Um dos cartões-postais de Paranaguá, a passarela que liga a Ilha dos Valadares ao continente receberá intervenções artísticas (pintura) a partir do dia 1.º de maio (quinta-feira), feriado do Dia do Trabalhador, por meio do “Projeto Andada”, ação do programa Paranaguá Mais Cores. Ao todo, serão quatro dias de trabalho, onde voluntários poderão participar. Nos últimos dias, a passarela foi interditada para reparos de alvenaria em pontos específicos e lavagem, a fim de preparar a estrutura para receber a pintura nos próximos dias.
Para Giovanni Negromonte, o “Gio Negromonte”, advogado, artista e um dos idealizadores do Paranaguá Mais Cores, as expectativas para a realização da obra andada são as maiores possíveis. De acordo com ele, a preparação para a realização de uma obra desse tamanho vem sendo organizada há aproximadamente 4 anos.

“A gente está com entusiasmo, com muita alegria de conseguir realizar uma produção desse tamanho, dessa dimensão e dessa importância para a nossa cidade, para a nossa população, para o nosso território. A preparação para realizar uma obra desse tamanho vem acontecendo há muitos anos, na verdade, os dias 1.º, 2, 3 e 4 de maio, que são o período em que a gente vai executar, são o final desse processo de preparo. Então, para chegar na ponta final, tem muito preparo antes de acontecer. Agora, a gente conseguiu finalizar a limpeza da passarela e os reparos. Hoje a gente finalizou os reparos de alvenaria. Então agora a passarela já está praticamente plana e limpa, para a gente poder entrar, para começar a fazer o traçado do desenho, deixar todo o desenho preparado, para que no dia 1.º de maio a gente consiga fazer o nosso grande mutirão, aberto com a população, para que a população junto com a gente consiga construir essa obra, que vai ser executada ali na passarela”, destacou Negromonte.
Significado da Arte Urbana
Segundo Giovanni, a arte urbana é uma importante ferramenta para ressignificar espaços públicos e urbanos por meio das cores e da arte. Além disso, é preciso entender o uso da arte urbana para criar novas possibilidades dentro da lógica do convívio em sociedade.
“Isso que a gente busca fazer ali na passarela da Ilha dos Valadares. A gente tem um espaço cinza, que estava mal cuidado, sujo, com crateras, e através de uma lógica da arte, a gente conseguiu e vai conseguir dar vida para esse espaço. Então, no lugar das pessoas caminharem em uma passarela cinza, elas vão passar a caminhar em uma passarela colorida, num espaço mais lúdico, mais alegre. E escolher a passarela da Ilha dos Valadares eu acho que muito importante, até no sentido de que a Ilha dos Valadares, o principal lugar que comporta a nossa cultura caiçara, mas querendo ou não, com o passar dos tempos, desde que eu sou pequeno, a Ilha dos Valadares sempre foi um lugar olhado, pejorativamente, sem o devido cuidado, sem a devida atenção, mesmo sendo o berço da nossa cultura. Um lugar lindo de belezas naturais, de uma cultura pulsante, exuberante. Então, é muito importante realizar essa obra, principalmente ali”, ressalta o artista “Gio” Negromonte.
Para “Gio”, uma obra desse tamanho, ligada à Ilha dos Valadares, é simbólica.


Fotos: Folha do Litoral News
“Eu acho que essa é a palavra. Ela tem um simbolismo enorme, porque é isso, é conseguir dar novos significados para um espaço que estava abandonado e sem a devida atenção. E a partir de agora, ganhando essa arte, a gente consegue fazer com que a ilha e com todo esse espaço passe a ser mais valorizado e que os olhos recaiam sobre esse local”, frisou.
Inspiração do nome “Projeto Andada”
A inspiração para o nome do “Projeto Andada” foi pensada a partir de uma relação entre o caranguejo, símbolo da identidade cultural e social, e a população parnanguara. O crustáceo é simbólico e muito presente em Paranaguá, tanto que há duas obras com a figura do crustáceo em praça pública no município, sendo uma delas recentemente pintada pelo projeto.
Por conta disso, foi feita uma ligação entre o período da “andada” do caranguejo e a “andada” da população parnanguara pela cidade, seja para ir ao trabalho, à escola ou para realizar os afazeres do dia a dia em sociedade.

