, atendendo residências e pequenos estabelecimentos comerciais na Ilha do Mel, nas comunidades de Brasília e Encantadas. Nos espaços escolares, passa a atuar a partir de fevereiro de 2022 na Ilha do Mel, em 2023 na Ilha de Valadares e, recentemente, em outras quatro comunidades.

“Nos últimos três meses, os esforços se concentraram na ampliação do projeto na baía de Paranaguá, sendo implantados sistemas de compostagem ‘piloto’ em espaços escolares de quatro comunidades, a saber: Eufrasina, Ilha do Teixeira, Amparo e Piaçaguera”, afirmou Paula.

Paralelo à expansão nessas comunidades, as escolas da Ilha do Mel, na Ilha dos Valadares e demais participantes continuam sendo assessorados, porém com menor periodicidade de ações presenciais, uma vez que já alcançaram autonomia no processo.

“Para os próximos meses, pretende-se seguir acompanhando estes novos espaços escolares participantes, avaliando até o final do período de aulas, a viabilidade de implantação de sistemas completos, ou seja, com capacidade para compostar a totalidade das sobras vegetais da merenda escolar. Tal como já acontece nos demais espaços escolares atendidos”, explicou Pedro Pisacoo.

Projeto Compostar para Cultivar
O projeto teve início em novembro de 2020, atendendo residências e pequenos estabelecimentos comerciais na Ilha do Mel. Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

Benefícios da compostagem

De acordo com os profissionais da Portos do Paraná, a prática da compostagem reduz significativamente a quantidade de resíduos enviadas ao aterro sanitário, contribuindo assim para prolongar sua vida útil. No caso das comunidades atendidas, ainda se elimina o transporte marítimo e terrestre, contribuindo para a redução dos custos e para redução dos gases de efeito estufa emitidos no trajeto. 

Desde 2021, calcula-se que mais de 10 toneladas de sobras vegetais foram compostadas por meio do projeto. O resultado da compostagem é a produção de adubo orgânico, um material similar à “terra preta” encontrada nas florestas, a qual é comumente extraída para cultivo nos quintais.

“Além do mais, os usuários da compostagem passam a enxergar a decomposição como um processo natural, necessário e vantajoso para todos, reconectando-os aos ciclos da natureza. E o que antes era visto como lixo, torna-se matéria-prima, no caso sobras vegetais e folhas secas, geradas em abundância nessas comunidades. O adequado manejo dos resíduos orgânicos evita a disponibilização deste alimento para fauna indesejada, como ratos, e contribui diretamente para a melhor segregação dos resíduos que podem ser encaminhados para a reciclagem”, comentou Pisacco.

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Adesão nas comunidades

Durante o tempo do projeto, foram cerca de 50 residências e comércios que aderiram e apostaram na ideia, além da prática nas escolas.

De acordo com Pedro, a técnica ensinada levanta dúvidas no início, porém com o tempo percebe-se a sua eficácia e a satisfação dos usuários com a simplicidade e praticidade de “colher” seu composto orgânico e cultivar com ele. “Como dizem alguns, a composteira é uma ‘lixeira mágica’, onde os microrganismos ficam responsáveis por transformar o ‘lixo’ em adubo, reduzindo significativamente o seu volume”, declarou Pedro Pisacco.

Nas escolas, se trabalha a educação ambiental tendo a compostagem como ferramenta. “Temas como a correta segregação de resíduos, o cultivo de alimentos orgânicos, entre outros assuntos relacionados à temática ambiental podem ser abordados pelos professores. As instituições de ensino têm a autonomia para definir os participantes e responsáveis pela compostagem, com todas as ações sendo comunicadas às equipes pedagógicas e autorizadas conforme necessário”, frisou Pedro.

No caso da Ilha do Mel, a implantação da estrutura também contou com o apoio da Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca – SEMAP, ao disponibilizar sua equipe em diversos momentos para auxiliar no transporte de materiais, instalação, entre outras tarefas operacionais.

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Gabriela Perecin

Jornalista graduada pela Fema (Fundação Educacional do Município de Assis/SP), desde 2010. Possui especialização em Comunicação Organizacional pela PUC-PR. Atuou com Assessoria de Comunicação no terceiro setor e em jornal impresso e on-line. Interessada em desenvolver reportagens nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, inclusão, turismo e outros. Tem como foco o jornalismo humanizado.