Segurança

Delegada de Matinhos faz balanço da sua atuação no litoral

Dra Sâmia Coser deixará a função após quase cinco anos de trabalho que apresentou avanços na região

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Após cumprir quase cinco anos de atuação na Delegacia Cidadã de Matinhos, a delegada de Polícia Civil Dra. Sâmia Coser, deixará a cidade ainda no mês de janeiro. Seu próximo local de trabalho será a Central de Flagrantes da Capital, em Curitiba. 

“Vou trabalhar na divisão de polícia da capital, chefiada por pessoas que eu admiro e gosto muito. Estou muito feliz, é uma mudança para priorizar a minha família nesse momento, e acredito que deixo a unidade um pouco melhor de como a recebi”, considerou Dra. Samia.

A delegada tem 15 anos de atuação na Polícia Civil do Paraná, inclusive passou pela Delegacia da Mulher em Curitiba, e acredita que, em Matinhos, trouxe mais credibilidade para a polícia no município. “Quando cheguei na cidade, aconteceram fatos que jogaram o nome da Polícia Civil na lama. Tivemos a oportunidade nesses cinco anos de resgatar isso junto a população tanto que, dia a dia, tem crescido o número de denúncias que recebemos. Acredito que isso esteja diretamente ligado ao fato de que as pessoas acreditam no trabalho da Polícia Civil”, lembrou.

Logo que assumiu, ela se deparou com um caso de grande repercussão na região. “Quando assumi, em fevereiro de 2018, logo na sequência tivemos uma situação bem grave que foi um desaparecimento que na verdade se tratava de uma morte e, de lá para cá, desempenhamos o trabalho dentro das nossas possibilidades”, disse.

O caso a que ela se refere foi totalmente elucidado com agilidade. “O primeiro caso foi uma situação tratada como desaparecimento de um senhor e ao chegar ao nosso conhecimento percebemos que havia algo estranho, começamos a ir atrás, buscar evidências, na época havia uma equipe muito pequena de investigadores, contamos com o apoio de Curtiba, de equipes da inteligência. Conseguimos elucidar o crime, prender o autor e também localizar o corpo. No caso, ele foi brutalmente assassinado dentro de sua residência e o corpo enterrado nos fundos de casa”, recorda Dra. Sâmia.

Uma das conquistas do trabalho na delegacia foi a retirada dos presos do espaço. “Quando assumimos a delegacia tinha muitos presos, até o ano de 2019 e 2020 chegamos a ter 60 presos, hoje entregaremos a delegacia sem nenhum. Graças ao trabalho conjunto com a Secretaria de Estado da Segurança que priorizou a retirada de presos das unidades e isso permite ao policial ter mais tempo para se dedicar a sua atividade. Mesmo sem aumentar o efetivo, consigo um maior número de policiais trabalhando”, disse Dra. Sâmia.

Também foi possível realizar a limpeza do pátio da Delegacia Cidadã. “Não temos mais carcaças de automóveis, chegamos a ter problemas com dengue. Desde os problemas estruturais até a elucidação de delitos, estamos deixando uma delegacia melhor”, frisou a delegada.

Obstáculos 

Segundo ela, o trabalho no litoral do Estado envolve casos bem complexos e diferentes. “Muitas pessoas acham que a gente vem trabalhar no litoral para descansar e, na verdade, é o oposto. Matinhos é uma cidade de 30 mil habitantes que tem um índice de homicídios altíssimo, um dos maiores do Paraná”, afirmou a delegada.

Quando assumiu a unidade, Matinhos estava entre as quatro cidades do Estado com menos de 50 mil habitantes com o maior índice de homicídios do Paraná. “Felizmente, entregamos a delegacia hoje com um índice muito melhor. do ano passado para este, tivemos uma redução de mais de 50% no número de tentativas de homicídio e uma redução de mais de 20% dos homicídios consumados”, declarou Dra. Sâmia.

Violência doméstica

A delegada também ajudou na elucidação de casos de violência doméstica. Um deles o registrado em agosto de 2022, que vitimou Claudete Alves, de 55 anos, no bairro Bom Retiro, em Matinhos. Ela foi encontrada morta por socorristas do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) no quarto da sua residência. Pouco tempo depois, a Polícia Civil de Matinhos, após laudo, concluiu que a vítima havia sido asfixiada pelo companheiro.

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“Foi feito todo um trabalho para demonstrar que ele era o único presente na residência, quais foram as qualificadoras do caso, conseguimos provar durante o inquérito, que essa vítima há vinha sofrendo violência psicológica, contudo nunca tinha procurado a delegacia. um companheiro muito agressivo e possessivo deve trazer um sinal de alerta de que algo mais grave pode acontecer, como o que aconteceu com a Claudete. Ela não teve chance alguma de se defender”, contou a delegada.

No início do trabalho em Matinhos, Dra. Sâmia relata que as mulheres chegavam à delegacia para fazer o boletim de ocorrência, iam para casa e voltavam dias depois para receber a medida protetiva. “Isso foi algo que alteramos de pronto, a mulher chega aqui e não sai mais sem fazer o pedido da medida protetiva, que são deferidas pelo juiz de direito. A partir de outubro conseguimos, com o auxílio da Guarda Municipal, com uma profissional com um perfil perfeito para atender vítimas de violência doméstica, e fazer o atendimento integral. Desta forma, desde que a mulher entra na delegacia a gente consegue o atendimento pela mesma pessoa, não precisa contar o caso mais de uma vez, fica em uma sala separada, pode ficar com o filho com tranquilidade, algo mais humanizado e diferenciado”, afirmou a delegada.

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Com esse avanço no acolhimento das vítimas, a Dra. Sâmia espera que no mês de junho deste ano seja renovado o convênio com a Prefeitura de Matinhos, já que o serviço tem feito a diferença nesses casos. “Espero ver a Polícia Civil atendendo a população de Matinhos como ela deve ser atendida”, finalizou.

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Gabriela Perecin

Jornalista graduada pela Fema (Fundação Educacional do Município de Assis/SP), desde 2010. Possui especialização em Comunicação Organizacional pela PUC-PR. Atuou com Assessoria de Comunicação no terceiro setor e em jornal impresso e on-line. Interessada em desenvolver reportagens nas áreas de educação, saúde, meio ambiente, inclusão, turismo e outros. Tem como foco o jornalismo humanizado.