“Então, o nosso “churrasco”, na verdade, é caranguejadas no final do ano. Então, a gente entende que o caranguejo tem esse simbolismo que permeia a nossa cultura, que permeia a nossa identidade social. Então a gente relaciona a andada do caranguejo com a andada do cidadão de Paranaguá. O nosso desenho é carregado de elementos que trazem essa simbologia e trazem esses elementos da nossa cultura local. Não à toa nós vamos ter o caranguejo, obviamente, vários caranguejos, vai ter as raízes do mangue, vai ter redes de pesca, vai ter os remos, que são símbolos de poder das comunidades pesqueiras, vai ter diversos elementos que fazem alusão ao nosso território, à nossa cultura e ao nosso modo de vida local”, explicou Giovanni Negromonte.
Participação da população
A participação da população na “Obra Andada” acontecerá por meio de um mutirão de pintura no dia 1.º de maio, com início às 9h da manhã e término às 19h. Para os voluntários, é importante chegar cedo, pois as vagas são limitadas. Para participar, não é necessário ter experiência em pintura.
“Então, no Dia do Trabalhador, das 9h da manhã até as 7h da noite, um grande mutirão para toda a população, para toda a cidade, junto construir essa obra andada que traz todos esses elementos e traz toda essa identificação com a nossa cultura, com o nosso local, com o nosso modo de vida. Então está todo mundo convidado. A gente tem falado para o pessoal chegar cedo porque está sujeito à lotação. Não precisa saber pintar. Vem que a gente ensina, só precisa trazer uma roupa que você possa sujar, e a disposição para a gente colorir a cidade e transformar ela num espaço mais bonito, mais alegre, mais lúdico, quebrar a monotonia do cinza através das cores”, convida Negromonte.
De acordo com Giovanni, “a obra busca o fortalecimento da identidade cultural da cidade. Após os trabalhos e com a obra finalizada, espera-se que a população consiga entender o quão especial, bonita e acolhedora é Paranaguá”.


Fotos: Folha do Litoral News
“Acredito que a obra consiga trabalhar nesse processo de autoestima do parnanguara, nesse processo de autoestima da cultura caiçara, para fortalecer essa identidade, para que através de obras que falam sobre o nosso cotidiano, que falam sobre a nossa de vida, a gente consiga entender o nosso lugar no mundo e a partir disso entender que nós precisamos cuidar e melhorar desse espaço para que a nossa cidade fique melhor e se torne melhor para todas as pessoas, para todos que aqui vivem”, ressaltou o artista Giovanni.
Pintura no Aquário Marinho de Paranaguá
Ainda no mês de maio, após a finalização da “Obra Andada” na passarela da Ilha dos Valadares, será iniciada a pintura do Aquário Marinho de Paranaguá, onde parte do prédio já havia sido pintada em 2021. Agora, todo o espaço receberá as ações do projeto, incluindo intervenções artísticas no Mural do Aquário, que será produzido dentro do Museu Urbano do Fandango Caiçara (MUFACA).
O MUFACA é um projeto idealizado por Giovanni Negromonte na Ilha dos Valadares, que pinta murais de arte urbana em homenagem à cultura caiçara do Fandango Caiçara, representando mestres dessa tradição na busca pela criação de monumentos públicos.
“O Fandango é uma cultura predominantemente oral, então muitos desses mestres morrem e não tem a devida valorização então a gente entende que ao pintar esses mestres na rua, ao pintar elementos dessa cultura na rua a gente consegue criar monumentos públicos para fortalecer essa identidade que é tão importante para a nossa cultura, que é tão importante para o nosso território, então terminando a obra andada a gente começa a pintura do Aquário de Paranaguá, vamos fazer um mural, agora 360° girando com uma obra que faz parte e compõe o Museu Urbano do Fandango Caiçara”, finaliza Giovanni.
Horários de interdição na passarela
Na semana que vem, no dia 30 de abril (quarta-feira) a passarela será interditada temporariamente das 9h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h para reparos. No dia do início da ação, 1.º de maio, a passarela será interditada das 9h às 19h, com a participação de voluntários, sendo liberada a partir das 19h. Já nos dias 2 e 3 de maio, às intervenções artísticas acontecerão das 21h às 5h, apenas com a equipe do projeto, ficando livre para o fluxo de pedestres das 5h às 21h.