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Polícia Civil combate ‘vazadas’ e apreende 10 toneladas de fertilizantes e farelos em Paranaguá

Dez toneladas foram apreendidas e duas pessoas foram presas em flagrante nesta semana pela PCPR por crimes de vazadas (Foto: PCPR)

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Roselangela Isabel dos Santos foi presa na Vila São Jorge na quinta-feira. Segundo PCPR, ela faz parte de uma organização criminosa que atua no tráfico de drogas e nas vazadas contra caminhoneiros em Paranaguá

No início da tarde da quinta-feira, 4, a 1.ª Subdivisão Policial de Paranaguá (1.ª SDP/PCPR) realizou a prisão em flagrante de Roselangela Isabel dos Santos, de 51 anos, no bairro Vila São Jorge. No local da prisão, um terreno preparado para o recebimento de cargas furtadas de caminhões, funcionava a estrutura para a separação do material e embalagem dos produtos, para a venda. Esta foi a segunda ação da semana contra o furto de cargas no município, totalizando a apreensão de cerca de 10 toneladas de fertilizantes e farelos, oriundos da abertura de bicas de caminhões em vias da cidade.

Segundo a Polícia Civil, no local onde era armazenado e embalado o fertilizante furtado, havia uma inscrição ao lado da figura de um palhaço, o que relaciona o crime praticado com uma organização criminosa ligada ao tráfico de drogas. Roselangela foi autuada em flagrante pelo crime de receptação qualificada de aproximadamente duas toneladas de sulfato de amônio, que foram apreendidas na ação da PCPR.

De acordo com a Polícia Civil, a presa tem passagens pelo mesmo crime. "Roselangela foi alvo de um vídeo gravado por um caminhoneiro, no momento em que, às margens da estrada, carregava seu veículo com produto das vazadas. Com isso, identificada a sua residência, passou a ser investigada pela Polícia Civil", explica o delegado-adjunto e operacional, Nilson Diniz, que comandou as investigações. "Vale destacar que, concomitantemente, a Polícia Civil realizou a apreensão de mil quilos de soja e farelos, em um terreno, na Quintilha, produto que era levado ao local por Roselangela", completou o delegado.

Esta foi a segunda ação da PCPR de repressão contra as vazadas em Paranaguá. "É importante frisar que serão intensificadas as ações, com o objetivo de responsabilizar, não só os autores de furtos e receptação, mas todos os que estão se beneficiando dessa espécie de crime. Ressalto que as ações só estão sendo possíveis, em razão da ajuda que a Polícia Civil vem recebendo de várias empresas do setor, as principais lesadas com essa espécie de crime", afirmou o delegado da 1.ª SDP, Nilson Diniz.

DEPÓSITO NA COSTEIRA COM SETE TONELADAS DE FERTILIZANTES

De acordo com o delegado, o vídeo gravado por caminhoneiro flagrando Roselangela carregando um carro, com o material furtado, serviu de base para iniciar a investigação. "Este fato foi registrado em um local próximo onde os caminhoneiros são vítimas de vazadas. O vídeo viralizou e, a partir daí, a investigação foi iniciada", destaca Diniz, ressaltando que já na segunda-feira, 1.º, um depósito de fertilizantes e farelos na Costeira foi "estourado" pela PCPR onde havia sete toneladas de produtos furtados. "Temos elementos que comprovam que neste depósito a movimentação diária excedia os mil ou dois mil quilos, ou seja, em uma semana teria 15 mil quilos no local", complementa. "Fizemos a apreensão e autuamos a pessoa que ali estava, que seria um dos receptadores", explica Diniz.

"É um esquema muito grande, maior do que já foi revelado. Vamos continuar as diligências para responsabilizar a todos", ressalta o delegado Nilson Diniz

INVESTIGAÇÕES CONTÍNUAS

O fechamento do depósito no bairro da Costeira foi apenas uma parte da operação contra as vazadas nesta semana. Já na segunda-feira, 1.º, o foco foi encontrar Roselangela, que era a "cabeça" da operação, algo que ocorreu na quinta-feira, 4. "Encontramos e fechamos o local, que tinha duas toneladas de fertilizante. Durante a diligência, a investigada chegou ao local e se apresentou como proprietária, falando que a carga não era dela, mas dos adolescentes que estavam abrindo as bicas, olhando o local encontramos os sacos que eram usados para acondicionar os produtos do ilícito, foi então que ela mencionou que era a figura que servia de meio de campo entre os autores do furto e receptadores. Os adolescentes abrem as bicas, para frustrar eventual responsabilização, despejam o fertilizante na rua, fazem a varrida e colocam os sacos e levam ao terreno, onde é feita a separação e acondicionamento", explica o delegado.

