Ficar nervoso antes de fazer uma prova ou ter muita expectativa para algo que está prestes a acontecer são situações comuns do cotidiano em que a ansiedade tende a aparecer. No entanto, quando aparece em excesso pode se tornar um transtorno, atrapalhar a vida e vim acompanhada de sintomas físicos como, por exemplo, a insônia. O problema é tão pertinente e atual que a velocidade com que as coisas acontecem fizeram com que a ansiedade seja tratada como o “mal do século”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no primeiro ano da pandemia de Covid-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25% em todo o mundo, especialmente entre jovens e mulheres. Outro estudo indica que o Brasil tem a maior prevalência de ansiedade no mundo.
A psicóloga Jessy Nicole Mello de Souza explicou que o transtorno de ansiedade é um transtorno psicológico que pode afetar gravemente o bem-estar e saúde de quem sofre com ela e das pessoas ao redor. “A psicoterapia e o acompanhamento com um médico psiquiatra são partes fundamentais do tratamento”, afirmou.
Buscar ajuda profissional é importante não apenas para quem sofre com o transtorno de ansiedade e as crises, mas também para quem precisa aprender a melhor forma de lidar com alguém do seu convívio e que passa por isso.
“O transtorno de ansiedade também envolve preocupações intensas e irrealistas, muitas vezes acompanhadas por sintomas físicos, como aumento da frequência cardíaca, sudorese, tremores e sensação de aperto no peito”, frisou Jessy.
Segundo a profissional, existem diferentes tipos de transtornos de ansiedade, como transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobias específicas e transtorno de ansiedade social, entre outros. “Cada um deles apresenta características e sintomas específicos, mas todos compartilham a característica de uma ansiedade excessiva que afeta a vida cotidiana”, comentou Jessy.
A ansiedade também pode manifestar-se de maneira mais leve e ocasional, como ansiedade de desempenho antes de um evento importante ou nervosismo ao enfrentar uma situação nova. “Essa forma de ansiedade é considerada comum e pode ser até mesmo benéfica, pois pode melhorar o foco e a atenção em situações desafiadoras”, completou a psicóloga.
Desta forma, a ansiedade é uma emoção comum que todos experimentam, mas quando se torna excessiva e prejudica a vida diária, pode ser um sinal de um transtorno de ansiedade.
Sintomas mais comuns
Entre os sintomas que mais acometem os indivíduos, estão: sensação de fraqueza ou cansaço constantes; distúrbios do sono; tensão ou dores musculares; hiperventilação, condição em que a pessoa começa a respirar muito rápida e descompassadamente; sudorese; tremores; dores de cabeça; e problemas gastrointestinais, como diarreias ou náuseas.
“É importante pontuar que apresentar apenas um ou mais sintomas não necessariamente caracteriza um quadro de ansiedade, embora possa ser um indicativo. A melhor forma de identificar um quadro de ansiedade é procurando uma psicóloga ou psiquiatra. Eles são os profissionais indicados para realizar o diagnóstico correto e, se for o caso, indicar o tratamento mais adequado”, ressaltou Jessy.
Problema pode ser evitado
A psicóloga deu algumas dicas de como a ansiedade de forma patológica pode ser evitada. De acordo com ela, é importante desenvolver o autoconhecimento, respeitar sua própria história e a liberdade de ser quem é, praticar o autocuidado, evitar comparações, não buscar a perfeição, ser mais compassivo com seus erros, validar as suas vitórias, trabalhar a respiração e compreender os próprios sentimentos.
“Mal do século”
A ansiedade hoje é considerada o “mal do século”, por estar associada a velocidade com que as coisas acontecem nos últimos tempos, ao excesso de informação e a urgência aplicada em tudo na vida. “A ansiedade é considerada o mal do século, pois aflige pessoas em diferentes faixas etárias e se manifesta independente da posição social ou cultural, afligindo a sociedade de modo geral”, disse a psicóloga.
A correria do dia a dia e o estresse contribui para a utilização do termo. “O fato de tudo ocorrer numa velocidade espantosa, graças, em parte, ao aparato tecnológico que desfrutamos, que levam as pessoas a estarem sempre com pressa, tudo é “para ontem”, “para já”, a correria não cessa, é uma aceleração constante, são preocupações com a vida, família, economia, segurança, bens, procura por status, as perdas, o estresse do dia a dia, todo esse acúmulo de situações estressantes podem levar cada vez mais pessoas a desenvolverem o transtorno de ansiedade”, explicou Jessy.