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Trabalho

Por intercâmbio, 30 estivadores de Porto Alegre deverão atuar no Porto de Paranaguá

Eles estão sem atividades há 90 dias no Porto de Porto Alegre devido às enchentes

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Representantes dos sindicatos dos Estivadores de Paranaguá e de Porto Alegre, junto ao secretário municipal de Trabalho, estiveram na Folha do Litoral News

Na tarde da segunda-feira, 5, o presidente do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná (Sindestiva), João Fernando da Luz, o “Nando”, esteve na redação da Folha do Litoral News junto ao secretário municipal de Trabalho, Emprego e Assuntos Sindicais, Everson Fernando Leite de Farias, bem como representantes do Sindicato dos Estivadores de Porto Alegre, para divulgar a vinda, por intercâmbio, de 30 estivadores de Porto Alegre, que deverão atuar em breve na Estiva no Porto de Paranaguá. Sem trabalho desde o final de abril, quando enchentes atingiram a capital gaúcha e o Rio Grande do Sul, interrompendo atividades do Porto de Porto Alegre, eles irão atuar nos portos paranaenses, algo que além de ser um gesto de solidariedade neste período crítico, beneficiará a Estiva local, visto a necessidade de mão de obra para atuação no Porto de Paranaguá, que bate recordes de movimentação continuamente.

“É com grande satisfação que Paranaguá está tendo este coração enorme com demonstração de solidariedade em trazer 30 trabalhadores de Porto Alegre para tentar amenizar a situação grave que eles se encontram após três meses de desastre natural que todo o Brasil e o mundo presenciou. Esses homens são extremamente capacitados, profissionais que operam todos os equipamentos e, além de nós ajudá-los nesta situação desesperadora, eles também estarão nos ajudando no Porto de Paranaguá. A Estiva de Paranaguá está fazendo todo o possível, nossa classe já autorizou em assembleia na semana passada a vinda desses 30 estivadores”, ressalta o presidente do Sindestiva, João Fernando da Luz, que pede que a comunidade portuária dê as boas-vindas a eles. 

Segundo o presidente, está sendo terminada uma reforma no ponto de embarque de um local que servirá como acomodação aos estivadores do Rio Grande do Sul. “Neste momento, eles estão sem dinheiro para pagar aluguel. Contamos com o carinho e coração da comunidade empresarial de Paranaguá, pois estamos precisando para acomodar esses homens pedindo a doação e apoio com 30 beliches, 30 colchões e por aí vai, de repente uma geladeira, fogão, para se acomodarem lá”, completa. “Conto com a solidariedade do OGMO e do Sindicato dos Operadores Portuários, que ficaram de realizar uma assembleia para agilizar este processo todo”, ressalta Nando.

“Qualquer preocupação que a classe patronal possa ter com a vinda dos estivadores do RS, nós da administração do Sindestiva afirmamos que eles podem ficar tranquilos com isso, porque as próprias federações contam com um modelo-padrão de transferência de trabalhadores, algo que será chancelado pelo Ministério Público, em que se dará a transferência de forma legalizada para que se evitem transtornos judiciais”, explica o presidente. “Uma coisa importante que eles possuem que nós não temos é a juventude. Eles estão na faixa etária de 35 a 45 anos e nosso povo aqui já passou dos 60 anos. Eles estão vindo ajudar a oxigenar o nosso quadro, uma vez que também estamos fazendo a migração de 80 trabalhadores do bloco”, ressalta Nando.

Município

“Iremos receber esses companheiros com grande satisfação e não poderia ser diferente. Eu como secretário, estou diretamente ligado a tudo isso que está acontecendo. Isso já tem sido matéria trabalhada em Brasília com a nossa Federação Nacional dos Estivadores, o ministro já está sabendo também e, para Paranaguá e a nossa Estiva, bem como para nós, é um passo muito importante, até porque é o primeiro ciclo de migração depois de muito tempo. Claro que é importante a questão da solidariedade em trazer esses companheiros, pois não sabemos qual o tempo que irá demorar para este porto estar preparado e apto a trabalhar, pode ser que demore de três a seis meses, é claro que queremos que o mais rápido possível eles voltem a trabalhar em Porto Alegre, até para estar em sua base, mas iremos receber de coração e braços abertos para que venham fazer parte, principalmente neste volume que estamos tendo um grande volume de serviços em Paranaguá, com o Porto batendo recordes, sendo muito importante esses companheiros estarem aqui conosco, inclusive na falta de mão de obra devido à grande demanda de trabalho”, afirma o secretário municipal de Trabalho, Emprego e Assuntos Sindicais, Everson Leite de Farias. “Estamos próximos a sair um curso público para mais cadastros em todo o segmento portuário e sindicatos. Então seria de grande valia para nós os companheiros de Porto Alegre estarem conosco”, completa.

O secretário reforçou que a categoria portuária é uma categoria diferenciada, com a Estiva operando exclusivamente nos navios. “Tudo isso que é praticado nos OGMOs, os cursos, é algo implantado no Brasil inteiro. Não temos dificuldades nenhuma em trazer profissionais, seja de qual porto for, pois eles são qualificados para trabalhar no guincho, maquinário, equipamento, com treinamentos que são feitos aqui a nível de Brasil. Quando a gente traz esses trabalhadores eles vão se adaptar só com relação à questão de estado, de estar vindo do Rio Grande do Sul ao Paraná, mas profissionalmente eles estão aptos a trabalhar, são certificados e qualificados”, completa. 

