Trânsito

Pesquisa “Perfil Ciclista 2024” é divulgada e aponta perfil da ciclomobilidade em Paranaguá

85% dos ciclistas entrevistados utilizam bicicleta para transporte há mais de cinco anos no município

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Em Paranaguá, 56,9% dos 765 entrevistados já teve a bicicleta ou parte dela roubada/furtada e mais de 40% já esteve envolvido em alguma ocorrência de trânsito (Foto: Folha do Litoral News)

Em janeiro de 2025, foi divulgada a 4.ª edição da Pesquisa Nacional sobre o Perfil do Ciclista e suas motivações para utilizar a bicicleta, algo que ocorreu em 18 municípios no Brasil e incluiu Paranaguá. No município, a pesquisa teve organização do Instituto Ecoe e coordenação da professora muriel Muriel Syriani Veluza, com equipe contando com Altair Francisco, Patrícia Vilas, Renata Victoria Pons e Tenile Cibele do Rocio Xavier. Vários dados importantes foram colhidos com 765 ciclistas entrevistados em 2024, contando os aspectos dos deslocamentos, hábitos e motivações na população parnanguara relativas à ciclomobilidade.

Com relação ao tempo em que utiliza a bicicleta como meio de transporte, 85,5% dos entrevistados utilizam há mais de cinco anos, 3,7% entre quatro a cinco anos, 3,0%  entre 3 a 4 anos, 0,9% entre 2 a 3 anos, 3,4% entre 1 a 2 anos, 1,6% entre seis meses a um ano e 1,7% há menos de seis meses. Além disso, a maioria da população que utiliza o modal usa bike entre cinco a sete dias por semana. Entre os destinos dos ciclistas, 75,6% utiliza a bicicleta para ir às compras, 69,7% para trabalho, 65,4% para lazer/social, 26,%% para estudos e 21,2% como estação/intermodal. “O percentual geral é maior que 100% devido a diferentes viagens de um mesmo indivíduo”, detalha.

No que tange ao trajeto, a pesquisa do Perfil do Ciclista aponta que para a maioria dos ciclistas parnanguaras ele dura entre 15 a 30 minutos (56,1%), até 15 minutos (31,5%) e mais de 30 minutos (12,4%).  Os três maiores motivos  para a usar a bicicleta como meio de transporte na pesquisa no município são praticidade (52,9%), saúde (19,7%) e custo (10,7%). O principal motivo apontado que daria mais motivos para utilizar a bicicleta com frequência em Paranaguá é o aumento de infraestrutura para ciclomobilidade (42,9%), sendo que os outros dados apontados são educação no trânsito (17,3%), segurança (10,8%), arborização (0,9%) e outros (27,3%).

Há outros apontamentos estatísticos na pesquisa em Paranaguá, entre eles que, dos 763 entrevistados, 56,9% já teve a bicicleta ou parte dela roubada/furtada, 40,9% já esteve envolvido em alguma ocorrência de trânsito no município e, entre mulheres, 44,6% das entrevistas já sofreram algum tipo de importunação ou assédio sexual. Os dados completos da pesquisa estão disponíveis de forma online.

Coordenadora da pesquisa

De acordo com a conselheira regional da Região Sul da União de Ciclistas do Brasil (UCB) e conselheira fiscal da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (Cicloiguaçu), Muriel Syriani Veluza, a participação de Paranaguá na pesquisa é de extrema importância, trazendo informações amplas como contagens de bicicletas e modais e análise da infraestrutura cicloviária. “A nossa participação nessa pesquisa do perfil ciclista é muito importante, não só nessa como em todas as possíveis que a gente conseguir, tanto do perfil ciclista como termos futuramente contagens de bicicletas e de modais, assim como análise de infraestrutura cicloviária. Todos esses tipos de pesquisas são importantíssimas porque geram dados e em base a dados que a gente consegue fazer melhorias e consegue chegar junto ao poder público, gestores e mostrar a necessidade. Quantos ciclistas nós temos? O que os ciclistas precisam? Por que eles não pedalam mais? Por que eles pedalam? O que faria que eles pedalassem mais do que já pedalam? Tendo em consideração que as cidades são feitas para as pessoas. Basicamente, o importante é que a gente consiga se locomover com segurança como a gente quiser, seja como pedestres, seja como ciclistas, seja de motos, seja de carros”, afirma Muriel, que é também vice-presidente de controle social do Observatório Social de Paranaguá. 

