Muitas pessoas gostam das festas de fim de ano, já para outras, esse período do ano é conturbado, se sentem ansiosas, cansadas e até depressivas. Existe uma pressão social para a data ser comemorada da forma tradicional, com ceia, troca de presentes etc. Todo o contexto que envolve o fim de ano desperta sentimentos nos indivíduos. A psicóloga clínica e psicopedagoga, Angelica Martins da Silva Pereira, ajudou a entender a importância da comemoração e mencionou os sentimentos que devem ser evidenciados nesse período.
Segundo a profissional, as pessoas devem procurar lidar com essa época do ano da forma mais autêntica, natural, singela e leal com aquilo que sente. “Permitindo-se identificar, expressar o que sente, o que faz sentido para si escolher e realizar nessa época do ano. Natal e final de ano implicam em dois processos interessantes de reflexão, pois falamos em “nascimento e finalização”: nascimento marcante para a humanidade e finalização de um ciclo de 365 dias; assim, muitas emoções são despertadas, cada qual com sua intensidade individual pela história de vida, tradições e rituais familiares, condições econômicas, aspectos religiosos, influência do comércio em torno da comemoração. Principalmente, procurando o equilíbrio e bom-senso no envolvimento com os preparativos da festividade”, disse Angelica.
A importância de comemorar ou não as festas do final de ano está relacionada ao significado que cada um entende para esses momentos, de acordo com as experiências vivenciadas. No entanto, a psicóloga afirma que é importante comemorar a data.
“O Natal é uma data mundialmente celebrada há mais de dois mil anos pelo significado do nascimento de Jesus Cristo, figura mais importante para o Cristianismo; para os cristãos e também para àqueles que não associam à religiosidade, é unânime, é um gesto coletivo comemorar com festas, alegrias e sentimentos bons o nascimento, ou seja é o começo de uma vida que pode ser uma pessoa, animal, planta ou algo que estimula no ser humano áreas do cérebro relacionadas ao bem-estar, à felicidade. Pensando pelos benefícios emocionais que tendem a proporcionar em algum momento da vida da pessoa, afirmo que é importante a celebração do Natal e festa de final de ano”, salientou.
Reflexão
Essa época também é conhecida pelas reflexões do que foi ou não possível realizar. “Entendo ser saudável realizar uma retrospectiva sobre o ano vivenciado, incluindo a retomada dos planos iniciais do começo do ano com pontuações às conquistas, realizações e até mesmo o que não deu certo, como uma forma de organização e aprendizagem em perceber-se e compreender-se emocionalmente diante dos fatos marcantes com os sentimentos de satisfação e àqueles fatos não marcantes com sentimentos de insatisfação, frustrações”, ressaltou Angelica.
União, empatia e saudade
No Natal também pode ser percebida uma mistura de emoções. “Há os sentimentos em torno de uma festa comum à humanidade, que estimula sentimentos iguais ou semelhantes em muitas pessoas, como alegria, paz, união, sonhos, saudades, solidariedade, empatia. E além de sentir, expressá-los verbalmente pode ser um exercício prático de exploração ao que é benéfico, funcional para o amadurecimento emocional”, declarou a psicóloga.
Mas, a data também faz recordar momentos especiais com pessoas que partiram. “Diante de sentimentos e emoções contrárias, como tristeza e saudade pelo luto de um ente querido, muito comum evidenciar-se nessa época, orienta-se buscar acolhimento com pessoas de confiança, atenciosas e com vínculo afetivo para amenizar sofrimento nesses momentos de lembranças diversas”, completou Angelica.
Crianças
O Natal, a comemoração e todos esses sentimentos também são importantes para as crianças. “Elas são seres em desenvolvimento biopsicossocial e espiritual, assim educá-las através das tradições de datas marcantes pelos seus significados é essencial para o desenvolvimento e amadurecimento emocional através da estimulação aos bons sentimentos, imaginação, do lúdico dessa época, proporcionando recursos individuais à construção da verdadeira mensagem de Natal e final de ano ao longo do crescimento evolutivo da criança”, concluiu a psicóloga.