Natal 2023

Apadrinhamento: Famílias demonstram o verdadeiro significado do afeto e acolhem crianças no Natal

Atitudes como essas realizam mudanças na vida das crianças

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O Natal é uma época de juntar-se com a família, reunir-se com os amigos, compartilhar histórias de vida. É um momento de união, fraternidade, onde cresce no coração de cada um de nós o espírito natalino. 

Este é um momento onde a caridade e o amor ao próximo andam de mãos dadas e muitas pessoas e famílias realizam ações fraternas para ajudar aqueles que mais precisam. Nesse período, diversas pessoas doam alimentos, roupas e muitas vezes oferecem até mesmo o seu lar, para fazer daquele Natal mais especial, com sentimento de união familiar na vida de diversas crianças. 

Esse é o trabalho do programa Família Acolhedora, projeto ofertado pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), de Paranaguá, cujas famílias voluntárias acolhem em sua residência, criança ou adolescente afastado da família por medida de proteção, mediante decisão judicial social.

“É um serviço onde as famílias de Paranaguá fazem a inscrição, passam por um processo de capacitação e ao estarem aptas a família determina qual a faixa etária, se quer menino ou menina para acolher”, ressalta a Assistente Social e Coordenadora do serviço Família Acolhedora.

Buscando fazer a diferença na vida de crianças,Tanatyana Motyl e Leovaldo Bonfim assim como, a Ivete Aparecida Arantes e Pedro Arantes, optaram por acolher bebês e trazer o carinho familiar que é tão importante nesta fase inicial da vida, concedendo aos pequenos neste natal o amor fraterno, o amar e o cuidar necessários para o seu desenvolvimento.

“Nós queríamos fazer a diferença na vida de alguém, sentíamos que deveríamos fazer algum trabalho voluntário e fomos pedindo a Deus, para que colocasse em nosso coração o que deveríamos fazer. Certo dia, meu marido viu um comercial na televisão que falava do família acolhedora, nessa hora ele me olhou e disse: ‘vamos tentar?’”, relata Tanatyana Motyl, voluntária do programa Família Acolhedora.

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Leovaldo Bonfim e Tanatyana Motyl, voluntários do programa Família Acolhedora

O casal Tanatyana Motyl e Leovaldo Bonfim foram um dos primeiros participantes do projeto Família Acolhedora e para eles, foi uma verdadeira redescoberta da maternidade e paternidade, de se doar em prol de uma vida, dar amor, compartilhar carinho e afeto a uma criança que precisava de um lar.

“Ao participar do programa eu me redescobri, existe o eu antes e o depois da família acolhedora, hoje sou outra pessoa. É impressionante o amor, você acolhe para doar amor, mas você também recebe amor, é um presente que nós recebemos”, conta Tanatyana.

Esse é o primeiro Natal da pequena a qual o casal acolheu através do “apadrinhamento”. Ela tem apenas dois meses e esta fase é muito importante para o desenvolvimento da criança. Receber amor e cuidados nesta fase é essencial, pois contribui em diversas áreas do desenvolvimento infantil, o casal afirma que estar no projeto é o realizar de um sonho.

Faz parte de uma das regras do projeto, os adultos escolherem qual a idade da criança a qual querem acolher e o casal optou por escolher sempre os bebês.

“Muitas pessoas nos falam que é difícil pois tem a fase da separação depois, e nós já acolhemos sete crianças, todas no momento da separação, foi algo muito difícil, pois a gente se apega e cuida como se fosse nosso filho”, enfatiza Tanatyana.

O momento da despedida é um dos mais difíceis, comenta Tanatyana, mas é um sofrimento que todos os pais que participam voluntariamente da família acolhedora, devem estar preparados. Todas essas questões são explicadas durante a capacitação que ocorre ao entrar no programa.

“A primeira bebê, pegamos com 12 dias e entregamos com 8 meses, veja é muito tempo, nós criamos muitos laços, mas sabemos que sempre iremos passar por isso. Então durante esse tempo que os bebês ficam conosco, aproveitamos o máximo que pudermos, passeamos bastante, damos muito amor, carinho e já nos preparando para a pior parte que é a despedida”, salienta a voluntária.

