Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes era seringueiro, sindicalista e ativista político ambiental da década de 80. Natural do Acre ele não achava correta a exploração dos seringueiros e a vida na pobreza que eles viviam. As relações de trabalho desiguais geravam miséria, o endividamento constante e castigos físicos aos trabalhadores que protestassem contra a situação. Após completar 44 anos, em 22 de dezembro de 1988 Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa quando saía para tomar banho. O assassino responsável pelos disparos foi Darci Alves cumprindo ordens de seu pai, Darly Alves, grileiro de terras da região. Chico Mendes denunciou com antecedência ao Jornal do Brasil as ameaças de morte que havia recebido e o mesmo se recusou a publicar esta entrevista sob a acusação de que o entrevistado era desconhecido do grande público e que politizava demais a questão ambiental, optando por não publicar a matéria. Após o assassinato a matéria foi publicada por este jornal.
Em 2005 tivemos o assassinato da ambientalista Dorothy Steng que atuava em defesa dos trabalhadores rurais sem terra no estado do Pará. Em 2019 Maxciel Pereira dos Santos, ativista em defesa dos indígenas da Terra Indígena do Vale do Javari, na Amazônia, foi morto. Ainda em 2019 tivemos o assassinato de Paulo Paulino Guajajara, responsável por fiscalizar e denunciar invasões na mata na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Neste mesmo ano um grupo de garimpeiros assassinou o cacique Emyra Wajãpi, de 68 anos. A morte foi o início de um ataque à aldeia Mariry no Amapá, que se concretizou com a invasão de 50 garimpeiros no local. Em 2020, o indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, que denunciava extrações ilegais de madeira dentro da aldeia de povo indígena, foi encontrado morto no distrito de Jaru (RO). Em 2021 o casal de trabalhadores rurais, Reginaldo Alves Barros e Maria da Luz Benício de Sousa, foi assassinado no município de Junco do Maranhão (MA). Maria da Luz era ativa em movimentos sociais em defesa do direito à terra e era suplente da direção do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) da região. Muitos outros morreram.
E em 2022? Mais um caso. O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista Dom Phillips, vozes dos povos indígenas com o trabalho realizado por eles na Amazônia, foram mais 2 vítimas entrando para cruéis estatísticas como a divulgada em 2020 pela ONG Global Witness. No ranking global, segundo esta ONG, o Brasil aparece na quarta posição, com 20 assassinatos, atrás de Colômbia (65 mortes), México (30) e Filipinas (29). Até quando a ganância e a destruição da natureza levarão vidas que prestam um serviço muitíssimo relevante ao planeta? Quantos “Chicos” ainda irão morrer?