As mães sabem que um dia os filhos trilharão o próprio caminho. O problema é que existe uma enorme lacuna entre entender e aceitar quando se encontra diante do momento de conceder a carta de alforria para a prole seguir seu rumo.
Essa partida se dá por inúmeros motivos. Dentre eles, pode-se apontar: alguns porque se casam, outros porque resolvem fazer intercâmbio, há também aqueles que são promovidos no trabalho, razão pela qual assumem o cargo em uma outra cidade, isso para citar alguns exemplos, mas o fato é que vão embora.
Não há nada de errado nessa situação. Muito pelo contrário, a autonomia que adquirem daí em diante só reitera que o trabalho de educar foi realizado com sucesso.
De repente, as mães se veem sem os cuidados e os afazeres diários que, por anos seguidos, foram dedicados aos filhos.
Sobra-lhes “tempo”, esse artigo de luxo, que a maioria dos mortais almeja para aliviar a agenda sobrecarregada, mas com uma sensação de vazio.
Não é difícil entender a causa desse vazio, afinal, as mães passam boa parte da vida orquestrando um lar. Mesmo que o trabalho profissional tenha sempre exigido delas uma ausência, ainda assim, por convenção ou por fazer parte desse lado feminino, são elas, em sua maioria, que delegam as tarefas, estando ao alcance do olhar ou do outro lado do mundo, organizam a logística e cobram para que tudo funcione com harmonia.
Agora, que os filhos estão fora, não há mais uma pessoa a quem precise pedir para apagar a luz, escovar os dentes, pentear aqueles cabelos desgrenhados, juntar a roupa do chão, organizar o quarto, ou seja, não é à toa que isso cause estranheza.
A residência vira um silêncio e torna-se torturante passar pelos quartos dos filhos e encontrá-los desocupados e, pasme, com tudo no devido lugar.
Para aplacar a saudade, param diante dos porta-retratos espalhados pelos móveis, reveem vídeos de quando as crianças eram pequenas e querem saber notícias. A tecnologia está aí para dar uma força. Assim, as chamadas de vídeos aliviam um pouco a presença física, mas em hipótese alguma substituem os abraços, o cheiro, o colo de mãe que é sempre um lugar de aconchego.
Na sequência, os dias avançam e a dor do ninho vazio vai se atenuando. Aos poucos, as mães conseguem devolver o olhar para si. Descobrem tarefas prazerosas e intensificam os momentos de lazer.
Há de se recuperar a graça na vida depois que os filhos seguem caminho. Mas sorrir com o rosto todo e sentir o coração vibrar de felicidade é quando se recebe a mensagem ou o telefonema dizendo que eles estão vindo passar uns dias em casa.