Recepção dos familiares

Ao decidirem fazer parte do Família Acolhedora, a recepção dos familiares também é muito importante. Leovaldo Bonfim, esposo de Tanatyana, comentou que a família estranhou o ato de ter que devolver a criança após um tempo e comentaram ser difícil essa fase da separação, pois até mesmo os familiares acabam transmitindo amor e carinho por aquele pequeno ser que adentrou na família.

“Eles não compreendem que não podemos ficar com o bebê, mas explicamos que sabemos disso desde o primeiro momento que aceitamos entrar no projeto”, destaca Leovaldo.

O casal comenta que ter a criança em sua vida é essencial, é motivo sempre de mudanças positivas e que a cada criança que acolhem, renova ainda mais o amor e o sentimento de gratidão por realizar esse trabalho. Para o casal, os bebês trazem renovação, felicidade e harmonia e procuram sempre aproveitar ao máximo todos os momentos com a criança.

“Nós gostamos muito de viajar, sempre vamos para o sítio, deixamos a criança ter contato com a natureza, com os animais, brincamos muito, aproveitamos tudo”, enfatiza Leovaldo Bonfim.

Nesta época do ano, com o espírito natalino, as demonstrações de afeto e carinho são cada vez mais frequentes e nada melhor do que levar todos esses sentimentos a crianças que muitas vezes estariam sem a sua família nesta data tão especial.

“Então quando chega essa época do Natal para nós é bem gratificante porque primeiramente sabemos que estamos fazendo bem para alguém e além disso, nós também estamos recebendo esse amor, esse carinho. É uma troca que é amorosa. Às vezes estou dormindo e ela passa a mãozinha na gente assim, fazendo carinho, nos dando também amor. É uma nova família mesmo que seja por três meses, ou 4 meses, ou 8 meses, mas é nosso, a gente se sente pai e mãe, ainda que por pouco tempo” destaca Leovaldo Bonfim, voluntário do programa Família Acolhedora.

O casal enfatiza que tudo o que fazem no programa é apenas retribuir tudo aquilo que Deus proporciona diariamente.

“Sempre pensamos em retribuir tudo aquilo que Deus dá para a gente. Então, Deus nos dá uma vida assim maravilhosa e temos que retribuir de alguma forma, nós ao darmos essa atenção  a um ser tão indefeso, também estamos cuidando de Deus. Ele diz que as criancinhas são todas dele, então hoje estamos fazendo bem para ela e para nós também” enfatiza.

É partilhando de muito amor e carinho com as crianças que o casal Ivete Aparecida Arantes e Pedro Arantes também participam do programa Família Acolhedora e nos contam a experiência de transmitir esse amor a uma bebê de apenas 5 meses.

“Algumas crianças já passaram pela nossa família, temos uma filha do coração com 27 anos e decidimos fazer parte da família acolhedora. No início do programa, a gente escolheu adolescente, ele tinha 14 anos e ficou conosco por 9 meses. Depois acolhemos três irmãs, nossa família sempre foi grande, moramos no sítio então quando essas crianças chegavam no sítio, nossa era uma felicidade, brincavam muito no quintal, aproveitavam bastante. E nós sempre ensinando e educando como se fossem nossos filhos, tínhamos horário para acordar, dormir e o amor que a gente sente por eles e eles por nós é imenso!”, declara Ivete, voluntária do programa Família Acolhedora.

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Ivete Aparecida Arantes e Pedro Arantes, voluntários do programa Família Acolhedora

O casal contou que acolher crianças foi o fator principal de mudança na vida de todos, pois a casa fica mais alegre e feliz e embora o momento da despedida seja dolorido, a felicidade de dever cumprido, de ter concedido aquela criança muito amor e carinho é recompensador.

“Gostamos de ensinar, colocar a vida deles assim, mais em dia, com muito carinho ensinando o caminho certo. Tem gente que já disse que a gente é louco porque estamos velhos, mas essas crianças precisam de nós, de alguém para dar amor, cuidar do jeito que elas merecem”, destaca Ivete Aparecida.

O casal com idade entre 62 a 65 anos compartilha de momentos felizes com cada acolhimento que realiza no programa. A família conta que foi a melhor decisão que tomou, uma vez que existem tantas crianças precisando apenas de atenção e cuidados. Participar do Família Acolhedora foi uma mudança de vida muito positiva e que em todos os acolhimentos que já realizaram, as crianças são muito queridas e amorosas. Agora chegando o natal, o casal revela que esta data marca muito a vida dos pequenos, por mais que eles não compreendam muito as coisas da vida.