Após isso, de acordo com Diniz, Roselangela ia com o seu veículo, recolhia o fertilizante já em sacos devidamente separados, e repassava ao receptador final. "É um esquema muito grande, maior do que já foi revelado. Vamos continuar as diligências para responsabilizar a todos. Os receptadores agora sabem que são alvos de uma investigação realizada pela 1.ª SDP. São duas pessoas já presas e fechamento do maior depósito de fertilizantes e farelos de vazadas em Paranaguá", explica.

"Além disso, muitas pessoas estão se aproveitando da atividade de limpar caminhões para dissimular a origem ilícita do bem, apresentando produto como adquirido da limpeza, mas na verdade ele é misturado com o produto oriundo da abertura de bica e, quando abordados pelas autoridades, eles se apresentam como responsáveis pela limpeza. Isto traz dificuldade para responsabilizar as pessoas", detalha.

APREENSÃO DE FERTILIZANTE

Segundo ele, a ação ousada das gangues de vazadas exige uma investigação contínua e detalhada para responsabilização dos criminosos. "Isto vai trazer frutos positivos no final, reduzindo este furto qualificado de crime de abertura de bicas em Paranaguá, que vem causando prejuízo imenso aos empresários do município. Cada tonelada desviada gera ao receptador intermediário o lucro ilícito de aproximadamente R$ 1 mil. Se levar em conta que todo dia isso vem ocorrendo, que vão sendo despejados três mil quilos de produto nas ruas, você pode perceber que eles estão aferindo muito lucro com este crime. Isto demanda uma repressão enérgica do Estado, algo que está sendo feito pela PCPR. Em uma semana apreendemos quase 10 toneladas de fertilizantes", destaca, ressaltando que o produto será doado pelas autoridades.

"É uma resposta para a sociedade e para as empresas de que a PCPR está agindo contra os responsáveis pelas vazadas. Contem com a Polícia Civil, temos dois canais de recebimento de denúncias, com localização dos locais de destinação dos produtos de vazadas, algo que pode ser feito pelo telefone (41) 3420-3600 ou pelo telefone 197. Os dados do denunciante são mantidos em sigilo", explica, ressaltando que informações anônimas serviram de base para as prisões. "Agradecemos a várias empresas que estão cooperando com a Polícia Civil, que estão colaborando conosco na engenharia de retirada do produto ilícito destes depósitos", completa.

"Vale ressaltar que não se adquire fertilizante e qualquer produto sem nota fiscal, até para a sua própria segurança, algo que representa crime de sonegação. Temos que ter responsabilidade, pois, caso contrário, estas pessoas estão fomentando a continuidade das aberturas de bica e colocando os caminhoneiros em situação de perigo", afirma o delegado da 1.ª SDP.

Nos depósitos, é feita a separação dos produtos em sacos e repasse posterior para receptadores que estão sendo identificados pela PCPR (Foto: PCPR)

LOCAL DO CRIME É NA ENTRADA DA CIDADE

Segundo o delegado Nilson Diniz, há um esquema realizado possivelmente por moradores na entrada da cidade ou pessoas que se dirigem a esses locais para abertura de bica e varrida do fertilizante por várias pessoas. "Após isso é feita a entrega do produto no depósito que também é na entrada da cidade, como o local da ação da quinta-feira, que foi na Vila São Jorge", acrescenta. "Isto leva a crer que as pessoas residem nestas localidades. As ações de policiamento nestes locais vão ser intensificadas, que são pontos que se encontram em obras, lombadas ou de fluxo intenso. Já foi decidido que vai ser feito um patrulhamento contínuo pela Polícia Militar do Paraná (PMPR). Eventualmente ocorrendo o delito quem vai investigar é a PCPR", destaca, pedindo que os caminhoneiros registrem qualquer caso de vazada na entrada da cidade na 1.ª SDP.

LIGAÇÃO COM O CRIME ORGANIZADO

Uma outra novidade da investigação é que no terreno onde era feita a separação do fertilizante desviado na Vila São Jorge teria identificação de uma organização criminosa. "Foi colocado um desenho, um símbolo, dando conta de que ali seria uma área de atuação desta organização. Isto leva a PCPR a ter a certeza de que os crimes de vazadas possuem vínculo direto com o tráfico de drogas. São delitos acessórios ao tráfico", explica.

Diniz afirma que os indivíduos que estão realizando a abertura de bica estariam trocando o fertilizante por drogas comercializadas por esta organização criminosa. "Mais uma vez o tráfico está fomentando o crime de furto. Por isso que digo quando agimos contra o tráfico de drogas, isto acaba gerando uma redução imediata dos delitos acessórios, um deles as aberturas de bicas. Quem possui vínculo com o furto ou roubo de carga vai ter a repressão da Polícia Civil. Temos conhecimento de que vários receptadores são traficantes de drogas", finaliza o delegado da 1.ª SDP.

Em um dos depósitos foi encontrada a identificação de uma organização criminosa que atua no tráfico de drogas em Paranaguá, demonstrando a ligação com as "vazadas" (Foto: PCPR)

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