Adioquerce Santos, mais conhecido pelo carinhoso apelido Dodô, é uma figura emblemática de Paranaguá. Aos 79 anos, nascido em 5 de janeiro de 1945, Dodô acumula uma história rica e multifacetada, marcada por sua paixão pelo samba, pelo carnaval, pelo xadrez, pela confecção de pipas e bidês e pelas plantas. Mas, como integrante da Velha Guarda do Samba de Paranaguá, Dodô é um ícone cultural da cidade.
Desde cedo, Dodô demonstrou uma inclinação especial para a música e em especial para o samba. Foi um dos fundadores da escola de samba Figueira e também participou ativamente da Junqueira, outra escola de samba de renome. Em 1971, Dodô se destacou como vice-presidente da Bafo da Onça, levando a escola ao vice-campeonato do carnaval de Paranaguá, e no ano seguinte, 1972, à conquista do título de campeã.
Dodô também foi um dos fundadores dos Acadêmicos do Litoral em 1973 e da Mocidade Independente da Figueira em 1979, mostrando sua capacidade de liderança e seu comprometimento com a cultura carnavalesca local. “O Carnaval é uma fuga, para você esquecer todas as amarguras. Entende? Você nesses três dias para e esquece tudo o que aconteceu de ruim. Vai sair com o espírito renovado,” explica Dodô, com entusiasmo.
Além do samba, Dodô tem uma profunda paixão pelo xadrez, esporte que pratica e compete há muitos anos em Paranaguá. Essa diversidade de interesses reflete sua personalidade e sua constante busca por novos desafios e aprendizados.
Hoje aposentado, Dodô foi classificador de cereais, técnico em contabilidade, professor e pós-graduado em metodologia do ensino da história. Essa sólida formação acadêmica e profissional contribuiu para a sua visão crítica e abrangente sobre diversos aspectos da vida.
Filho do estivador Rene Santos (1924) e de Silvana Garcia Santos (1928), Dodô é casado com a professora Mareusa Nunes Cardoso e pai de quatro filhos: Evelyn, Ellen Joana, Emily e Eduardo. Sua família é um pilar importante em sua vida, oferecendo-lhe apoio e inspiração constante.
Quando questionado sobre quem é Adioquerce, Dodô prontamente responde com um sorriso: “O Dodô do futebol, o Dodô do Carnaval, o Dodô de fazer arapuca, Dodô de fundar escola de samba, o Dodô professor de História, o Dodô pós-graduado em História, na metodologia do ensino da História, ou simplesmente o Dodô da vida”. Esse resumo bem-humorado é o mix da essência de um homem que viveu intensamente e contribuiu significativamente para a comunidade de Paranaguá.
Dodô relembra com carinho sua infância na Rua 5 de Julho. “A cidade era maravilhosa, não tinha essa barbaridade da vida atribulada de hoje, não era da época da informática, da inteligência artificial, então nós nos preocupávamos mais em criar os nossos brinquedos, em fazer o nosso divertimento, jogar futebol no meio da rua com bola de pano,” recorda. Essas memórias nostálgicas evidenciam um tempo mais simples, onde a criatividade e a camaradagem eram os principais ingredientes para a diversão.
Juventude
Ele também lembra das travessuras da juventude, como quando algum boi escapava na Estrada Velha dos Correias e a garotada corria para subir em um cajueiro em frente ao campinho de futebol. “Quando o boi fugia, nós subíamos no pé do caju para o boi não pegar a gente. Isso aqui muita gente nunca mais vai ver, pois era uma época diferenciada,” conta, com um sorriso saudoso.
Carnaval
As mudanças e evoluções no Carnaval também são tema de reflexão para Dodô. Ele lamenta a perda de tradições como o banho a fantasia, substituído pelos desfiles com carros e trios elétricos. “O banho a fantasia antigamente nasceu no Santa Rita, na grande entidade que infelizmente não existe mais… era o Banho da Doroteia, que existe até hoje em Santos. Depois que o tempo passou, mudou para ser Banho a Fantasia,” explica.
Dodô destaca que, nos carnavais da década de 50, o desfile de carros alegóricos era um espetáculo à parte. “Existia aqui na cidade o desfile de carro alegórico, independente dos desfiles de samba. Em torno de 10 carros alegóricos, cada um mais bonito que o outro, você ficava louco,” descreve com brilho nos olhos.
Além das tradições carnavalescas, Dodô também lembra com carinho das figuras icônicas do carnaval parnanguara, como o Rei Momo e o rei do Carnaval, e da “guerra” de intrudo, uma tradição portuguesa trazida para o Brasil por Zé Pereira.
Dentro do samba, Dodô começou cedo, participando de escolinhas de samba na década de 1950. Em 1961, ingressou na Junqueira, e em 1971, tornou-se vice-presidente do Bafo de Onça, levando a escola ao vice-campeonato e, em 1972, ao título de campeã. Em 1973, fundou os Acadêmicos do Litoral e, em 1979, a Mocidade Independente da Figueira.
Dodô
A trajetória de Dodô é um testemunho vivo da rica cultura e história de Paranaguá. Sua dedicação ao samba e ao carnaval, sua paixão pelo xadrez e sua contribuição como educador fazem dele uma figura inspiradora para as gerações presentes e futuras. Dodô é mais que um nome; é um símbolo de tradição, amor pela cultura e um exemplo de vida.