“A gente não pode perder esse espírito, esse amor, esse afeto que o Natal traz pra gente, criamos na vida dessas crianças um laço muito forte e hoje, muitas pessoas vêm até nós para saber como fazer parte do programa e a gente sempre indica com muita motivação, pois o amor é algo que transforma a vida das pessoas. Fazer com que essas crianças façam parte da nossa família e compartilhar com eles a alegria de ter um laço familiar, não tem preço!”, enfatiza Pedro Arantes, voluntário do programa Família Acolhedora.

No mudo atual, percebemos que atitudes como essas podem realizar grandes mudanças, não somente na vida das crianças que são acolhidas, mas também na vida dos pais que acolhem. Amor, carinho, respeito e confiança, são os valores apresentados e estimulados nessas crianças, que por alguns fatores não podem estar com suas verdadeiras famílias, mas as famílias acolhedoras nos mostram que apenas com um gesto tão simples de acolhimento, podem transformar vidas!

Inscrições abertas e nova capacitação

No mês de janeiro de 2024, o projeto Família Acolhedora realizará mais uma capacitação, a data ainda será divulgada pela Secretaria de Assistência Social. Neste caso, as pessoas que gostariam de fazer parte do programa ainda podem realizar suas inscrições e se estiverem aptas, poderão se qualificar para participar do projeto.

O período de inscrições para participar do programa ocorre durante todo o ano, mas para a capacitação acontecer, é necessário reunir um número específico de famílias, o que gera muita expectativa.

“Nós não fixamos um um calendário ali com um período de inscrição, então durante os 12 meses aceitamos essas inscrições e com antecedência divulgamos a data da capacitação. Então as famílias que tiverem interesse podem nos procurar e esse momento de espera gera grande expectativa nas famílias que querem acolher as crianças e adolescentes”, destaca Valéria da Silva Gomes, assistente social e coordenadora do serviço Família Acolhedora.

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Valéria da Silva Gomes, assistente social e coordenadora do serviço Família Acolhedora

Para realizar a inscrição da sua família no programa, é necessário a apresentação dos seguintes documentos: 

  • Carteira de Identidade;
  • Certidão de Nascimento ou Casamento;
  • Comprovante de Residência; 
  • Certidão Negativa de Antecedentes Criminais emitida pela Vara Criminal da Comarca de Paranaguá/PR. 

Após a apresentação dos documentos, o candidato passa por entrevista com assistente social e psicóloga da equipe. Os interessados em participar como Família Acolhedora devem comparecer na Sede do Serviço Família Acolhedora – anexo ao CAICAVV, localizado na Rua Júlia da Costa, 420, Centro Histórico. Para maiores informações basta entrar em contato pelo telefone: (41)99166-2626.

O que é o Família Acolhedora

O projeto Família Acolhedora é um programa em que as famílias voluntárias acolhem em sua residência, criança ou adolescente afastado da família por medida de proteção, mediante decisão judicial social ofertado pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), do município de Paranaguá. Neste caso, ao invés dessas crianças irem para uma unidade de acolhimento, as famílias cadastradas as recebem para dar atenção e carinho nesta fase de suas vidas.

No programa, as crianças e adolescentes que participam podem ficar por um período de 30 dias a 1 ano com as família que o acolheram.

“É um serviço onde as famílias de Paranaguá fazem a inscrição, passam por um processo de capacitação e ao estarem aptas a família determina qual a faixa etária, se quer menino ou menina para acolher”, ressalta a Assistente Social e Coordenadora do serviço Família Acolhedora.

Vale ressaltar que todo acolhimento é realizado pelo Conselho Tutelar, pela Vara da Infância ou pelo Ministério Público e a família que acolhe a criança ou adolescente recebe um salário mínimo do Governo Federal. 

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Maria Heiffer

Redatora, formada em Letras Português desde 2019 pela Unespar, estudante de jornalismo e revisora de textos acadêmicos. Atuou como redatora em editora e em rádio. Desempenha suas funções na Folha do Litoral News como Microempreendedor Individual (MEI).