Além de solidário, intercâmbio irá colaborar com a Estiva de Paranaguá, visto a falta de mão-de-obra para atuação no Porto de Paranaguá, que conta com recordes de movimentação e grande volume ser serviços / Foto: Claudio Neves – Portos do Paraná

Sindicato da Estiva de Porto Alegre

Junto ao vice-presidente do Sindicato dos Estivadores de Porto Alegre, Antônio Ribeiro dos Santos, e ao tesoureiro, Fernando Santos da Rosa, o secretário da Estiva da capital gaúcha, Manoel Mallet, destacou a situação vivida pelos estivadores no Rio Grande do Sul. “No dia de hoje completamos 90 dias da maior tragédia da história do Rio Grande do Sul. Foi justamente em 5 de maio que a cidade encheu e aconteceu tudo aquilo que todos puderam acompanhar via redes sociais e noticiários. Queremos agradecer o grande gesto do presidente Nando e do secretário Everson em, além de terem solidariedade, focam uma questão humanitária e profissional, em que Paranaguá, localizada há mais de 700 quilômetros da nossa base, abre as portas para que a gente possa vir aqui ganhar o nosso pão”, ressalta Mallet.

“O Porto de Porto Alegre, até a semana passada, ainda estava totalmente sem luz a parte pública, onde a balança não consegue funcionar, o processo de limpeza ainda estava feito na parte pública, mas sem a mínima condição de operar. Por esse motivo, estamos há 90 dias, não posso dizer sem operação portuária, pois um Terminal de Uso Privado (TPU) alugou, após 65 dias sem trabalho, após fazer sua limpeza e arrumar instalações elétricas, locou para um operador portuário e conseguimos fazer dois navios nesse TUP privado. Só que na saída deste segundo navio aconteceu uma movimentação nos bancos de areia no Guaíba e hoje temos o equivalente a 10 campos de futebol no meio do rio. Aconteceu um assoreamento maior, pois toda a terra e detritos acabaram parando ali. Hoje, o porto tornou-se praticamente inviável, temos algumas previsões de um outro navio, mas sem garantia de que eles vão chegar”, explica o secretário Manoel Mallet, destacando também a dificuldade de navegabilidade de outras embarcações no rio Guaíba. 

“Esta é a situação do Porto de Porto Alegre. O porto público está fechado. Temos um outro TUP funcionando, mas a situação é essa. Agradecemos à comunidade, à diretoria, aos nossos irmãos estivadores de Paranaguá que nos abraçam neste momento e abrem as portas para que a gente possa ganhar o nosso pão e sustentar nossas famílias”, acrescenta, destacando que acredita que a dragagem para que o Porto de Porto Alegre volte a funcionar, após começar, com boa vontade do Poder Público, deverá demorar de três a quatro meses, desde que comece. “Temos alguns aliados. A luta antes era só de quem usava o Porto, agora, os moradores da capital, que foram atingidos próximo ao Porto, viram os bancos de areia, algo que impede o escoamento da água com as chuvas, onde a opinião pública e cidade de Porto Alegre está cobrando esta dragagem”, acrescenta. 

Mallet ressalta que em 2005 e 2006 a Estiva de Porto Alegre realizou um intercâmbio em Imbituba – SC, que na época tinha feito um contrato grande para carregamento de açúcar, onde faltou mão-de-obra e cerca de 40 estivadores gaúchos foram ao terminal catarinense atuar. “Importante dizer que a Estiva de Paranaguá e diretoria fez a sua parte aprovando em assembleia. O OGMO de Paranaguá já entrou em contato com o OGMO de Porto Alegre, que já enviou os documentos solicitados e agora nós ficamos no aguardo das decisões. O pessoal está ansioso para vir. Como o Nando diz, quem tem fome, tem pressa, então estamos aguardando e reforçando no final o pedido do Nando em quem puder nos ajudar na questão dos beliches e colchões”, afirma o secretário da Estiva de Porto Alegre. “Por sermos categoria diferenciada, nós não encaixamos em nenhum dos auxílios que foram propostos pelo Governo, nós não somos CLT. Então, por sermos categoria diferenciada, não conseguimos receber esta ajuda do Governo”, ressalta, destacando contato feito pelo ministro, mas que “não há o que fazer, justamente por sermos categoria diferenciada”, completa.

O vice-presidente do Sindicato da Estiva de Porto Alegre, Antônio Ribeiro dos Santos, frisou que esteve algumas vezes no alojamento oferecido em Paranaguá pela Estiva. “Ele está muito bom o alojamento, com espaço, banheiros, chuveiros, com fácil acesso para ingressar no trabalho, com o trabalhador não tendo este custo de transporte ou hotel, algo que não têm como. Está de bom tamanho. A Estiva de Paranaguá está de parabéns pelo espaço que está oferecendo. Tiramos fotos, vídeos, mandamos para o pessoal, que está muito contente e só no aguardo de poder estar aqui em Paranaguá para poder colaborar”, finaliza. 

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