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Trabalho

Falta de respeito da TCP CMPort com os trabalhadores leva os estivadores a indicativo de greve

Assembleia na Estiva ocorreu na segunda-feira, 27

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Na foto estão: Everson Fernando Leite de Farias, secretário Municipal de Trabalho, Emprego e Assuntos Sindicais de Paranaguá; João Fernando da Luz, o Nando, presidente da Estiva; e João Lozano, ex-presidente do sindicato.

Na segunda-feira, 27, o Sindicato dos Estivadores de Paranaguá aprovou o estado de greve pelo não avanço das negociações com a empresa TCP – Terminal de Contêineres de Paranaguá. Segundo a Estiva, o acordo coletivo não está sendo cumprido, pois os trabalhadores buscam uma reposição inflacionária de 2019 a 2024, algo que se aproxima de 34%.

O presidente da Estiva, João Fernando da Luz, o Nando, relatou sobre a aprovação do estado de greve e agora busca o apoio das autoridades municipais. “A Estiva busca o apoio das autoridades municipais, porque principalmente no que cabe à renda dos nossos trabalhadores e os valores que não estão sendo repassados ao município ao mesmo tempo. Vejo que a cidade de Paranaguá está perdendo. Nesses 4 a 5 anos sem reposição, o trabalhador, na realidade, tem deixado no terminal uma média de 8,2 salários. Então significa que nesses 4 anos, os 48 salários que o trabalhador devia pôr no bolso e gastar em nossa cidade, na realidade, ele recebeu 39,8. O nosso sindicato perdeu, em montante de mão de obra, nesse período, 14 milhões de reais. Agora veja o que seria isso na cidade, no nosso comércio, na nossa prestação de serviço, na nossa mão de obra em geral. Por mês, o sindicato da Estiva está perdendo sem o complemento dessa negociação em torno de 500 mil reais. Então essa é a perda do trabalhador, essa é a perda do nosso município, isso é o prejuízo para a nossa cidade e graças a Deus sempre contamos com o apoio do nosso prefeito Marcelo Roque”, disse.

De acordo com o sindicato, há, agora, um prazo de 30 dias para que o terminal possa se manifestar acerca desta situação, impactando cerca de mil trabalhadores e mais seus dependentes. “A assembleia foi muito produtiva, apesar de que muito exaltada, muito acalorada, porque os ânimos estão quentes e eu acho que deve se manter dessa forma. O procedimento nosso agora é seguir exatamente as decisões, que são 30 dias que foi dado de prazo para o terminal tomar uma atitude séria conosco e levar a cabo a nossa negociação. Caso contrário, nós iremos deflagrar o movimento e uma vez deflagrado o movimento, a gente não sabe até que ponto você tem um controle nas mãos e é isso que nós temos tentado evitar a todo o custo, levar o trabalhador ao movimento que depois de repente fique sem controle. Então, esse é o caminho que nós estamos tomando, a princípio de paz, mas já está o nosso pessoal com os ânimos exaltados”, explicou o presidente.

“Hoje, são cerca de mil trabalhadores e se multiplicam em quase cinco mil familiares. A luta do estivador vai muito além disso, porque a Estiva está tirando do SUS aqui em Paranaguá todas essas 5 mil famílias. Significa que o peso sobre o nosso sistema de saúde, nós, os sindicatos, tiramos com o nosso plano de saúde, que é tirado do bolso do trabalhador e do seu sindicato. Então, o sindicato hoje faz um serviço social enorme para Paranaguá. Emprestamos ambulância, às vezes, até para pessoas que não são do sindicato, que precisam, que nem sempre o município, às vezes, tem condições naquele momento. Então, o sindicato da Estiva é solidário com todo o município e também tira o peso do SUS de todos os familiares. Imagine Paranaguá, com o nosso sistema de saúde já tão carregado, se essas 5 mil famílias estivessem ainda mais pressionando o nosso sistema, então eu acho que o município deve se atentar com muito carinho para as petições dos nossos trabalhadores, por causa de todo esse envolvimento que a nossa classe tem no município”, completou Nando.

