Porto de Paranaguá - 89 anos

De geração para geração: arrumador conta sua trajetória no Porto de Paranaguá

Categoria acompanha os avanços e conquistas do Porto de Paranaguá

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Os arrumadores são trabalhadores portuários avulsos que movimentam mercadorias dentro da área do porto. O trabalho data de muito tempo, antes mesmo da data de criação do Porto de Paranaguá, quando este ainda realizava as primeiras atividades na Rua da Praia. São 89 anos do Porto de Paranaguá, mas quase 105 anos de Sindicato dos Arrumadores.

Francisco Rozilmar Ferreira, conhecido pelos colegas como “Teco”, recebeu do pai o ofício que começou na família pelo avô. Hoje, com 50 anos de idade e 31 de profissão, viu de perto as transformações no Porto de Paranaguá, acompanhou desde a época em que poucos navios atracavam no município – quando, segundo ele, o porto “não tinha muros” – até os dias de hoje, em que recordes de movimentação são batidos.

“Antes de entrar para o Sindicato, tinha o corredor (moega) e nós íamos com nossos pais para tentar pegar a vez deles para começar a trabalhar. Isso quando eu tinha 16 anos. Faltando um mês para completar 18 anos eu entrei. Começando lá atrás, meu avô colocou meu pai, juntos somos 103 anos de Sindicato. Meu sonho era colocar um filho meu também, mas agora não conseguimos mais colocar”, disse Francisco.

Atualmente, o Sindicato dos Arrumadores não pode mais interferir nessa indicação dos profissionais. De acordo com a legislação, é preciso haver uma seleção pública para a escolha. 

Com os avanços na forma de trabalho, hoje, os arrumadores já contam com máquinas que os auxiliam. Antes, quando Francisco começou na profissão, as condições eram bem diferentes. 

“O arrumador atua na parte terrestre, tudo que vai embarcar ou desembarcar do navio a gente que faz. Quando a gente que vai embarcar mercadoria mandamos para a estiva e quando desembarca a estiva que nos manda. Quando comecei aprendi com meu pai e com os pais dos colegas, pegávamos a vez deles. Para chegarmos onde estamos hoje tínhamos que pegar os piores serviços, as ‘galinhas’ como a gente chama. Chegava em casa cansado, mas tinha que fazer para poder ter horário de trabalho, não foi fácil”, explicou Francisco.

Agora, como operador de máquinas, ele espera trabalhar por muito mais tempo. “Como operador agora eu quero trabalhar por muito tempo. Adoro o que eu faço, são quatro homens trabalhando para um navio, se eu não trabalhar bem vão falar de mim e eu gosto de fazer o meu melhor. Gosto de trabalhar em equipe”, enfatizou Francisco. 

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São 89 anos do Porto de Paranaguá, mas quase 105 anos de Sindicato dos Arrumadores

O porto de hoje

“Teco” lembra da importância do porto de Paranaguá e do impacto social e econômico que traz para o município. “O porto hoje é bem melhor, tanto no recebimento de navio, hoje sai um, chega outro. Antes era muito escasso, Paranaguá hoje tem um dos portos mais importantes não só na mão de obra, é exemplo para todos, ajuda a muitas famílias. Por trás de cada arrumador, há uma família”, frisou o arrumador.

Com 89 anos do Porto de Paranaguá, ele se diz orgulhoso de poder fazer parte dessa história. “Hoje, me orgulho de lembrar do meu pai e avô que já foram embora. Hoje, estou aqui com a diretoria do Sindicato, pessoas da minha idade. Tenho orgulho da minha história, foi muita caminhada para chegar até aqui. Agradeço muito ao meu avô e meu pai, por causa deles que estou aqui. Que seja mais um ano abençoado a nós todos”, concluiu Francisco.

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“Por trás de cada arrumador, há uma família”, frisou o arrumador Francisco Rozilmar

Valorização

O Sindicato dos Arrumadores de Paranaguá e Pontal do Paraná (SINDACAPP) tem uma média de 400 trabalhadores sindicalizados. “É um trabalho de vanguarda, é preciso ter esse tipo de trabalho, porque fazemos parte do progresso. Onde trabalha um vinculado, trabalham quatro trabalhadores avulsos. Temos quatro turnos por dia, ou seja, por dia, são quatro famílias representadas e remuneradas, e levando o sustento para casa. Há um impacto social muito grande. Brigamos por esse modelo de trabalho. Em Paranaguá temos cinco categorias de TPAs, arrumadores, estiva, conferente, vigia e bloco”, falou o secretário do Sindicato, Eliel Teodoro dos Santos.

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O presidente do Sindicato, Oziel Serafim Felizbino, e o secretário, Eliel Teodoro dos Santos, falaram sobre as mudanças na forma de trabalho da categoria 

O presidente do Sindicato, Oziel Serafim Felizbino, agradeceu a gestão do Porto de Paranaguá e ressaltou o impacto da categoria. “O Porto faz parte da história do nosso sindicato com muita luta e trabalho. Agradecemos o porto pela sua logística, ao diretor-presidente Luiz Fernando Garcia por sua atuação. Queremos mais trabalhadores com a gente na faixa do cais. Toda nossa renda é investida em Paranaguá, somos privilegiadas de ter o porto em nossa cidade, dá emprego para muita gente. Agradecemos o empenho do Governo do Estado que tem dado condições para o porto crescer”, declarou Oziel.

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De geração para geração: arrumador conta sua trajetória no Porto de Paranaguá

Gabriela Perecin

Jornalista graduada pela Fema (Fundação Educacional do Município de Assis/SP), desde 2010. Possui especialização em Comunicação Organizacional pela PUC-PR. Atuou com Assessoria de Comunicação no terceiro setor e em jornal impresso e on-line. Interessada em desenvolver reportagens nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, inclusão, turismo e outros. Tem como foco o jornalismo humanizado.