Seu pet pode ter “Síndrome de Down”

Casos de alteração genética semelhante à Síndrome de Down em cães e gatos, (nome utilizado para animais pela semelhança de sintomas que ocorre em humanos), não são raros. A veterinária Klarissa Scremim explicou que a Síndrome de Down humana é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, chamada trissomia. “Os cães têm 78 cromossomos, sendo 46 em pares. Eles não têm um a mais, o que acontece é uma deformidade genética diferente do humano que, além de ser uma deformidade genética, também tem um cromossomo a mais”, informou.

Conforme a veterinária, nos animais, a anormalidade não é apenas na genética. “Não seria exatamente a Síndrome de Down que é uma característica causada pelo excesso de cromossomos no humano. Nos animais é diferente. É o cromossomo da mãe que cruzou com o filho, irmão ou pai que são iguais e acaba causando a alteração genética. Por isso, não recomendamos o cruzamento de parentesco. Pode ser que na primeira ou segunda cria não ocorra, mas em qualquer cria pode acontecer a anomalia”, salientou. “Nesses casos, muitas vezes nascem animais com as características de uma Síndrome de Down. As características de um animal com essa anomalia genética são as mesmas apresentadas em um humano com Síndrome de Down, olhos separados, arredondados, boca pequena, testa maior, entre outras”, descreveu. “Quando detectamos a alteração nos animais usamos o termo Síndrome de Down para que os proprietários entendam já que os sintomas são bastante semelhantes”, informou.

A alteração genética não é algo raro em cães e gatos. Klarissa contou que apenas este ano em seu consultório já atendeu cerca de três cães com a alteração genética. Ela disse que na fase filhote é importante que o animal receba cuidados especiais. Segundo ela, alguns têm dificuldade para mamar, podem não ter coordenação para andar, não possuir noção de perigo e até mesmo cair de uma sacada, por exemplo. “Eles também mantêm atitudes diferentes de outros cães ou são muito educados, hiperativos ou medrosos, sempre fica uma marca mais forte em alguns desses comportamentos”, destacou a veterinária.

Shophy, de cinco anos, tem a alteração genética que causa sintomas semelhantes à Síndrome de Down. Elis Lima, moradora no Bairro Itiberê, contou que eles notaram que a cadelinha era diferente. “Começamos a notar diferenças nela, conforme ela foi crescendo. Quando ela estava com mais ou menos três meses, começou a ter convulsões e se mostrava mais lenta que os demais cães. Pensávamos que essa diferença dos demais era por ser menor que os outros já que foi última de nove cães ao nascer”, comentou. “Quando ela começou a ter convulsões, levamos à veterinária que disse que ela precisava tomar, devido às convulsões, o medicamento Gardenal. Mas a Sophy continuou tendo convulsões e mais fortes, por isso, levamos novamente à veterinária, que contou que ela tinha a Síndrome de Down. Sophy tomou medicamentos até a veterinária dizer que não era mais necessário”, lembrou Elis contando que a cadelinha não adota algumas atitudes como os outros cães, como brincar com uma bola. “Ela tem uma diferença nas costas e os olhos dela são realmente semelhantes no formato apresentado por uma pessoa com Síndrome de Down. Tratamos a Sophy como todo o cuidado e atenção”, observou.

 

Sophy

 

Nicolly Ananda da Silva, filha de Elis, disse que Sophy come muito. “Ela é muito calma, lenta para fazer atividades, mas come muito e não engorda. Dorme o dia todo e é menor que poderia ser”, detalhou. “No ano passado, fui a uma feira de profissões em Curitiba e comentei com uma veterinária que ela tinha Síndrome de Down e, por isso, ela pediu para que quando a Sophy falecer, doar o seu corpo para estudos porque é difícil conseguirem essa doação. Eu disse que sim porque é importante estudar essas alterações genéticas e futuramente ajudar outros cãezinhos”, avaliou.