No dia 18 de maio, foi condenado a 24 anos de prisão em regime fechado, Heros Ferreira, 33 anos, em Tribunal do Júri ocorrido no Fórum de Paranaguá. A condenação ocorreu devido ao crime cometido por ele do feminicídio da sua esposa, Steffany Caroline de Souza, 25 anos, algo que aconteceu na madrugada de 9 de junho de 2020, no bairro Porto dos Padres. A morte aconteceu na própria residência do casal, onde Heros desferiu golpes com uma peça automotiva na cabeça da vítima até seu óbito. A motivação alegada pelo responsável do crime teria sido uma discussão do casal na noite anterior. O crime aconteceu na frente dos filhos, enquanto Steffany estava dormindo.
A advogada de defesa da família da vítima, Aline Vasconcelos, que atuou no Júri junto ao advogado Felipe Strapasson explicou a condenação. “Ele foi condenado em um regime fechado com uma pena de 24 anos. Realmente, este crime chocou Paranaguá. Eu analiso essa resposta do Judiciário como algo muito positivo referente à família. Sinto que esse processo acalmou o coração desta família. Obviamente, a gente não pode dizer que foi um resultado feliz, porque feliz mesmo seria se ela estivesse aqui. Entretanto, é importante que a gente fale que Paranaguá não aguenta mais este tipo de situação e o resultado do Júri nós tivemos como satisfatório referente a isso”, explica.
“O Júri começou por volta das 13h e foi encerrado por volta das 23h45. Em todo este período, eu fico muito feliz, pois tanto a população de Paranaguá e quem estava no Júri em si, no Conselho de Sentença, estava todo mundo muito atento referente a tudo que estava acontecendo. Foi um Júri muito participativo e, felizmente, conseguimos que a Justiça fosse feita referente ao caso”, detalha a advogada.
De acordo com Vasconcelos, Heros prosseguirá na Cadeia Pública de Paranaguá. “Ele irá para Curitiba muito provavelmente na CCC que é uma cadeia direcionada a crimes de violência contra a mulher e também crimes de violência sexual. Diante disso, acreditamos que ele cumprirá a pena nesta cadeia específica”, ressalta.
Pena
Com relação à tipificação criminal, a advogada explica que o autor foi condenado nas disposições do artigo 121, § 2º, incisos I, III, IV e VI, este último combinado com o § 2º – A, inciso I, e § 7º, inciso III, do Código Penal observando-se o disposto na Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos) e da Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha). “Foi um feminicídio acrescentado com a pena maior por um motivo torpe, ou seja, um motivo desprezível, vil, repugnante, por meio cruel, tendo em vista que foi por meio de um pistão de trator com que ele golpeou ela várias vezes”, detalha.
“A pena também aumentou pela impossibilidade de defesa da vítima, tendo em vista que ela estava dormindo. Além disso, aumentou a pena também porque ele praticou o crime em frente às duas crianças do casal, na época, uma de oito meses e uma de quatro anos”, informa Aline.
Família e filhos
Com relação à família e aos filhos de Steffany, a operadora do Direito explica que a dor segue ainda muito grande com a perda da vítima. “As crianças passam por psicólogos até hoje. Elas tem terror noturno”, detalha. “Eu espero como advogada que esta sentença, que obviamente não trará ela de volta, traga um pouco mais de conforto ao coração da família”, salienta.
Sobre o caso
A morte de Steffany aconteceu por volta das 4h da manhã do dia 8 de junho de 2020. Heros Ferreira, que confessou o feminicídio, inclusive acionou a Polícia Militar do Paraná (PMPR) na época, que foi até a residência do casal no Porto dos Padres. Além da vítima e esposo, estavam no local as duas filhas do casal, que na época tinham quatro anos e oito meses de idade.
O autor recebeu os policiais na porta da casa, estando com a filha menor no colo, confessando o crime, que foi cometido por meio de uma peça automotiva, que era usada como peso para a porta. Ele relatou que durante a noite discutiu com Steffany e que teria supostamente sido xingado e humilhado pela companheira. Ainda de acordo com Heros, o casal teria deitado para dormir, no início da madrugada e, por volta das 2h30, ele levantou para ir ao banheiro. Na volta, ele pegou o objeto que estava em cima de uma geladeira e desferiu vários golpes na cabeça da esposa, que estava deitada, de costas, possivelmente dormindo.
Ao perceber que a companheira não se mexia, ele acionou a PMPR e relatou o caso. Viaturas foram para o endereço indicado e constataram o fato. Socorristas do SAMU também estiveram na residência e atestaram já no local o óbito da vítima. O local foi isolado e, depois da perícia, realizada pela Criminalística, o corpo de Steffany Caroline da Silva foi encaminhado para a sede do Instituto Médico Legal.
Heros Ferreira, que trabalhava como pedreiro, foi preso em flagrante e conduzido por policiais militares e civis para o plantão da Delegacia Cidadã na data do crime, onde ficou recolhido. Steffany Caroline da Silva era doceira e bastante conhecida no bairro onde morava com a família. Sua morte causou comoção entre familiares, amigos e sociedade local. As duas filhas do casal, na época, foram entregues para uma equipe do Conselho Tutelar, acionada durante a madrugada. As crianças ficaram com familiares da vítima.