Nesta semana, começaram a circular boatos de que muitos caminhoneiros em Paranaguá estavam sendo alvos de violência com consequentes roubos de cargas e pertences. O alerta surgido nas redes sociais seria para que caminhoneiros deixassem de circular pela cidade à noite sob o risco de terem seus veículos apedrejados. A Polícia Militar informou que esses casos podem acontecer, mas que não está havendo ocorrências deste tipo com frequência e rondas ocorrem constantemente na região portuária para coibir tais atos. Portanto, casos de pedradas e atentados contra caminhoneiros divulgados em redes sociais, segundo a polícia, seriam boatos.
VAZADAS
As maiores reclamações giram em torno das chamadas “vazadas”, que os assaltantes usam para furtar a carga dos caminhões, além da falta de segurança ao pararem no período da noite em vias de acesso ao porto, que muitas vezes estão congestionadas.
O motorista de caminhão Roque Bernardi, de Santa Tereza do Oeste, no Paraná, relatou que já presenciou uma ação de assaltantes na cidade. “Nunca passei por isso, mas já vi neste ano pessoas apedrejando um caminhão na Avenida Bento Rocha. Eram 22h, o trem estava passando e os caminhões pararam, enquanto isso, abriram o tombador de um, apedrejaram outro, mas como o meu estava parafusado não conseguiram abrir”, contou.
As “vazadas” diminuíram, de acordo com o 9.º Batalhão da Polícia Militar
Com medo de assaltos, o caminhoneiro, que vem a Paranaguá toda semana, disse que começou a tomar alguns cuidados. “No meu veículo nunca aconteceu porque eu tomo as minhas providências, as bicas estão tampadas, está tudo com parafuso, no dia que presenciei o furto só não abriram o meu caminhão devido a isso”, acredita o caminhoneiro.
Segundo ele, vir a Paranaguá começou a ficar cada vez mais preocupante. “Ficamos mais atentos que em outras cidades pelas quais passamos, com certeza. Vou muito para São Francisco e lá é tranquilo, não preciso trancar a cozinha. Quando saímos daqui e não aconteceu nada com a gente, sentimos um alívio”, expôs o motorista.
Cenitro Cardoso, de Cascavel, também vem ao município toda semana e revelou que não trafega mais à noite. “Se a gente para em um local errado, logo somos multados, mas quando vem usuário de drogas nos assaltar, não aparece ninguém. Não podemos correr o risco de ficar parado à noite”, relatou.
“Não podemos correr o risco de ficar parados à noite”, afirmaram os motoristas Devonzir Lopes e Cenitro Cardoso
O motorista Devonzir Lopes, de Cascavel, o qual frequenta os Estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, disse que em outros locais a situação é diferente. “Lá, dormimos até de porta aberta no caminhão”, declarou.
POLÍCIA MILITAR
O capitão Nelson Gonçalves, do 9.º Batalhão da Polícia Militar, informou que nesta semana não foram constatados nos registros do 190 roubos após apedrejarem caminhões. “Isso não quer dizer que não tenha ocorrido, mas não houve chamado da Polícia Militar para esta ocorrência. O fato de jogar pedras ou objetos no vidro dos carros já ocorreu em outros momentos, mas não é rotina. A própria concessionária já encontrou esse objetos na pista”, afirmou. Segundo ele, são mais de cinco mil caminhões que trafegam no trecho entre o Pátio de Triagem e o Porto de Paranaguá.
Os roubos a caminhoneiros, de acordo com os registros da Polícia Militar, diminuíram de forma significativa. Essa queda é atribuída ao efetivo e veículos disponibilizados pelo comando para coibir tais ações. “Há cerca de três semanas, tivemos muitas 'vazadas' na região da Avenida Bento Rocha, e o comando, com a formação dos policiais, me mandou mais pessoas e acionamos seis motos e uma viatura para atender exclusivamente a situações envolvendo caminhoneiros, ou seja, a safra”, disse capitão Nelson.
Desta forma, a ronda com um veículo acontece 24 horas, além de duas motos por turno, nas vias principais onde ocorre o tráfego de caminhões e nas proximidades das empresas para evitar furtos. “Com isso, as 'vazadas' reduziram bastantes nas últimas semanas”, observou capitão Nelson.
Os furtos e roubos de caminhoneiros de outros municípios em Paranaguá interferem na resolução do caso pela Polícia. “Os caminhoneiros acabam virando um alvo porque eles não moram na cidade e se, eventualmente, determos alguém, não vamos mais encontrar o caminhoneiro para fazer o reconhecimento. Não conseguimos dar continuidade a esse tipo de ação, pois não conhecemos a vítima”, ressaltou capitão Nelson.