Maçonaria

Educação e trabalho (1)

A Maçonaria é hoje uma das poucas instituições longevas no mundo, com centenas de anos de existência, e desde sempre valoriza as antigas tradições e as preserva como alegorias para transmitir seus ensinamentos de geração a geração

O segredo da Maçonaria

O segredo da Maçonaria

A Maçonaria é hoje uma das poucas instituições longevas no mundo, com centenas de anos de existência, e desde sempre valoriza as antigas tradições e as preserva como alegorias para transmitir seus ensinamentos de geração a geração. Não é diferente em relação à educação, tema de nossas mais recentes especulações neste espaço. A palavra “educar” tem a sua origem no latim “educare” ou “educere”, composto por “ex” (fora) e “ducere” (levar, conduzir). Educar é , literalmente, “conduzir, ou direcionar, para fora”. Desde a origem, o termo significava preparar as pessoas para o mundo e viver em sociedade, ou seja, “conduzi-las para fora de si mesmas”.

Na antiguidade, as chamadas “artes liberais” eram as disciplinas próprias para formar um homem livre, capaz de produzir obras e ideias com poder de elevar o espírito humano para além dos interesses puramente materiais, rumo a um entendimento racional e livre da verdade. Contrapunham-se às “artes mecânicas” (voltadas à produção de utilidades para as necessidades cotidianas). 

Aristóteles conceituava o domínio das artes liberais como “a capacidade de produzir com raciocínio reto”, ou ainda, “uma disposição suscetível de criação acompanhada de razão verdadeira”. Os romanos Cícero e Sêneca idealizaram a educação liberal, fundada principalmente na retórica. Nas universidades da Idade Média, convencionou-se serem sete as artes liberais, separadas em dois grupos: retórica, lógica (dialética) e gramática, relacionadas à mente – o “Trivium”; e música, aritmética, geometria e astronomia, relacionadas à matéria – o “Quadrivium”. O conceito de educação liberal chega à modernidade denotando uma formação multidisciplinar, que visa a formação plena do homem, não necessariamente profissionalizante.

Sua relação com a Maçonaria é esclarecida pelo autor Stephen Daphoe, cuja transcrição prepara a conclusão a que chegaremos na próxima semana: “O fato de que a educação pertence essencialmente à natureza da Maçonaria e sempre existiu, possui uma importância crítica para a história da Ordem; (…) Havia centenas de corporações de ofícios, fraternidades, sociedades, ofícios especializados na Idade Média; alguns deles eram maiores, mais poderosos e muito mais ricos do que a Maçonaria, e também tinham lendas, tradições, oficiais, regras e regulamentos, possuíam cartas, faziam cerimônias, admitiam “não-operativos” para serem membros. Por que é que então a Maçonaria se afastou e apartou das outras? Por que só ela sobreviveu aos outros? Que segredo único a Maçonaria possuía que eles não possuíam? É porque tinha em si, e desde o começo, muito para a mente; muito das artes e ciências; os seus membros foram obrigados a pensar e aprender, bem como a usar ferramentas.”

E segue: “A Maçonaria possuía o que nenhuma outra Arte possuía, e que não pode ser descrita por nenhum nome melhor do que a filosofia, embora seja um equívoco, pois os maçons não eram teóricos, mas descobriram todo um conjunto de verdades no processo do seu trabalho; e estas verdades não foram descobertas ou mesmo adivinhadas pela igreja, pelo estado ou pela população. Quando, depois de 1717, as Lojas foram abertas aos homens de todos os tipos de caminhada e vocação, estas últimas descobriram na antiga Arte uma riqueza de pensamentos e aprendizagem que deve sempre ser inesgotável (…). “

“Além disto, descobriram que, desde o início da Maçonaria, a educação nunca fora considerada por ela como abstrata, acadêmica ou destacada, um luxo para poucos, um privilégio para os ricos, uma necessidade apenas para uma ou duas profissões, um monopólio dos ricos. Eles descobriram que a educação pertencia ao trabalho; esta ligação da educação com o trabalho, esta insistência de que o trabalho envolve educação, não foi sonhada na Grécia e em Roma, não foi vista na Idade Média e teria despertado uma sensação de horror se tivesse sido, e mesmo nos tempos modernos, só está a começar a ser vista.”

Com base em “As sete artes e ciências liberais”, de Stephen Daphoe, por Antonio Jorge, em freemason.pt; e wikipedia.org, dicionarioetimologico.com.br, michaelis.uol.com.br.

Responsável: Loja Maçônica Perseverança – Paranaguá – PR ([email protected])

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