Para compreender plenamente a Maçonaria, e os Maçons, é necessário antes entender que, “dos mais evidentes aos mais profundos ensinamentos, tudo nela se ensina de forma abstrata e simbólica. A interpretação literal não permitirá jamais absorver toda a beleza desta escola filosófica, filantrópica, educativa e progressista.” Na semana anterior, verificamos que para que seja alcançado o objetivo da Maçonaria de “auxiliar o desenvolvimento da humanidade enquanto sociedade organizada”, o Maçom deve ser um construtor social e formador de opinião.
Nesta condição, inicialmente é necessário ao Maçom reconhecer a própria ignorância, e buscar continuamente a sabedoria, através do conhecimento, do estudo e da humildade, de forma que, quando formular suas próprias opiniões, estas sejam devidamente fundamentadas na abstração e na Ciência. Desta forma, o paradoxo socrático “só sei que nada sei”, revela que reconhecer e admitir a própria ignorância não é um “defeito”, mas a base para o abandono da opinião (doxa) e a busca pelo conhecimento verdadeiro (epistéme), sendo este o objetivo da filosofia, a reflexão geral em torno da natureza, etapas e limites do conhecimento humano.
A “abstração” é a “operação intelectual em que um objeto de reflexão é isolado de fatores que comumente lhe estão relacionados na realidade”, o que nos leva a “perceber as relações entre diferentes ideias, crenças ou elementos do ambiente externo e interno. Além disso, nos ajuda a inovar, criar, imaginar, desenvolver novas ideias, aprender com as experiências do passado e refletir sobre o futuro.” Difere, portanto, do pensamento concreto, que é “aquele pensamento literal baseado no tempo e no espaço presentes.”
O pensamento abstrato é “uma das últimas habilidades cognitivas que os seres humanos adquirem a um nível evolutivo”, e consiste na “capacidade de compreender as propriedades essenciais e comuns. Serviria para manter em mente os diferentes aspectos de uma situação, para prever e planejar o futuro, para pensar simbolicamente e tirar conclusões.”
“Ciência”, recordemos, é o conhecimento adquirido através da observância de regras e procedimentos básicos, o método científico, um processo organizado, lógico e sistemático de pesquisa, instrução, investigação e apresentação dos resultados. “Na maioria das disciplinas científicas (o método) consiste em juntar evidências empíricas verificáveis — baseadas na observação sistemática e controlada, geralmente resultantes de experiências ou pesquisa de campo — e analisá-las com o uso da lógica”, a parte da filosofia que trata das formas do pensamento em geral (dedução, indução, hipótese, inferência etc.) e das operações intelectuais que visam à determinação do que é verdadeiro ou não.
Diante da responsabilidade assumida com o objetivo da Maçonaria, antes de manifestar-se publicamente sobre qualquer assunto, o Maçom necessita fazer uma avaliação profunda sobre suas convicções pessoais, especialmente se estas estão realmente aderentes aos ensinamentos morais que tem recebido na Ordem, bem como refletir adequadamente sobre os efeitos que a sua opinião, uma vez emitida, poderá produzir no outro e na sociedade.
Somente então poderá o Maçom trabalhar conscientemente para que o seu entendimento sobre determinado assunto seja levado a público. “O indivíduo, em seus julgamentos, tem consciência clara de seus dotes reais, não como motivo de orgulho, mas de responsabilidade em utilizá-los para fins morais mais elevados, e tem igualmente consciência de suas limitações, sem todavia deixar-se abater por esse motivo.”
Com base em obra de N. Aslan, citando M.F. dos Santos, em “Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais”, e R. P. Ávila S.J. Pesquisa em amenteemaravilhosa.com.br; Ciberdúvidas; Dicionário online Oxford Languages; dicio.com.br e significados.com.br.
Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])
