A palavra ágape tem alguns significados, entre eles o amor que se doa, o amor incondicional, o amor que se entrega. É baseado nessa entrega que o Projeto Social Ágape, em Paranaguá, tem oferecido esperança, acolhimento emocional e autoestima para crianças e jovens vítimas de violência. O projeto é uma Organização Não Governamental (ONG), de caráter assistencial e educacional.
A coordenadora pedagógica do Projeto Social Ágape, Selma Meira, contou que a iniciativa começou suas atividades em 1996. “Quando a Prefeitura de Paranaguá propôs uma parceria para o projeto ser responsável pela creche Regina Domit no bairro Porto dos Padres. Desenvolveu suas atividades como creche até 2004. Nesta época, a prefeitura atendendo uma solicitação do Governo Federal, solicitou a devolução do imóvel. E, em 2007, após pesquisar o que Paranaguá precisava, identificou-se uma lacuna no trabalho com pessoas vítimas de violência. A prefeitura até tinha, mas a demanda era grande”, observou Selma.
Desta forma, o trabalho iniciou oferecendo suporte a crianças e adolescentes vítimas de violência. “A proposta de trabalho é para, semanalmente, atendermos até 30 pessoas. Neste momento, estamos retomando, pois cabe à Secretária de Assistência Social encaminhar as crianças e adolescentes. Estamos fazendo o credenciamento com pais e crianças e adolescentes, para que baseado nas suas demandas, o planejamento seja realizado”, afirmou Selma. O presidente do Projeto Social Ágape é o Pastor Nivaldo Cavallari.
Novo prédio
Atualmente, o Projeto Ágape atende na Rua Manoel Maia, próximo da Avenida Roque Vernalha, no bairro Raia. No entanto, recentemente a iniciativa ganhou um espaço novo, no bairro Jardim Alvorada, que em breve estará em funcionamento. O prédio foi concluído em outubro deste ano, consequência de um esforço e parceria com a Feira da Partilha, que acontece anualmente com doações de mercadorias apreendidas pela Receita Federal para angariar recursos para ações sociais da cidade.
“O novo prédio, apesar de ser bem maior das atuais instalações, terá o mesmo objetivo. A proposta também, uma vez que temos um auditório grande, a ideia é fazer uma escola de música. Os primeiros contatos já foram realizados, pois a intenção é fazer a parceria com o Projeto Vida e Arte da Primeira Igreja Batista de Curitiba”, revelou Selma, sobre os planos que devem sair do papel no próximo ano.
Segundo ela, a vontade e a necessidade de ter uma sede começou já no reinício da nova fase do projeto. “No entanto, somente em 2016 ganhamos um container da Receita Federal com o objetivo de vender as mercadorias doadas e reverter em recursos para a compra do terreno. Somente em 2019, após apresentarmos o projeto para a equipe da Feira da Partilha é que fomos contemplados pela Receita. Sem a Receita Federal seria impossível ter a sede que hoje temos”, reiterou a coordenadora.
Ela ressalta que também receberam ajuda de empresas da cidade como Cattalini e Rocha, além de algumas lojas que fizeram um bazar solidário. “Dessa forma, conseguimos concluir as obras”, salientou Selma,
Para 2023, os membros do projeto estão entusiasmados com a nova sede e com a possibilidade de trazer esperança para mais pessoas. “Que estas pessoas se sintam amadas e lembrem que vale a pena viver. Aguardamos o convênio com a secretária da Assistência Social, pelo qual teremos a oportunidade de contratar recursos humanos, como assistente social, psicóloga e pedagoga. Estes profissionais trarão mais qualidade ao nosso trabalho”, disse Selma.
Voluntariado
Todo o trabalho é feito por um grupo de voluntários. “Nossas oficinas são de Reforço Escolar, Culinária, Psicomotricidade, Música, Artesanato, Capelania. Desta vez, ampliamos nosso atendimento para jovens a partir de 14 anos até 17 anos. Inicialmente, trabalhávamos somente com crianças de 6 a 14 anos”, contou a coordenadora do projeto.
Para Selma, os voluntários são fundamentais para amparar essas crianças e adolescentes que tanto precisam. “Moramos em um município onde há uma concentração de crianças vítimas de violência. Trabalhar com essas crianças que passam por todo sofrimento, por momentos muito difíceis, que perdem a esperança, eu garanto que o nosso trabalho vem ao encontro de atender essas necessidades, quem trabalha conosco, no dia a dia, são pessoas que reconhecem essa fragilidade e dentro desse contexto temos que oferecer suporte para essas crianças e adolescentes”, disse Selma.
“Nós propomos um espaço afetivo, educativo e espiritual como uma alternativa de resgatar relações consigo mesmas e com a sociedade. Ter esse espírito de generosidade, são pessoas em sua maioria de voluntários que se propõem a doar um pouco do seu tempo”, completou Selma.