O secretário Municipal de Trabalho, Emprego e Assuntos Sindicais de Paranaguá, Everson Fernando Leite de Farias, relata essa preocupação da categoria e reforça apoio à Estiva e a todos os trabalhadores. “Isso é muito preocupante, até porque a gente esteve já à frente desse sindicato, seis anos que a gente esteve lá, sabe o que é uma luta, sabe o que um presidente hoje que está no mandato sofre com essa questão financeira. A gente está aqui para discutir a questão econômica, nada mais do que isso. O trabalhador quer que pague ele o que é de direito dele. O prefeito Marcelo Roque deixou bem claro para a Secretaria do Trabalho e Assuntos Sindicais ficar à frente dessas negociações, estar a par disso tudo. Ele já se colocou também à disposição, o Poder Executivo, a gente tem conversado com o Poder Legislativo que tem dado sinal que quer estar junto, a gente tem conversado com o Porto de Paranaguá, ou seja, a gente está tentando envolver toda a sociedade, toda a comunidade portuária, porque isso é uma preocupação para todos os segmentos envolvidos. Queremos o respeito, estamos vendo que não está tendo o respeito da outra parte, que é o Terminal de Contêineres. O terminal tem que atender o trabalhador, trabalhador esse que na realidade faz com que esse terminal seja o que é hoje, terminal nenhum consegue ter um crescimento desse se atrás não tiver a mão de obra do trabalhador, ela é fundamental para que o terminal caminhe do jeito que está caminhando. Então, a preocupação nossa hoje é que estou notando um descaso do outro lado, está vendo um descaso do lado do grupo chinês, que desde que assumiu o terminal não tem atendido as demandas do trabalhador”, frisou.

Na época em que o acordo foi firmado, o presidente da Estiva era o João Lozano, que também já assumiu a função de secretário Municipal de Trabalho, Emprego e Assuntos Sindicais de Paranaguá. Lozano avaliou o cenário atual e reforçou apoio à categoria dos estivadores. “Já está indo para quase cinco anos sem um novo instrumento de acordo coletivo e é uma coisa que nos dá os nossos direitos, mas a gente fica indignado com tudo que está acontecendo, porque isso já vem numa crescente dentro do terminal, a gente já teve uma dificuldade com os americanos e agora pior ainda com os chineses, que eles estão cada vez mais diminuindo o ganho do trabalhador, diminuindo não apenas do sindicato que ainda não renovou o acordo, mas também dos próprios trabalhadores do terminal. É importante, acho que para que todos entendam, a Estiva sempre fecha os acordos na mesa, e é isso que a gente quer. Para que a nossa diretoria consiga fechar esse acordo e trazer o que o associado quer, uma melhor remuneração, e que por direito. Está sendo discutida a reposição inflacionária desses anos, então nós trabalhadores estamos unidos com o nosso presidente, tudo que eles precisarem, nós estamos dando suporte, porque é desse sindicato que a gente consegue não apenas manter as nossas famílias, mas movimentar o comércio da nossa cidade”, disse.

O que diz a TCP

“A TCP, empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá, afirma que sempre manteve uma relação transparente e direta com as lideranças sindicais e permanece disponível para debater e negociar os acordos tendo, aliás, acordos firmados e em vigência com vários sindicatos. É fato que a conclusão da negociação do acordo com os trabalhadores avulsos da estiva está se prolongando por um tempo superior ao desejado, o que também se deve em razão dos momentos de instabilidade do SINDESTIVA e das diversas alterações na sua direção sindical. A TCP espera concluir em curto prazo a negociação, destaca que foram realizadas várias rodadas de negociação e que cumprirá a programação estabelecida em conjunto com a direção sindical, lembrando que já anteriormente foi estabelecida reunião para os próximos dias”, disse a TCP.

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