“Paranaguá, por ser uma cidade com um Porto, possui diversos modais, entre eles caminhões, devendo privilegiar também o transporte público para uma mobilidade como um todo. Somos carentes de dados, parece até mentira, mas Paranaguá não possuía dados suficientes sobre o uso da bicicleta, sendo que o município foi considerado por Lei há anos atrás como Cidade Amiga da Bicicleta”, salienta Muriel. “Muito importante divulgarmos o resultado da pesquisa. São os primeiros dados desde anos que temos e com número suficiente e instituições na frente desses dados analisados”, completa.

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No que tange ao trajeto, a pesquisa do Perfil do Ciclista aponta que para a maioria dos ciclistas parnanguaras ele dura entre 15 a 30 minutos (56,1%), até 15 minutos (31,5%) e mais de 30 minutos (12,4%) – Foto: Folha do Litoral News

Perfil Ciclista 2024

Segundo a organização da sociedade civil Transporte Ativo (TA), fundada em 2003 promovendo a utilização de meios de transporte à propulsão humana no ambiente urbano, a quarta edição trouxe dados do Perfil dos Ciclistas em 18 cidades do Brasil, entre elas nove capitais. “Nas cidades participantes da pesquisa, 78% das pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte pedalam cinco ou mais vezes por semana, enquanto 70% levam até 30 minutos em seus percursos mais frequentes. Estas são algumas das conclusões da quarta edição da Pesquisa Nacional sobre o Perfil do Ciclista Brasileiro, organizada pela Transporte Ativo e Observatório das Metrópoles, com apoio do Itaú Unibanco. A pesquisa ficou em primeiro lugar no Prêmio Bicicleta Brasil 2024, do Ministério das Cidades, na categoria Fomento à Cultura da Bicicleta”, acrescenta.

“Ao todo, mais de 11 mil ciclistas foram entrevistados em 18 cidades de diferentes tamanhos, distribuídas por quatro regiões do país: Araucária PR, Belém PA, Campos dos Goytacazes RJ, Cruzeiro do Sul AC, Fortaleza CE, João Pessoa PB, Juazeiro BA, Manaus AM, Natal RN, Niterói RJ, Paranaguá PR, Petrolina PE, Recife PE, Rio de Janeiro RJ, Salvador BA, São Paulo SP, Seropédica RJ e Volta Redonda RJ”, informa a assessoria.

Segundo a TA, a publicação é importante devido ao momento atual, algo que se aprofunda pelos “conflitos e eventos climáticos extremos surgindo a todo momento em um mundo no qual poucos países se mostram interessados em uma transição econômica de baixo carbono, e a indústria dos combustíveis fósseis (setor no qual estão grande parte dos carros, ônibus e caminhões, e que é o maior emissor de gases de efeito estufa) permanece intocada nas negociações climáticas”, acrescenta.

Além dos problemas sociais, humanitários e ambientais, há também o aquecimento global. “Considerando que 2024 foi o ano mais quente da história da medição humana, atingindo uma temperatura 1,5°C mais alta, em média, do que aquela registrada na pré-revolução industrial, as bicicletas merecem ainda mais atenção devido às suas características singulares: são transportes limpos, sem qualquer emissão de poluentes, fundamentais para a saúde individual e coletiva, e que se adaptam muito bem a diferentes situações”, informa a assessoria.

A equipe de Paranaguá que promoveu a pesquisa fez parte de mais de 250 entrevistadores que saíram a campo entre os meses de agosto e novembro de 2024 para coletar as respostas. “No total, foram 12 meses de preparação, busca, organização, encontros, revisões de documentos e finalização para a publicação da pesquisa”, finaliza a Transporte Ativo.


Com informações da Transporte Ativo

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Leonardo Quintana Bernardi

Jornalista graduado pela PUC-PR com atuação desde 2012 no jornalismo impresso, online e em audiovisual, bem como em assessoria de comunicação. Já trabalhou em órgãos públicos, jornais locais, freelances em veículos de alcance nacional e desempenha suas funções na Folha do Litoral News desde 2017. Defensor do jornalismo como meio de transformação social.