Por: Kátia Muniz
Sábado, final da Copa Libertadores entre Flamengo e Atlético. O Flamengo ganhou e as ruas foram tomadas por torcedores que extravasavam a alegria pela vitória cantando o hino do time, também erguiam a bandeira que os representa nas cores vermelha e preta, acionavam a buzina dos carros e das motos, lançavam ao céu fogos de artifício, promovendo assim muito estardalhaço. Porém, a euforia duraria algumas horas, depois cada um seguiria a sua vida.
Enquanto o barulho corria solto lá fora, abri o celular a fim de me distrair. Acessei as redes sociais e, para minha surpresa, a impressão era a de que os demais usuários estivessem num ringue. Era véspera de eleição e, por sinal, a mais acirrada de todos os tempos. Cada qual se mantinha a postos para sair em defesa do seu candidato. Postagens inundavam a linha do tempo, enquanto agressões por escrito eram registradas nos comentários. Salve-se quem puder. Afinal, a proteção de tela não protege desse lado nada amistoso que veio à tona por conta dessa disputa eleitoral.
Tempos atrás, no meio de uma pandemia, era comum ouvirmos: “Quando tudo isso acabar, seremos pessoas melhores”.
Ô, e como! Basta uma rápida passada pelo campo minado das redes sociais e, visivelmente, dá para perceber quanto.
Saltemos para o domingo, dia de eleição. Depois da apuração dos votos, uma nova concentração, só que desta vez com eleitores nas ruas. Mais buzinas, mais gritos, mais fogos de artifício, mais música alta. Novamente o barulho foi convocado, mas interrompido, naquela noite, por uma chuva torrencial que caiu e dispersou os mais insistentes.
Porém, diferentemente, dos torcedores flamenguistas que iniciaram e encerraram o festejo do título na mesma noite, os ecos provocados por essa eleição perduram mesmo com ela encerrada.
Escrevo esta crônica com antecedência e, neste momento, mais uma manifestação acontece. Difícil fazer uma projeção de como serão os próximos dias.
É possível, caro leitor, que ao ler este texto, quando enfim for publicado, os ecos desse episódio tenham finalizados. Mas há uma pergunta que inquieta: Será?