Vozes que a voz do vento emudecem
Folhas que o vento atira á margem do caminho.
São as vozes do meu sentir
Que eu fixei
No disco deste livro,
E que se hão de extinguir
Com a minha juventude.
O livro é teu.
Não o tentes definir
Porque o livro sou eu
E eu sou mulher.
(ADA MACAGGI, Trecho do poema Offerenda publicado na obra Vozes Efêmeras, 1923)
Sentimentos expressos em versos, versos que exprimem o ser, a artista, a poetisa, mulher e escritora Ada Macaggi. Os escritos de Ada são daqueles que nos despertam a reflexão, daqueles que têm a potencialidade de nos mostrar a beleza e a profundidade dos sentimentos humanos. Filha de Narciso Macaggi e de Maria Dias de Paiva, Ada Macaggi nasceu na cidade de Paranaguá, no dia 29 de maio de 1906. Desde muito pequena, Ada já se destacava nas artes e na música. Aos treze anos de idade, já escrevia poemas para o jornal Gazeta do Povo. Conclui o ensino primário e complementar no Colégio Ludovica Bório, em Paranaguá. Mudou-se pra Curitiba, onde cursou a escola normal e diplomou-se professora. Em 1923, publicou o seu primeiro livro de poesias Vozes Efêmeras. Logo após, se mudou para o Rio de Janeiro, onde passa a ganhar destaque e escrever para diversas revistas e jornais. Em 1924, participou do Concurso Nacional de Puericultura da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde obteve a primeira colocação. Colaborou com poesias, contos e crônicas em periódicos como O Cruzeiro, Revista da Semana, Fonfon, Vida Doméstica. Colaborava também na Revista Itiberê e Revista Marinha de Paranaguá. Publicou ainda os livros: Água parada e Taça. Em 1941, publicou a obra Ímpetos que foi premiada com menção honrosa pela Academia de Letras do Brasil. A poetisa faleceu no dia 12 de novembro de 1947, com 41 anos de idade.
Existem na natureza flores raras que florescem apenas uma vez, também conhecidas como flores efêmeras. Como uma flor rara, Ada Macaggi partiu muito cedo, no entanto, seus escritos de uma beleza única serão sempre duradouros e eternamente irão florescer aos nossos olhos, mostrando o talento, a força, paixão e beleza da escritora, poetisa e mulher.